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Marcos
16 capítulos
Capítulo - 1
1 - Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
2 - Conforme está escrito no profeta Isaías: "Enviarei à tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho"—
3 - "voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’ ".
4 - Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.
5 - A ele vinha toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.
6 - João vestia roupas feitas de pêlos de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre.
7 - E esta era a sua mensagem: "Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias.
8 - Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo".
9 - Naquela ocasião Jesus veio de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no Jordão.
10 - Assim que saiu da água, Jesus viu os céus se abrindo, e o Espírito descendo como pomba sobre ele.
11 - Então veio dos céus uma voz: "Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado".
12 - Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto.
13 - Ali esteve quarenta dias, sendo tentado por Satanás. Estava com os animais selvagens, e os anjos o serviam.
14 - Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galiléia, proclamando as boas novas de Deus.
15 - "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas! "
16 - Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores.
17 - E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens".
18 - No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram.
19 - Indo um pouco mais adiante, viu num barco Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, preparando as suas redes.
20 - Logo os chamou, e eles o seguiram, deixando Zebedeu, seu pai, com os empregados no barco.
21 - Eles foram para Cafarnaum e, assim que chegou o sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar.
22 - Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei.
23 - Justamente naquela hora, na sinagoga, um homem possesso de um espírito imundo gritou:
24 - "O que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus! "
25 - "Cale-se e saia dele! ", repreendeu-o Jesus.
26 - O espírito imundo sacudiu o homem violentamente e saiu dele gritando.
27 - Todos ficaram tão admirados que perguntavam uns aos outros: "O que é isto? Um novo ensino — e com autoridade! Até aos espíritos imundos ele dá ordens, e eles lhe obedecem! "
28 - As notícias a seu respeito se espalharam rapidamente por toda a região da Galiléia.
29 - Logo que saíram da sinagoga, foram com Tiago e João à casa de Simão e André.
30 - A sogra de Simão estava de cama, com febre, e falaram a respeito dela a Jesus.
31 - Então ele se aproximou dela, tomou-a pela mão e ajudou-a a levantar-se. A febre a deixou, e ela começou a servi-los.
32 - Ao anoitecer, depois do pôr-do-sol, o povo levou a Jesus todos os doentes e os endemoninhados.
33 - Toda a cidade se reuniu à porta da casa,
34 - e Jesus curou muitos que sofriam de várias doenças. Também expulsou muitos demônios; não permitia, porém, que estes falassem, porque sabiam quem ele era.
35 - De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando.
36 - Simão e seus companheiros foram procurá-lo
37 - e, ao encontrá-lo, disseram: "Todos estão te procurando! "
38 - Jesus respondeu: "Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim".
39 - Então ele percorreu toda a Galiléia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios.
40 - Um leproso aproximou-se dele e suplicou-lhe de joelhos: "Se quiseres, podes purificar-me! "
41 - Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: "Quero. Seja purificado! "
42 - Imediatamente a lepra o deixou, e ele foi purificado.
43 - Em seguida Jesus o despediu, com uma severa advertência:
44 - "Olhe, não conte isso a ninguém. Mas vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho".
45 - Ele, porém, saiu e começou a tornar público o fato, espalhando a notícia. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade, mas ficava fora, em lugares solitários. Todavia, assim mesmo vinha a ele gente de todas as partes.
Capítulo - 2
1 - Poucos dias depois, tendo Jesus entrado novamente em Cafarnaum, o povo ouviu falar que ele estava em casa.
2 - Então muita gente se reuniu ali, de forma que não havia lugar nem junto à porta; e ele lhes pregava a palavra.
3 - Vieram alguns homens, trazendo-lhe um paralítico, carregado por quatro deles.
4 - Não podendo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura do lugar onde Jesus estava e, através de uma abertura no teto, baixaram a maca em que estava deitado o paralítico.
5 - Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os seus pecados estão perdoados".
6 - Estavam sentados ali alguns mestres da lei, raciocinando em seu íntimo:
7 - "Por que esse homem fala assim? Está blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus? "
8 - Jesus percebeu logo em seu espírito que era isso que eles estavam pensando e lhes disse: "Por que vocês estão remoendo essas coisas em seus corações?
9 - Que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou: ‘Levante-se, pegue a sua maca e ande’?
10 - Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico —
11 - eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa".
12 - Ele se levantou, pegou a maca e saiu à vista de todos. Estes ficaram atônitos e glorificaram a Deus, dizendo: "Nunca vimos nada igual! "
13 - Jesus saiu outra vez para beira-mar. Uma grande multidão aproximou-se, e ele começou a ensiná-los.
14 - Passando por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: "Siga-me". Levi levantou-se e o seguiu.
15 - Durante uma refeição na casa de Levi, muitos publicanos e "pecadores" estavam comendo com Jesus e seus discípulos, pois havia muitos que o seguiam.
16 - Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo com "pecadores" e publicanos, perguntaram aos discípulos de Jesus: "Por que ele come com publicanos e ‘pecadores’? "
17 - Ouvindo isso, Jesus lhes disse: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores".
18 - Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas vieram a Jesus e lhe perguntaram: "Por que os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, mas os teus não? "
19 - Jesus respondeu: "Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto este está com eles? Não podem, enquanto o têm consigo.
20 - Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado; e nesse tempo jejuarão.
21 - "Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo.
22 - E ninguém põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o fizer, o vinho rebentará as vasilhas, e tanto o vinho quanto as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, põe-se vinho novo em vasilhas de couro novas".
23 - Certo sábado Jesus estava passando pelas lavouras de cereal. Enquanto caminhavam, seus discípulos começaram a colher espigas.
24 - Os fariseus lhe perguntaram: "Olha, por que eles estão fazendo o que não é permitido no sábado? "
25 - Ele respondeu: "Vocês nunca leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam necessitados e com fome?
26 - Nos dias de Abiatar, o sumo sacerdote, ele entrou na casa de Deus e comeu os pães da Presença, que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e os deu também aos seus companheiros".
27 - E então lhes disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.
28 - Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado".
Capítulo - 3
1 - Noutra ocasião ele entrou na sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada.
2 - Alguns deles estavam procurando um motivo para acusar Jesus; por isso o observavam atentamente, para ver se ele iria curá-lo no sábado.
3 - Jesus disse ao homem da mão atrofiada: "Levante-se e venha para o meio".
4 - Depois Jesus lhes perguntou: "O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou matar? " Mas eles permaneceram em silêncio.
5 - Irado, olhou para os que estavam à sua volta e, profundamente entristecido por causa dos seus corações endurecidos, disse ao homem: "Estenda a mão". Ele a estendeu, e ela foi restaurada.
6 - Então os fariseus saíram e começaram a conspirar com os herodianos contra Jesus, sobre como poderiam matá-lo.
7 - Jesus retirou-se com os seus discípulos para o mar, e uma grande multidão vinda da Galiléia o seguia.
8 - Quando ouviram a respeito de tudo o que ele estava fazendo, muitas pessoas procedentes da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia e das regiões do outro lado do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom foram atrás dele.
9 - Por causa da multidão, ele disse aos discípulos que lhe preparassem um pequeno barco, para evitar que o comprimissem.
10 - Pois ele havia curado a muitos, de modo que os que sofriam de doenças ficavam se empurrando para conseguir tocar nele.
11 - Sempre que os espíritos imundos o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: "Tu és o Filho de Deus".
12 - Mas ele lhes dava ordens severas para que não dissessem quem ele era.
13 - Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele.
14 - Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar
15 - e tivessem autoridade para expulsar demônios.
16 - Estes são os doze que ele escolheu: Simão, a quem deu o nome de Pedro;
17 - Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa filhos do trovão;
18 - André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote,
19 - e Judas Iscariotes, que o traiu.
20 - Então Jesus entrou numa casa, e novamente reuniu-se ali uma multidão, de modo que ele e os seus discípulos não conseguiam nem comer.
21 - Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: "Ele está fora de si".
22 - E os mestres da lei que haviam descido de Jerusalém diziam: "Ele está com Belzebu! Pelo príncipe dos demônios é que ele expulsa demônios".
23 - Então Jesus os chamou e lhes falou por parábolas: "Como pode Satanás expulsar Satanás?
24 - Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir.
25 - Se uma casa estiver dividida contra si mesma, também não poderá subsistir.
26 - E se Satanás se opuser a si mesmo e estiver dividido, não poderá subsistir; chegou o seu fim.
27 - De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali os seus bens, sem que antes o amarre. Só então poderá roubar a casa dele.
28 - Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados,
29 - mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno".
30 - Jesus falou isso porque eles estavam dizendo: "Ele está com um espírito imundo".
31 - Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo.
32 - Havia muita gente assentada ao seu redor; e lhe disseram: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram".
33 - "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? ", perguntou ele.
34 - Então olhou para os que estavam assentados ao seu redor e disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos!
35 - Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
Capítulo - 4
1 - Novamente Jesus começou a ensinar à beira-mar. Reuniu-se ao seu redor uma multidão tão grande que ele teve que entrar num barco e assentar-se nele. O barco estava no mar, enquanto todo o povo ficava na beira da praia.
2 - Ele lhes ensinava muitas coisas por parábolas, dizendo em seu ensino:
3 - "Ouçam! O semeador saiu a semear.
4 - Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram.
5 - Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda.
6 - Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz.
7 - Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas, de forma que ela não deu fruto.
8 - Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por um".
9 - A seguir Jesus acrescentou: "Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça! "
10 - Quando ele ficou sozinho, os Doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas.
11 - Ele lhes disse: "A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas,
12 - a fim de que, ‘ainda que vejam, não percebam, ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados! ’"
13 - Então Jesus lhes perguntou: "Vocês não entendem esta parábola? Como, então, compreenderão todas as outras parábolas?
14 - O semeador semeia a palavra.
15 - Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a palavra é semeada. Logo que a ouvem, Satanás vem e retira a palavra nelas semeada.
16 - Outras, como a semente lançada em terreno pedregoso, ouvem a palavra e logo a recebem com alegria.
17 - Todavia, visto que não têm raiz em si mesmas, permanecem por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandonam.
18 - Outras ainda, como a semente lançada entre espinhos, ouvem a palavra;
19 - mas quando chegam as preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios por outras coisas, sufocam a palavra, tornando-a infrutífera.
20 - Outras pessoas são como a semente lançada em boa terra: ouvem a palavra, aceitam-na e dão uma colheita de trinta, sessenta e até cem por um".
21 - Ele lhes disse: "Quem traz uma candeia para ser colocada debaixo de uma vasilha ou de uma cama? Acaso não a coloca num lugar apropriado?
22 - Porque não há nada oculto, senão para ser revelado, e nada escondido senão para ser trazido à luz.
23 - Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!
24 - "Considerem atentamente o que vocês estão ouvindo", continuou ele. "Com a medida com que medirem, vocês serão medidos; e ainda mais lhes acrescentarão.
25 - A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que tem lhe será tirado".
26 - Ele prosseguiu dizendo: "O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra.
27 - Noite e dia, quer ele durma quer se levante, a semente germina e cresce, embora ele não saiba como.
28 - A terra por si própria produz o grão: primeiro o talo, depois a espiga e, então, o grão cheio na espiga.
29 - Logo que o grão fica maduro, o homem lhe passa a foice, porque chegou a colheita".
30 - Novamente ele disse: "Com que compararemos o Reino de Deus? Que parábola usaremos para descrevê-lo?
31 - É como um grão de mostarda, que, quando plantada, é a menor semente de todas.
32 - No entanto, plantada, ela cresce e se torna a maior de todas as hortaliças, com ramos tão grandes que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra".
33 - Com muitas parábolas semelhantes Jesus lhes anunciava a palavra, tanto quanto podiam receber.
34 - Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo.
35 - Naquele dia, ao anoitecer, disse ele aos seus discípulos: "Vamos atravessar para o outro lado".
36 - Deixando a multidão, eles o levaram no barco, assim como estava. Outros barcos também o acompanhavam.
37 - Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água.
38 - Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: "Mestre, não te importas que morramos? "
39 - Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: "Aquiete-se! Acalme-se! " O vento se aquietou, e fez-se completa bonança.
40 - Então perguntou aos seus discípulos: "Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé? "
41 - Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: "Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? "
Capítulo - 5
1 - Eles atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenos.
2 - Quando Jesus desembarcou, um homem com um espírito imundo veio dos sepulcros ao seu encontro.
3 - Esse homem vivia nos sepulcros, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com correntes;
4 - pois muitas vezes lhe haviam sido acorrentados pés e mãos, mas ele arrebentara as correntes e quebrara os ferros de seus pés. Ninguém era suficientemente forte para dominá-lo.
5 - Noite e dia ele andava gritando e cortando-se com pedras entre os sepulcros e nas colinas.
6 - Quando ele viu Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele,
7 - e gritou em alta voz: "Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes! "
8 - Pois Jesus lhe tinha dito: "Saia deste homem, espírito imundo! "
9 - Então Jesus lhe perguntou: "Qual é o seu nome? " "Meu nome é Legião", respondeu ele, "porque somos muitos".
10 - E implorava a Jesus, com insistência, que não os mandasse sair daquela região.
11 - Uma grande manada de porcos estava pastando numa colina próxima.
12 - Os demônios imploraram a Jesus: "Manda-nos para os porcos, para que entremos neles".
13 - Ele lhes deu permissão, e os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos. A manada de cerca de dois mil porcos atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogou.
14 - Os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos, e o povo foi ver o que havia acontecido.
15 - Quando se aproximaram de Jesus, viram ali o homem que fora possesso da legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo.
16 - Os que o tinham visto contaram ao povo o que acontecera ao endemoninhado, e falaram também sobre os porcos.
17 - Então o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles.
18 - Quando Jesus estava entrando no barco, o homem que estivera endemoninhado suplicava-lhe que o deixasse ir com ele.
19 - Jesus não o permitiu, mas disse: "Vá para casa, para a sua família e anuncie-lhes quanto o Senhor fez por você e como teve misericórdia de você".
20 - Então, aquele homem se foi e começou a anunciar em Decápolis quanto Jesus tinha feito por ele. Todos ficavam admirados.
21 - Tendo Jesus voltado de barco para a outra margem, uma grande multidão se reuniu ao seu redor, enquanto ele estava à beira do mar.
22 - Então chegou ali um dos dirigentes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, prostrou-se aos seus pés
23 - e lhe implorou insistentemente: "Minha filhinha está morrendo! Vem, por favor, e impõe as mãos sobre ela, para que seja curada e viva".
24 - Jesus foi com ele. Uma grande multidão o seguia e o comprimia.
25 - E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia.
26 - Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos e gastara tudo o que tinha, mas, em vez de melhorar, piorava.
27 - Quando ouviu falar de Jesus, chegou-se por trás dele, no meio da multidão, e tocou em seu manto,
28 - porque pensava: "Se eu tão-somente tocar em seu manto, ficarei curada".
29 - Imediatamente cessou sua hemorragia e ela sentiu em seu corpo que estava livre do seu sofrimento.
30 - No mesmo instante, Jesus percebeu que dele havia saído poder, virou-se para a multidão e perguntou: "Quem tocou em meu manto? "
31 - Responderam os seus discípulos: "Vês a multidão aglomerada ao teu redor e ainda perguntas: ‘Quem tocou em mim? ’ "
32 - Mas Jesus continuou olhando ao seu redor para ver quem tinha feito aquilo.
33 - Então a mulher, sabendo o que lhe tinha acontecido, aproximou-se, prostrou-se aos seus pés e, tremendo de medo, contou-lhe toda a verdade.
34 - Então ele lhe disse: "Filha, a sua fé a curou! Vá em paz e fique livre do seu sofrimento".
35 - Enquanto Jesus ainda estava falando, chegaram algumas pessoas da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga. "Sua filha morreu", disseram eles. "Não precisa mais incomodar o mestre! "
36 - Não fazendo caso do que eles disseram, Jesus disse ao dirigente da sinagoga: "Não tenha medo; tão-somente creia".
37 - E não deixou ninguém segui-lo, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
38 - Quando chegaram à casa do dirigente da sinagoga, Jesus viu um alvoroço, com gente chorando e se lamentando em alta voz.
39 - Então entrou e lhes disse: "Por que todo este alvoroço e lamento? A criança não está morta, mas dorme".
40 - Mas todos começaram a rir de Jesus. Ele, porém, ordenou que eles saíssem, tomou consigo o pai e a mãe da criança e os discípulos que estavam com ele, e entrou onde se encontrava a criança.
41 - Tomou-a pela mão e lhe disse: "Talita cumi! ", que significa: "Menina, eu lhe ordeno, levante-se! ".
42 - Imediatamente a menina, que tinha doze anos de idade, levantou-se e começou a andar. Isso os deixou atônitos.
43 - Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguém e mandou que dessem a ela alguma coisa para comer.
Capítulo - 6
1 - Jesus saiu dali e foi para a sua cidade, acompanhado dos seus discípulos.
2 - Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam ficavam admirados. "De onde lhe vêm estas coisas? ", perguntavam eles. "Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E estes milagres que ele faz?
3 - Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs? " E ficavam escandalizados por causa dele.
4 - Jesus lhes disse: "Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra".
5 - E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los.
6 - E ficou admirado com a incredulidade deles. Então Jesus passou a percorrer os povoados, ensinando.
7 - Chamando os Doze para junto de si, enviou-os de dois em dois e deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos.
8 - Estas foram as suas instruções: "Não levem nada pelo caminho, a não ser um bordão. Não levem pão, nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos;
9 - calcem sandálias, mas não levem túnica extra;
10 - sempre que entrarem numa casa, fiquem ali até partirem;
11 - e, se algum povoado não os receber nem os ouvir, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem de lá, como testemunho contra eles".
12 - Eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse.
13 - Expulsavam muitos demônios, ungiam muitos doentes com óleo e os curavam.
14 - O rei Herodes ouviu falar dessas coisas, pois o nome de Jesus havia se tornado bem conhecido. Algumas pessoas estavam dizendo: "João Batista ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando nele poderes miraculosos".
15 - Outros diziam: "Ele é Elias". E ainda outros afirmavam: "Ele é um profeta, como um dos antigos profetas".
16 - Mas quando Herodes ouviu essas coisas, disse: "João, o homem a quem decapitei, ressuscitou dos mortos! "
17 - Pois o próprio Herodes tinha dado ordens para que prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual se casara.
18 - Porquanto João dizia a Herodes: "Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão".
19 - Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo. Mas não podia fazê-lo,
20 - porque Herodes temia a João e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo; e quando o ouvia, ficava perplexo. Mesmo assim gostava de ouvi-lo.
21 - Finalmente chegou uma ocasião oportuna. No seu aniversário, Herodes ofereceu um banquete aos seus líderes mais importantes, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia.
22 - Quando a filha de Herodias entrou e dançou, agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: "Peça-me qualquer coisa que você quiser, e eu lhe darei".
23 - E prometeu-lhe sob juramento: "Seja o que for que me pedir, eu lhe darei, até a metade do meu reino".
24 - Ela saiu e disse à sua mãe: "Que pedirei? " "A cabeça de João Batista", respondeu ela.
25 - Imediatamente a jovem apressou-se em apresentar-se ao rei com o pedido: "Desejo que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista num prato".
26 - O rei ficou muito aflito, mas por causa do seu juramento e dos convidados, não quis negar o pedido à jovem.
27 - Assim enviou imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O homem foi, decapitou João na prisão
28 - e trouxe sua cabeça num prato. Ele a entregou à jovem, e esta a deu à sua mãe.
29 - Tendo ouvido isso, os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o colocaram num túmulo.
30 - Os apóstolos reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado.
31 - Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse: "Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco".
32 - Assim, eles se afastaram num barco para um lugar deserto.
33 - Mas muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, correram a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles.
34 - Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas coisas.
35 - Já era tarde e, por isso, os seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Este é um lugar deserto, e já é tarde.
36 - Manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar algo para comer".
37 - Ele, porém, respondeu: "Dêem-lhes vocês algo para comer". Eles lhe disseram: "Isto exigiria duzentos denários! Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer? "
38 - Perguntou ele: "Quantos pães vocês têm? Verifiquem". Quando ficaram sabendo, disseram: "Cinco pães e dois peixes".
39 - Então Jesus ordenou que fizessem todo o povo assentar-se em grupos na grama verde.
40 - Assim, eles se assentaram em grupos de cem e de cinqüenta.
41 - Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, entregou-os aos seus discípulos para que os servissem ao povo. E também dividiu os dois peixes entre todos eles.
42 - Todos comeram e ficaram satisfeitos,
43 - e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe.
44 - Os que comeram foram cinco mil homens.
45 - Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
46 - Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar.
47 - Ao anoitecer, o barco estava no meio do mar, e Jesus se achava sozinho em terra.
48 - Ele viu os discípulos remando com dificuldade, porque o vento soprava contra eles. Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar; e estava já a ponto de passar por eles.
49 - Quando o viram andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma. Então gritaram,
50 - pois todos o tinham visto e ficam aterrorizados. Mas Jesus imediatamente lhes disse: "Coragem! Sou eu! Não tenham medo! "
51 - Então subiu no barco para junto deles, e o vento se acalmou; e eles ficaram atônitos,
52 - pois não tinham entendido o milagre dos pães. Seus corações estavam endurecidos.
53 - Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré e ali amarraram o barco.
54 - Logo que desembarcaram, o povo reconheceu Jesus.
55 - Eles percorriam toda aquela região e levavam os doentes em macas, para onde ouviam que ele estava.
56 - E aonde quer que ele fosse, povoados, cidades ou campos, levavam os doentes para as praças. Suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados.
Capítulo - 7
1 - Os fariseus e alguns dos mestres da lei, vindos de Jerusalém, reuniram-se a Jesus e
2 - viram alguns dos seus discípulos comerem com as mãos "impuras", isto é, por lavar.
3 - ( Os fariseus e todos os judeus não comem sem lavar as mãos cerimonialmente, apegando-se, assim, à tradição dos líderes religiosos.
4 - Quando chegam da rua, não comem sem antes se lavarem. E observam muitas outras tradições, tais como o lavar de copos, jarros e vasilhas de metal. )
5 - Então os fariseus e os mestres da lei perguntaram a Jesus: "Por que os seus discípulos não vivem de acordo com a tradição dos líderes religiosos, em vez de comerem o alimento com as mãos ‘impuras’? "
6 - Ele respondeu: "Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
7 - Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’.
8 - Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens".
9 - E disse-lhes: "Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!
10 - Pois Moisés disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’, e ‘quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado’.
11 - Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é Corbã’, isto é, uma oferta dedicada a Deus,
12 - vocês o desobrigam de qualquer dever para com seu pai ou sua mãe.
13 - Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa".
14 - Jesus chamou novamente a multidão para junto de si e disse: "Ouçam-me todos e entendam isto:
15 - não há nada fora do homem que, nele entrando, possa torná-lo ‘impuro’. Pelo contrário, o que sai do homem é que o torna ‘impuro’.
16 - Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça! "
17 - Depois de deixar a multidão e entrar em casa, os discípulos lhe pediram explicação da parábola.
18 - "Será que vocês também não conseguem entender? ", perguntou-lhes Jesus. "Não percebem que nada que entre no homem pode torná-lo ‘impuro’?
19 - Porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, sendo depois eliminado". Ao dizer isto, Jesus declarou "puros" todos os alimentos.
20 - E continuou: "O que sai do homem é que o torna ‘impuro’.
21 - Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios,
22 - as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez.
23 - Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem ‘impuro’ ".
24 - Jesus saiu daquele lugar e foi para os arredores de Tiro e de Sidom. Entrou numa casa e não queria que ninguém o soubesse; contudo, não conseguiu manter em segredo a sua presença.
25 - De fato, logo que ouviu falar dele, certa mulher, cuja filha estava com um espírito imundo, veio e lançou-se aos seus pés.
26 - A mulher era grega, siro-fenícia de origem, e rogava a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio.
27 - Ele lhe disse: "Deixe que primeiro os filhos comam até se fartar; pois não é correto tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos".
28 - Ela respondeu: "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças".
29 - Então ele lhe disse: "Por causa desta resposta, você pode ir; o demônio já saiu da sua filha".
30 - Ela foi para casa e encontrou sua filha deitada na cama, e o demônio já a tinha deixado.
31 - A seguir Jesus saiu dos arredores de Tiro e atravessou Sidom, até o mar da Galiléia e a região de Decápolis.
32 - Ali algumas pessoas lhe trouxeram um homem que era surdo e mal podia falar, suplicando que lhe impusesse as mãos.
33 - Depois de levá-lo à parte, longe da multidão, Jesus colocou os dedos nos ouvidos dele. Em seguida, cuspiu e tocou na língua do homem.
34 - Então voltou os olhos para os céus e, com um profundo suspiro, disse-lhe: "Efatá! ", que significa: Abra-se.
35 - Com isso, os ouvidos do homem se abriram, sua língua ficou livre e ele começou a falar corretamente.
36 - Jesus ordenou-lhes que não o contassem a ninguém. Contudo, quanto mais ele os proibia, mais eles falavam.
37 - O povo ficava simplesmente maravilhado e dizia: "Ele faz tudo muito bem. Faz até o surdo ouvir e o mudo falar".
Capítulo - 8
1 - Naqueles dias, outra vez reuniu-se uma grande multidão. Visto que não tinham nada para comer, Jesus chamou os seus discípulos e disse-lhes:
2 - "Tenho compaixão desta multidão; já faz três dias que eles estão comigo e nada têm para comer.
3 - Se eu os mandar para casa com fome, vão desfalecer no caminho, porque alguns deles vieram de longe".
4 - Os seus discípulos responderam: "Onde, neste lugar deserto, poderia alguém conseguir pão suficiente para alimentá-los? "
6 - Ele ordenou à multidão que se assentasse no chão. Depois de tomar os sete pães e dar graças, partiu-os e os entregou aos seus discípulos, para que os servissem à multidão; e eles o fizeram.
7 - Tinham também alguns peixes pequenos; ele deu graças igualmente por eles e disse aos discípulos que os distribuíssem.
8 - O povo comeu até se fartar. E ajuntaram sete cestos cheios de pedaços que sobraram.
9 - Cerca de quatro mil homens estavam presentes. E, tendo-os despedido,
10 - entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta.
11 - Os fariseus vieram e começaram a interrogar Jesus. Para pô-lo à prova, pediram-lhe um sinal do céu.
12 - Ele suspirou profundamente e disse: "Por que esta geração pede um sinal miraculoso? Eu lhes afirmo que nenhum sinal lhe será dado".
13 - Então se afastou deles, voltou para o barco e atravessou para o outro lado.
14 - Os discípulos haviam se esquecido de levar pão, a não ser um pão que tinham consigo no barco.
15 - Advertiu-os Jesus: "Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes".
16 - E eles discutiam entre si, dizendo: "É porque não temos pão".
17 - Percebendo a discussão, Jesus lhes perguntou: "Por que vocês estão discutindo sobre não terem pão? Ainda não compreendem nem percebem? Seus corações estão endurecidos?
18 - Vocês têm olhos, mas não vêem? Têm ouvidos, mas não ouvem? Não se lembram?
19 - Quando eu parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram? " "Doze", responderam eles.
20 - "E quando eu parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram? " "Sete", responderam eles.
21 - Ele lhes disse: "Vocês ainda não entendem? "
22 - Eles foram para Betsaida, e algumas pessoas trouxeram um cego a Jesus, suplicando-lhe que tocasse nele.
23 - Ele tomou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Depois de cuspir nos olhos do homem e impor-lhe as mãos, Jesus perguntou: "Você está vendo alguma coisa? "
24 - Ele levantou os olhos e disse: "Vejo pessoas; elas parecem árvores andando".
25 - Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Então seus olhos foram abertos, e sua vista lhe foi restaurada, e ele via tudo claramente.
26 - Jesus mandou-o para casa, dizendo: "Não entre no povoado! "
27 - Jesus e os seus discípulos dirigiram-se para os povoados nas proximidades de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele lhes perguntou: "Quem o povo diz que eu sou? "
28 - Eles responderam: "Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, um dos profetas".
29 - "E vocês? ", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou? " Pedro respondeu: "Tu és o Cristo".
30 - Jesus os advertiu que não falassem a ninguém a seu respeito.
31 - Então ele começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, fosse morto e três dias depois ressuscitasse.
32 - Ele falou claramente a esse respeito. Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33 - Jesus, porém, voltou-se, olhou para os seus discípulos e repreendeu Pedro, dizendo: "Para trás de mim, Satanás! Você não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens".
34 - Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
35 - Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará.
36 - Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
37 - Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma?
38 - Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos".
Capítulo - 9
1 - E lhes disse: "Garanto-lhes que alguns dos que aqui estão de modo nenhum experimentarão a morte, antes de verem o Reino de Deus vindo com poder".
2 - Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou a um alto monte, onde ficaram a sós. Ali ele foi transfigurado diante deles.
3 - Suas roupas se tornaram brancas, de um branco resplandecente, como nenhum lavandeiro no mundo seria capaz de branqueá-las.
4 - E apareceram diante deles Elias e Moisés, os quais conversavam com Jesus.
5 - Então Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias".
6 - Ele não sabia o que dizer, pois estavam apavorados.
7 - A seguir apareceu uma nuvem e os envolveu, e dela saiu uma voz, que disse: "Este é o meu Filho amado. Ouçam-no! "
8 - Repentinamente, quando olharam ao redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus.
9 - Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos.
10 - Eles guardaram o assunto apenas entre si, discutindo o que significaria "ressuscitar dos mortos".
11 - E lhe perguntaram: "Por que os mestres da lei dizem que é necessário que Elias venha primeiro? "
12 - Jesus respondeu: "De fato, Elias vem primeiro e restaura todas as coisas. Então, por que está escrito que é necessário que o Filho do homem sofra muito e seja rejeitado com desprezo?
13 - Mas eu lhes digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como está escrito a seu respeito".
14 - Quando chegaram onde estavam os outros discípulos, viram uma grande multidão ao redor deles e os mestres da lei discutindo com eles.
15 - Logo que todo o povo viu Jesus, ficou muito surpreso e correu para saudá-lo.
16 - Perguntou Jesus: "O que vocês estão discutindo? "
17 - Um homem, no meio da multidão, respondeu: "Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o impede de falar.
18 - Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o espírito, mas eles não conseguiram".
19 - Respondeu Jesus: "Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino".
20 - Então, eles o trouxeram. Quando o espírito viu Jesus, imediatamente causou uma convulsão no menino. Este caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca.
21 - Jesus perguntou ao pai do menino: "Há quanto tempo ele está assim? " "Desde a infância", respondeu ele.
22 - "Muitas vezes o tem lançado no fogo e na água para matá-lo. Mas, se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. "
23 - "Se podes? ", disse Jesus. "Tudo é possível àquele que crê. "
24 - Imediatamente o pai do menino exclamou: "Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade! "
25 - Quando Jesus viu que uma multidão estava se ajuntando, repreendeu o espírito imundo, dizendo: "Espírito mudo e surdo, eu ordeno que o deixe e nunca mais entre nele".
26 - O espírito gritou, agitou-o violentamente e saiu. O menino ficou como morto, a ponto de muitos dizerem: "Ele morreu".
27 - Mas Jesus tomou-o pela mão e o levantou, e ele ficou em pé.
28 - Depois de Jesus ter entrado em casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular: "Por que não conseguimos expulsá-lo? "
29 - Ele respondeu: "Essa espécie só sai pela oração e pelo jejum".
30 - Eles saíram daquele lugar e atravessaram a Galiléia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde eles estavam,
31 - porque estava ensinando os seus discípulos. E lhes dizia: "O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e três dias depois ele ressuscitará".
32 - Mas eles não entendiam o que ele queria dizer e tinham receio de perguntar-lhe.
33 - E chegaram a Cafarnaum. Quando ele estava em casa, perguntou-lhes: "O que vocês estavam discutindo no caminho? "
34 - Mas eles guardaram silêncio, porque no caminho haviam discutido sobre quem era o maior.
35 - Assentando-se, Jesus chamou os Doze e disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos".
36 - E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles. Pegando-a nos braços, disse-lhes:
37 - "Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou".
38 - "Mestre", disse João, "vimos um homem expulsando demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos. "
39 - "Não o impeçam", disse Jesus. "Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida,
40 - pois quem não é contra nós está a nosso favor.
41 - Eu lhes digo a verdade: Quem lhes der um copo de água em meu nome, por vocês pertencerem a Cristo, de modo nenhum perderá a sua recompensa. "
42 - "Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma grande pedra amarrada no pescoço.
43 - Se a sua mão o fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida mutilado do que, tendo as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga,
44 - onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
45 - E se o seu pé o fizer tropeçar, corte-o. É melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno.
46 - onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
47 - E se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o. É melhor entrar no Reino de Deus com um só olho do que, tendo os dois olhos, ser lançado no inferno,
48 - onde ‘o seu verme não morre, e o fogo não se apaga’.
49 - Cada um será salgado com fogo.
50 - "O sal é bom, mas se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros".
Capítulo - 10
1 - Então Jesus saiu dali e foi para a região da Judéia e para o outro lado do Jordão. Novamente uma multidão veio a ele e, segundo o seu costume, ele a ensinava.
2 - Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova, perguntando: "É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher? "
3 - "O que Moisés lhes ordenou? ", perguntou ele.
4 - Eles disseram: "Moisés permitiu que o homem desse uma certidão de divórcio e a mandasse embora".
5 - Respondeu Jesus: "Moisés escreveu essa lei por causa da dureza de coração de vocês.
6 - Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’.
7 - ‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher,
8 - e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne.
9 - Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe".
10 - Quando estava em casa novamente, os discípulos interrogaram Jesus sobre o mesmo assunto.
11 - Ele respondeu: "Todo aquele que se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério contra ela.
12 - E se ela se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará cometendo adultério".
13 - Alguns traziam crianças a Jesus para que ele tocasse nelas, mas os discípulos os repreendiam.
14 - Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse: "Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.
15 - Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele".
16 - Em seguida, tomou as crianças nos braços, impôs-lhes as mãos e as abençoou.
17 - Quando Jesus ia saindo, um homem correu em sua direção, pôs-se de joelhos diante dele e lhe perguntou: "Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? "
18 - Respondeu-lhe Jesus: "Por que você me chama bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus.
19 - Você conhece os mandamentos: ‘não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não enganarás ninguém, honra teu pai e tua mãe’".
20 - E ele declarou: "Mestre, a tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência".
21 - Jesus olhou para ele e o amou. "Falta-lhe uma coisa", disse ele. "Vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me".
22 - Diante disso ele ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas.
23 - Jesus olhou ao redor e disse aos seus discípulos: "Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus! "
24 - Os discípulos ficaram admirados com essas palavras. Mas Jesus repetiu: "Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus!
25 - É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus".
26 - Os discípulos ficaram perplexos, e perguntavam uns aos outros: "Neste caso, quem pode ser salvo? "
27 - Jesus olhou para eles e respondeu: "Para o homem é impossível, mas para Deus não; todas as coisas são possíveis para Deus".
28 - Então Pedro começou a dizer-lhe: "Nós deixamos tudo para seguir-te".
29 - Respondeu Jesus: "Digo-lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causa de mim e do evangelho,
30 - deixará de receber cem vezes mais já no tempo presente casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna.
31 - Contudo, muitos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros".
32 - Eles estavam subindo para Jerusalém, e Jesus ia à frente. Os discípulos estavam admirados, enquanto os que o seguiam estavam com medo. Novamente ele chamou à parte os Doze e lhes disse o que haveria de lhe acontecer:
33 - "Estamos subindo para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios,
34 - que zombarão dele, cuspirão nele, o açoitarão e o matarão. Três dias depois ele ressuscitará".
35 - Nisso Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: "Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir".
36 - "O que vocês querem que eu lhes faça? ", perguntou ele.
37 - Eles responderam: "Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda".
38 - Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado? "
39 - "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Vocês beberão o cálice que estou bebendo e serão batizados com o batismo com que estou sendo batizado;
40 - mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados".
41 - Quando os outros dez ouviram essas coisas, ficaram indignados com Tiago e João.
42 - Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas.
43 - Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo;
44 - e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos.
45 - Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".
46 - Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grande multidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas.
47 - Quando ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! "
48 - Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: "Filho de Davi, tem misericórdia de mim! "
49 - Jesus parou e disse: "Chamem-no". E chamaram o cego: "Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando".
50 - Lançando sua capa para o lado, de um salto, pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus.
51 - "O que você quer que eu lhe faça? ", perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu: "Mestre, eu quero ver! "
52 - "Vá", disse Jesus, "a sua fé o curou". Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho.
Capítulo - 11
1 - Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos,
2 - dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo que entrarem, encontrarão um jumentinho amarrado, no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no aqui.
3 - Se alguém lhes perguntar: ‘Por que vocês estão fazendo isso? ’ digam-lhe: ‘O Senhor precisa dele e logo o devolverá’ ".
4 - Eles foram e encontraram um jumentinho, na rua, amarrado a um portão. Enquanto o desamarravam,
5 - alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: "O que vocês estão fazendo, desamarrando esse jumentinho? "
6 - Os discípulos responderam como Jesus lhes tinha dito, e eles os deixaram ir.
7 - Trouxeram o jumentinho a Jesus, puseram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou.
8 - Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam cortado nos campos.
9 - Os que iam adiante dele e os que o seguiam gritavam: "Hosana! " "Bendito é o que vem em nome do Senhor! "
10 - "Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi! " "Hosana nas alturas! "
11 - Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-se ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, foi para Betânia com os Doze.
12 - No dia seguinte, quando estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome.
13 - Vendo à distância uma figueira com folhas, foi ver se encontraria nela algum fruto. Aproximando-se dela, nada encontrou, a não ser folhas, porque não era tempo de figos.
14 - Então lhe disse: "Ninguém mais coma de seu fruto". E os seus discípulos ouviram-no dizer isso.
15 - Chegando a Jerusalém, Jesus entrou no templo e ali começou a expulsar os que estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas
16 - e não permitia que ninguém carregasse mercadorias pelo templo.
17 - E os ensinava, dizendo: "Não está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? Mas vocês fizeram dela um covil de ladrões".
18 - Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei ouviram essas palavras e começaram a procurar uma forma de matá-lo, pois o temiam, visto que toda a multidão estava maravilhada com o seu ensino.
19 - Ao cair da tarde, eles saíram da cidade.
20 - De manhã, ao passarem, viram a figueira seca desde as raízes.
21 - Lembrando-se Pedro, disse a Jesus: "Mestre! Vê! A figueira que amaldiçoaste secou! "
22 - Respondeu Jesus: "Tenham fé em Deus.
23 - Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito.
24 - Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá.
25 - E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados".
26 - Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está no céu não perdoará os seus pecados.
27 - Chegaram novamente a Jerusalém e, quando Jesus estava passando pelo templo, aproximaram-se dele os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos e perguntaram.
28 - "Com que autoridade estás fazendo estas coisas? Quem te deu autoridade para fazê-las? "
29 - Respondeu Jesus: "Eu lhes farei uma pergunta. Respondam-me, e eu lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas.
30 - O batismo de João era do céu ou dos homens? Digam-me! "
31 - Eles discutiam entre si, dizendo: "Se dissermos: ‘do céu’, ele perguntará: ‘Então por que vocês não creram nele? ’
32 - Mas se dissermos: ‘dos homens’... " Eles temiam o povo, pois todos realmente consideravam João um profeta.
33 - Eles responderam a Jesus: "Não sabemos". Disse então Jesus: "Tampouco lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas".
Capítulo - 12
1 - Então Jesus começou a lhes falar por parábolas: "Certo homem plantou uma vinha, colocou uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para prensar as uvas e construiu uma torre. Depois arrendou a vinha a alguns lavradores e foi fazer uma viagem.
2 - Na época da colheita, enviou um servo aos lavradores, para receber deles parte do fruto da vinha.
3 - Mas eles o agarraram e espancaram, e o mandaram embora de mãos vazias.
4 - Então enviou-lhes outro servo; e lhe bateram na cabeça e o humilharam.
5 - E enviou ainda outro, o qual mataram. Enviou muitos outros; em alguns bateram, a outros mataram.
6 - "Faltava-lhe ainda um para enviar: seu filho amado. Por fim o enviou, dizendo: ‘A meu filho respeitarão’.
7 - "Mas os lavradores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e a herança será nossa’.
8 - Assim eles o agarraram, e o mataram, e o lançaram para fora da vinha.
9 - "O que fará então o dono da vinha? Virá e matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros.
10 - Vocês nunca leram esta passagem das Escrituras? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular;
11 - isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós’ ".
12 - Então começaram a procurar um meio de prendê-lo, pois perceberam que era contra eles que ele havia contado aquela parábola. Mas tinham medo da multidão; por isso o deixaram e foram embora.
13 - Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para o apanharem em alguma coisa que ele dissesse.
14 - Estes se aproximaram dele e disseram: "Mestre, sabemos que és íntegro e que não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens, mas ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. É certo pagar imposto a César ou não?
15 - Devemos pagar ou não? " Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, perguntou: "Por que vocês estão me pondo à prova? Tragam-me um denário para que eu o veja".
16 - Eles lhe trouxeram a moeda, e ele lhes perguntou: "De quem é esta imagem e esta inscrição? " "De César", responderam eles.
17 - Então Jesus lhes disse: "Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". E ficaram admirados com ele.
18 - Depois os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele com a seguinte questão:
19 - "Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se o irmão de um homem morrer e deixar mulher sem filhos, este deverá casar-se com a viúva e ter filhos para seu irmão.
20 - Havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar filhos.
21 - O segundo casou-se com a viúva, mas também morreu sem deixar filhos. O mesmo aconteceu com o terceiro.
22 - Nenhum dos sete deixou filhos. Finalmente, morreu também a mulher.
23 - Na ressurreição, de quem ela será esposa, visto que os sete foram casados com ela? "
24 - Jesus respondeu: "Vocês estão enganados! Pois não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!
25 - Quando os mortos ressuscitam, não se casam nem são dados em casamento, mas são como os anjos nos céus.
26 - Quanto à ressurreição dos mortos, vocês não leram no livro de Moisés, no relato da sarça, como Deus lhe disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’?
27 - Ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Vocês estão muito enganados! "
28 - Um dos mestres da lei aproximou-se e os ouviu discutindo. Notando que Jesus lhes dera uma boa resposta, perguntou-lhe: "De todos os mandamentos, qual é o mais importante? "
29 - Respondeu Jesus: "O mais importante é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor.
30 - Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’.
31 - O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes".
32 - "Muito bem, mestre", disse o homem. "Estás certo ao dizeres que Deus é único e que não existe outro além dele.
33 - Amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar ao próximo como a si mesmo é mais importante do que todos os sacrifícios e ofertas".
34 - Vendo que ele tinha respondido sabiamente, Jesus lhe disse: "Você não está longe do Reino de Deus". Daí por diante ninguém mais ousava lhe fazer perguntas.
35 - Ensinando no templo, Jesus perguntou: "Como os mestres da lei dizem que o Cristo é filho de Davi?
36 - O próprio Davi, falando pelo Espírito Santo, disse: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés’.
37 - O próprio Davi o chama ‘Senhor’. Como pode, então, ser ele seu filho? " E a grande multidão o ouvia com prazer.
38 - Ao ensinar, Jesus dizia: "Cuidado com os mestres da lei. Eles fazem questão de andar com roupas especiais, de receber saudações nas praças
39 - e de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes.
40 - Eles devoram as casas das viúvas, e, para disfarçar, fazem longas orações. Esses receberão condenação mais severa! "
41 - Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias.
42 - Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor.
43 - Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: "Afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros.
44 - Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver".
Capítulo - 13
1 - Quando ele estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse: "Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas! "
2 - "Você está vendo todas estas grandes construções? ", perguntou Jesus. "Aqui não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas".
3 - Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, de frente para o templo, Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular:
4 - "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que tudo isso está prestes a cumprir-se? "
5 - Jesus lhes disse: "Cuidado, que ninguém os engane.
6 - Muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu! ’ e enganarão a muitos.
7 - Quando ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim.
8 - Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Essas coisas são o início das dores.
9 - "Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles.
10 - E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações.
11 - Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão-somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo.
12 - "O irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e o mesmo fará o pai a seu filho. Filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão.
13 - Todos odiarão vocês por minha causa; mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
14 - "Quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’ no lugar onde não deve estar — quem lê, entenda — então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes.
15 - Quem estiver no telhado de sua casa não desça nem entre em casa para tirar dela coisa alguma.
16 - Quem estiver no campo não volte para pegar seu manto.
17 - Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando!
18 - Orem para que essas coisas não aconteçam no inverno.
19 - Porque aqueles serão dias de tribulação como nunca houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem jamais haverá.
20 - Se o Senhor não tivesse abreviado tais dias, ninguém sobreviveria. Mas, por causa dos eleitos por ele escolhidos, ele os abreviou.
21 - Se, então, alguém lhes disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo! ’ ou: ‘Vejam, ali está ele! ’, não acreditem.
22 - Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos.
23 - Por isso, fiquem atentos: avisei-os de tudo antecipadamente.
24 - "Mas naqueles dias, após aquela tribulação, ‘o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz;
25 - as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados’.
26 - "Então se verá o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória.
27 - E ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, dos confins da terra até os confins do céu.
28 - "Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo.
29 - Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que ele está próximo, às portas.
30 - Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam.
31 - O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão".
32 - "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.
33 - Fiquem atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá esse tempo.
34 - É como um homem que sai de viagem. Ele deixa sua casa, encarrega de tarefas cada um dos seus servos e ordena ao porteiro que vigie.
35 - Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer.
36 - Se ele vier de repente, que não os encontre dormindo!
37 - O que lhes digo, digo a todos: Vigiem! "
Capítulo - 14
1 - Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de flagrar Jesus em algum erro e matá-lo.
2 - Mas diziam: "Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo".
3 - Estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de um homem conhecido como Simão, o leproso, aproximou-se dele certa mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.
4 - Alguns dos presentes começaram a dizer uns aos outros, indignados: "Por que este desperdício de perfume?
5 - Ele poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro dado aos pobres". E a repreendiam severamente.
6 - "Deixem-na em paz", disse Jesus. "Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo.
7 - Pois os pobres vocês sempre terão consigo, e poderão ajudá-los sempre que o desejarem. Mas a mim vocês nem sempre terão.
8 - Ela fez o que pôde. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-o para o sepultamento.
9 - Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória".
10 - Então Judas Iscariotes, um dos Doze, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes a fim de lhes entregar Jesus.
11 - A proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro. Assim, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo.
12 - No primeiro dia da festa dos pães sem fermento, quando se costumava sacrificar o cordeiro pascal, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: "Aonde queres que vamos e te preparemos a refeição da Páscoa? "
13 - Então ele enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: "Entrem na cidade, e um homem carregando um pote de água virá ao encontro de vocês. Sigam-no
14 - e digam ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre pergunta: Onde é o meu salão de hóspedes, no qual poderei comer a Páscoa com meus discípulos? ’
15 - Ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, mobiliada e pronta. Façam ali os preparativos para nós".
16 - Os discípulos se retiraram, entraram na cidade e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. E prepararam a Páscoa.
17 - Ao anoitecer, Jesus chegou com os Doze.
18 - Quando estavam comendo, reclinados à mesa, Jesus disse: "Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá, alguém que está comendo comigo".
19 - Eles ficaram tristes e, um por um, lhe disseram: "Com certeza não sou eu! "
20 - Afirmou Jesus: "É um dos Doze, alguém que come comigo do mesmo prato.
21 - O Filho do homem vai, como está escrito a seu respeito. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria não haver nascido".
22 - Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos discípulos, dizendo: "Tomem; isto é o meu corpo".
23 - Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam.
24 - E lhes disse: "Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos.
25 - Eu lhes afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus".
26 - Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
27 - Disse-lhes Jesus: "Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas’.
28 - Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia".
29 - Pedro declarou: "Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei! "
30 - Respondeu Jesus: "Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará".
31 - Mas Pedro insistia ainda mais: "Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei". E todos os outros disseram o mesmo.
32 - Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: "Sentem-se aqui enquanto vou orar".
33 - Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado.
34 - E lhes disse: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem".
35 - Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora.
36 - E dizia: "Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres".
37 - Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. "Simão", disse ele a Pedro, "você está dormindo? Não pôde vigiar nem por uma hora?
38 - Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. "
39 - Mais uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras.
40 - Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer.
41 - Voltando pela terceira vez, ele lhes disse: "Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
42 - Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai! "
43 - Enquanto ele ainda falava, apareceu Judas, um dos Doze. Com ele estava uma multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos.
44 - O traidor havia combinado um sinal com eles: "Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele: prendam-no e levem-no em segurança".
45 - Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: "Mestre! ", e o beijou.
46 - Os homens agarraram Jesus e o prenderam.
47 - Então, um dos que estavam por perto puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.
48 - Disse Jesus: "Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês venham me prender com espadas e varas?
49 - Todos os dias eu estava com vocês, ensinando no templo, e vocês não me prenderam. Mas as Escrituras precisam ser cumpridas".
50 - Então todos o abandonaram e fugiram.
51 - Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo a Jesus. Quando tentaram prendê-lo,
52 - ele fugiu nu, deixando o lençol para trás.
53 - Levaram Jesus ao sumo sacerdote; e então se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei.
54 - Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote. Sentando-se ali com os guardas, esquentava-se junto ao fogo.
55 - Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando depoimentos contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte, mas não encontravam nenhum.
56 - Muitos testemunharam falsamente contra ele, mas as declarações deles não eram coerentes.
57 - Então se levantaram alguns e declararam falsamente contra ele:
58 - "Nós o ouvimos dizer: ‘Destruirei este templo feito por mãos humanas e em três dias construirei outro, não feito por mãos de homens’ ".
59 - Mas, nem mesmo assim, o depoimento deles era coerente.
60 - Depois o sumo sacerdote levantou-se diante deles e perguntou a Jesus: "Você não vai responder à acusação que estes lhe fazem? "
61 - Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu. Outra vez o sumo sacerdote lhe perguntou: "Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito? "
62 - "Sou", disse Jesus. "E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu".
63 - O sumo sacerdote, rasgando as próprias vestes, perguntou: "Por que precisamos de mais testemunhas?
64 - Vocês ouviram a blasfêmia. Que acham? " Todos o julgaram digno de morte.
65 - Então alguns começaram a cuspir nele; vendaram-lhe os olhos e, dando-lhe murros, diziam: "Profetize! " E os guardas o levaram, dando-lhe tapas.
66 - Estando Pedro em baixo, no pátio, uma das criadas do sumo sacerdote passou por ali.
67 - Vendo Pedro a aquecer-se, olhou bem para ele e disse: "Você também estava com Jesus, o Nazareno".
68 - Contudo ele o negou, dizendo: "Não o conheço, nem sei do que você está falando". E saiu para o alpendre.
69 - Quando a criada o viu lá, disse novamente aos que estavam por perto: "Esse aí é um deles".
70 - De novo ele negou. Pouco tempo depois, os que estavam sentados ali perto disseram a Pedro: "Certamente você é um deles. Você é galileu! "
71 - Ele começou a se amaldiçoar e a jurar: "Não conheço o homem de quem vocês estão falando! "
72 - E logo o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: "Antes que duas vezes cante o galo, você me negará três vezes". E se pôs a chorar.
Capítulo - 15
1 - De manhã bem cedo, os chefes dos sacerdotes com os líderes religiosos, os mestres da lei e todo o Sinédrio chegaram a uma decisão. Amarrando Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
2 - "Você é o rei dos judeus? ", perguntou Pilatos. "Tu o dizes", respondeu Jesus.
3 - Os chefes dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
4 - Então Pilatos lhe perguntou novamente: "Você não vai responder? Veja de quantas coisas o estão acusando".
5 - Mas Jesus não respondeu nada, e Pilatos ficou impressionado.
6 - Por ocasião da festa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse.
7 - Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião.
8 - A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer.
9 - "Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus? ", perguntou Pilatos,
10 - sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus.
11 - Mas os chefes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás.
12 - "Então, que farei com aquele a quem vocês chamam rei dos judeus? ", perguntou-lhes Pilatos.
13 - "Crucifica-o", gritaram eles.
14 - "Por quê? Que crime ele cometeu? ", perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: "Crucifica-o! "
15 - Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.
16 - Os soldados levaram Jesus para dentro do palácio, isto é, ao Pretório e reuniram toda a tropa.
17 - Vestiram-no com um manto de púrpura, depois fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram nele.
18 - E começaram a saudá-lo: "Salve, rei dos judeus! "
19 - Batiam-lhe na cabeça com uma vara e cuspiam nele. Ajoelhavam-se e lhe prestavam adoração.
20 - Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe o manto de púrpura e vestiram-lhe suas próprias roupas. Então o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.
21 - Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz.
22 - Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
23 - Então lhe deram vinho misturado com mirra, mas ele não o bebeu.
24 - E o crucificaram. Dividindo as roupas dele, tiraram sortes para saber com o que cada um iria ficar.
25 - Eram nove horas da manhã quando o crucificaram.
26 - E assim estava escrito na acusação contra ele: O REI DOS JUDEUS.
27 - Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda,
28 - e cumpriu-se a Escritura que diz: "Ele foi contado entre os transgressores".
29 - Os que passavam lançavam-lhe insultos, balançando a cabeça e dizendo: "Ora, você que destrói o templo e o reedifica em três dias,
30 - desça da cruz e salve-se a si mesmo! "
31 - Da mesma forma, os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei zombavam dele entre si, dizendo: "Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo.
32 - O Cristo, o Rei de Israel... Desça da cruz, para que o vejamos e creiamos! " Os que foram crucificados com ele também o insultavam.
33 - E houve trevas sobre toda a terra, do meio dia às três horas da tarde.
34 - Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni? " que significa: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? "
35 - Quando alguns dos que estavam presentes ouviram isso, disseram: "Ouçam! Ele está chamando Elias".
36 - Um deles correu, embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e deu-a a Jesus para beber. E disse: "Deixem-no. Vejamos se Elias vem tirá-lo daí".
37 - Mas Jesus, com um alto brado, expirou.
38 - E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.
39 - Quando o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e viu como ele morreu, disse: "Realmente este homem era o Filho de Deus! "
40 - Algumas mulheres estavam observando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José.
41 - Na Galiléia elas tinham seguido e servido a Jesus. Muitas outras mulheres que tinham subido com ele para Jerusalém também estavam ali.
42 - Era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado. Ao cair da tarde,
43 - José de Arimatéia, membro de destaque do Sinédrio, que também esperava o Reino de Deus, dirigiu-se corajosamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
44 - Pilatos ficou surpreso ao ouvir que ele já tinha morrido. Chamando o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido.
45 - Sendo informado pelo centurião, entregou o corpo a José.
46 - Então José comprou um lençol de linho, baixou o corpo da cruz, envolveu-o no lençol e o colocou num sepulcro cavado na rocha. Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro.
47 - Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde ele fora colocado.
Capítulo - 16
1 - Quando terminou o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, compraram especiarias aromáticas para ungir o corpo de Jesus.
2 - No primeiro dia da semana, bem cedo, ao nascer do sol, elas se dirigiram ao sepulcro,
3 - perguntando umas às outras: "Quem removerá para nós a pedra da entrada do sepulcro? "
4 - Mas, quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande, havia sido removida.
5 - Entrando no sepulcro, viram um jovem vestido de roupas brancas assentado à direita, e ficaram amedrontadas.
6 - "Não tenham medo", disse ele. "Vocês estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto.
7 - Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro: ‘Ele está indo adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão, como ele lhes disse’ ".
8 - Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas.
9 - Quando Jesus ressuscitou, na madrugada do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios.
10 - Ela foi e contou aos que com ele tinham estado; eles estavam lamentando e chorando.
11 - Quando ouviram que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não creram.
12 - Depois Jesus apareceu noutra forma a dois deles, estando eles a caminho do campo.
13 - Eles voltaram e relataram isso aos outros; mas também nestes eles não creram.
14 - Mais tarde Jesus apareceu aos Onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto.
15 - E disse-lhes: "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas.
16 - Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
17 - Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
18 - pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados".
19 - Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e assentou-se à direita de Deus.
20 - Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.