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Gênesis
50 capítulos
Capítulo - 1
1 - No princípio criou Deus o céu e a terra.
2 - E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
3 - E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
4 - E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
5 - E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
6 - E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
7 - E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.
8 - E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
9 - E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
10 - E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.
11 - E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.
12 - E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
13 - E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.
14 - E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
15 - E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.
16 - E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.
17 - E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra,
18 - E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.
19 - E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.
20 - E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.
21 - E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
22 - E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.
23 - E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.
24 - E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi.
25 - E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
27 - E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
28 - E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
29 - E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
30 - E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
31 - E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
Capítulo - 2
1 - Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados.
2 - E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.
3 - E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.
4 - Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus,
5 - E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.
6 - Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.
7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
8 - E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado.
9 - E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
10 - E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.
11 - O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.
12 - E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardônica.
13 - E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.
14 - E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.
15 - E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
16 - E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
17 - Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
18 - E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.
19 - Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
20 - E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
21 - Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;
22 - E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.
23 - E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
24 - Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.
25 - E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.
Capítulo - 3
1 - Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?
2 - E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
3 - Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.
4 - Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
5 - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
6 - E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
7 - Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
8 - E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.
9 - E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
10 - E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.
11 - E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 - Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.
13 - E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14 - Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.
15 - E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
16 - E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
17 - E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
18 - Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.
19 - No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.
20 - E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes.
21 - E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.
22 - Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,
23 - O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.
24 - E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.
Capítulo - 4
1 - E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem.
2 - E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3 - E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
4 - E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.
5 - Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
6 - E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7 - Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
8 - E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.
9 - E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?
10 - E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
11 - E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
12 - Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
13 - Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
14 - Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará.
15 - O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.
16 - E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden.
17 - E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;
18 - E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael gerou a Lameque.
19 - E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá.
20 - E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado.
21 - E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão.
22 - E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.
23 - E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar.
24 - Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.
25 - E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.
26 - E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor.
Capítulo - 5
1 - Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez.
2 - Homem e mulher os criou; e os abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados.
3 - E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.
4 - E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas.
5 - E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta anos, e morreu.
6 - E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos.
7 - E viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos, e gerou filhos e filhas.
8 - E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos, e morreu.
9 - E viveu Enos noventa anos, e gerou a Cainã.
10 - E viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e quinze anos, e gerou filhos e filhas.
11 - E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco anos, e morreu.
12 - E viveu Cainã setenta anos, e gerou a Maalaleel.
13 - E viveu Cainã, depois que gerou a Maalaleel, oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas.
14 - E foram todos os dias de Cainã novecentos e dez anos, e morreu.
15 - E viveu Maalaleel sessenta e cinco anos, e gerou a Jerede.
16 - E viveu Maalaleel, depois que gerou a Jerede, oitocentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas.
17 - E foram todos os dias de Maalaleel oitocentos e noventa e cinco anos, e morreu.
18 - E viveu Jerede cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.
19 - E viveu Jerede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas.
20 - E foram todos os dias de Jerede novecentos e sessenta e dois anos, e morreu.
21 - E viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém.
22 - E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas.
23 - E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos.
24 - E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.
25 - E viveu Matusalém cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque.
26 - E viveu Matusalém, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos, e gerou filhos e filhas.
27 - E foram todos os dias de Matusalém novecentos e sessenta e nove anos, e morreu.
28 - E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho,
29 - A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou.
30 - E viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos, e gerou filhos e filhas.
31 - E foram todos os dias de Lameque setecentos e setenta e sete anos, e morreu.
32 - E era Noé da idade de quinhentos anos, e gerou Noé a Sem, Cão e Jafé.
Capítulo - 6
1 - E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas,
2 - Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
3 - Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.
4 - Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.
5 - E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.
6 - Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração.
7 - E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.
8 - Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.
9 - Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.
10 - E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.
11 - A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.
12 - E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.
13 - Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.
14 - Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume.
15 - E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura.
16 - Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares, baixo, segundo e terceiro.
17 - Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará.
18 - Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo.
19 - E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão.
20 - Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em vida.
21 - E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para mantimento, a ti e a eles.
22 - Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.
Capítulo - 7
1 - Depois disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração.
2 - De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea.
3 - Também das aves dos céus sete e sete, macho e fêmea, para conservar em vida sua espécie sobre a face de toda a terra.
4 - Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz.
5 - E fez Noé conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenara.
6 - E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o dilúvio das águas veio sobre a terra.
7 - Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio.
8 - Dos animais limpos e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo o réptil sobre a terra,
9 - Entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.
10 - E aconteceu que passados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
11 - No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram,
12 - E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
13 - E no mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cão e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos.
14 - Eles, e todo o animal conforme a sua espécie, e todo o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil que se arrasta sobre a terra conforme a sua espécie, e toda a ave conforme a sua espécie, pássaros de toda qualidade.
15 - E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca.
16 - E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou dentro.
17 - E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as águas e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra.
18 - E prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas.
19 - E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.
20 - Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.
21 - E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem.
22 - Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu.
23 - Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.
24 - E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinqüenta dias.
Capítulo - 8
1 - E lembrou-se Deus de Noé, e de todos os seres viventes, e de todo o gado que estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e aquietaram-se as águas.
2 - Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se.
3 - E as águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra, e ao fim de cento e cinqüenta dias minguaram.
4 - E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate.
5 - E foram as águas indo e minguando até ao décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.
6 - E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito.
7 - E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra.
8 - Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra.
9 - A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a sua mão, e tomou-a, e recolheu-a consigo na arca.
10 - E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca.
11 - E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.
12 - Então esperou ainda outros sete dias, e enviou fora a pomba; mas não tornou mais a ele.
13 - E aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta.
14 - E no segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.
15 - Então falou Deus a Noé dizendo:
16 - Sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos.
17 - Todo o animal que está contigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, traze fora contigo; e povoem abundantemente a terra e frutifiquem, e se multipliquem sobre a terra.
18 - Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele.
19 - Todo o animal, todo o réptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre a terra, conforme as suas famílias, saiu para fora da arca.
20 - E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar.
21 - E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.
22 - Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão.
Capítulo - 9
1 - E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra.
2 - E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues.
3 - Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde.
4 - A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
5 - Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.
6 - Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.
7 - Mas vós frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.
8 - E falou Deus a Noé e a seus filhos com ele, dizendo:
9 - E eu, eis que estabeleço a minha aliança convosco e com a vossa descendência depois de vós.
10 - E com toda a alma vivente, que convosco está, de aves, de gado, e de todo o animal da terra convosco; com todos que saíram da arca, até todo o animal da terra.
11 - E eu convosco estabeleço a minha aliança, que não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.
12 - E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas.
13 - O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra.
14 - E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens.
15 - Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.
16 - E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra.
17 - E disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a terra.
18 - E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã.
19 - Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra.
20 - E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
21 - E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.
22 - E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora.
23 - Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
24 - E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
25 - E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.
26 - E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
27 - Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
28 - E viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e cinqüenta anos.
29 - E foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos, e morreu.
Capítulo - 10
1 - Estas, pois, são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio.
2 - Os filhos de Jafé são: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
3 - E os filhos de Gomer são: Asquenaz, Rifate e Togarma.
4 - E os filhos de Javã são: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim.
5 - Por estes foram repartidas as ilhas dos gentios nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações.
6 - E os filhos de Cão são: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.
7 - E os filhos de Cuxe são: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá: Sebá e Dedã.
8 - E Cuxe gerou a Ninrode; este começou a ser poderoso na terra. 9
9 - E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor; por isso se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor.
10 - E o princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar.
11 - Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou a Nínive, Reobote-Ir, Calá,
12 - E Resen, entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade).
13 - E Mizraim gerou a Ludim, a Anamim, a Leabim, a Naftuim,
14 - A Patrusim e a Casluim (donde saíram os filisteus) e a Caftorim.
15 - E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete;
16 - E ao jebuseu, ao amorreu, ao girgaseu,
17 - E ao heveu, ao arqueu, ao sineu,
18 - E ao arvadeu, ao zemareu, e ao hamateu, e depois se espalharam as famílias dos cananeus.
19 - E foi o termo dos cananeus desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza; indo para Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa.
20 - Estes são os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações.
21 - E a Sem nasceram filhos, e ele é o pai de todos os filhos de Éber, o irmão mais velho de Jafé.
22 - Os filhos de Sem são: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã.
23 - E os filhos de Arã são: Uz, Hul, Geter e Más.
24 - E Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Éber.
25 - E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joctã.
26 - E Joctã gerou a Almodá, a Selefe, a Hazarmavé, a Jerá,
27 - A Hadorão, a Usal, a Dicla,
28 - A Obal, a Abimael, a Sebá,
29 - A Ofir, a Havilá e a Jobabe; todos estes foram filhos de Joctã.
30 - E foi a sua habitação desde Messa, indo para Sefar, montanha do oriente.
31 - Estes são os filhos de Sem segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, nas suas terras, segundo as suas nações.
32 - Estas são as famílias dos filhos de Noé segundo as suas gerações, nas suas nações; e destes foram divididas as nações na terra depois do dilúvio.
Capítulo - 11
1 - E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
2 - E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3 - E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.
4 - E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5 - Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 - E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 - Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
8 - Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 - Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.
10 - Estas são as gerações de Sem: Sem era da idade de cem anos e gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.
11 - E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos, e gerou filhos e filhas.
12 - E viveu Arfaxade trinta e cinco anos, e gerou a Selá.
13 - E viveu Arfaxade depois que gerou a Selá, quatrocentos e três anos, e gerou filhos e filhas.
14 - E viveu Selá trinta anos, e gerou a Éber;
15 - E viveu Selá, depois que gerou a Éber, quatrocentos e três anos, e gerou filhos e filhas.
16 - E viveu Éber trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue.
17 - E viveu Éber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas.
18 - E viveu Pelegue trinta anos, e gerou a Reú.
19 - E viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos, e gerou filhos e filhas.
20 - E viveu Reú trinta e dois anos, e gerou a Serugue.
21 - E viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos, e gerou filhos e filhas.
22 - E viveu Serugue trinta anos, e gerou a Naor.
23 - E viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos, e gerou filhos e filhas.
24 - E viveu Naor vinte e nove anos, e gerou a Terá.
25 - E viveu Naor, depois que gerou a Terá, cento e dezenove anos, e gerou filhos e filhas.
26 - E viveu Terá setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor, e a Harã.
27 - E estas são as gerações de Terá: Terá gerou a Abrão, a Naor, e a Harã; e Harã gerou a Ló.
28 - E morreu Harã estando seu pai Terá ainda vivo, na terra do seu nascimento, em Ur dos caldeus.
29 - E tomaram Abrão e Naor mulheres para si: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher de Naor era Milca, filha de Harã, pai de Milca e pai de Iscá.
30 - E Sarai foi estéril, não tinha filhos.
31 - E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali.
32 - E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos, e morreu Terá em Harã.
Capítulo - 12
1 - Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
2 - E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
3 - E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
4 - Assim partiu Abrão como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
5 - E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra de Canaã.
6 - E passou Abrão por aquela terra até ao lugar de Siquém, até ao carvalho de Moré; e estavam então os cananeus na terra.
7 - E apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua descendência darei esta terra. E edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera.
8 - E moveu-se dali para a montanha do lado oriental de Betel, e armou a sua tenda, tendo Betel ao ocidente, e Ai ao oriente; e edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.
9 - Depois caminhou Abrão dali, seguindo ainda para o lado do sul.
10 - E havia fome naquela terra; e desceu Abrão ao Egito, para peregrinar ali, porquanto a fome era grande na terra.
11 - E aconteceu que, chegando ele para entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista;
12 - E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida.
13 - Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti.
14 - E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios a mulher, que era mui formosa.
15 - E viram-na os príncipes de Faraó, e gabaram-na diante de Faraó; e foi a mulher tomada para a casa de Faraó.
16 - E fez bem a Abrão por amor dela; e ele teve ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos.
17 - Feriu, porém, o Senhor a Faraó e a sua casa, com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.
18 - Então chamou Faraó a Abrão, e disse: Que é isto que me fizeste? Por que não me disseste que ela era tua mulher?
19 - Por que disseste: É minha irmã? Por isso a tomei por minha mulher; agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te.
20 - E Faraó deu ordens aos seus homens a respeito dele; e acompanharam-no, a ele, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.
Capítulo - 13
1 - Subiu, pois, Abrão do Egito para o lado do sul, ele e sua mulher, e tudo o que tinha, e com ele Ló.
2 - E era Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro.
3 - E fez as suas jornadas do sul até Betel, até ao lugar onde a princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai;
4 - Até ao lugar do altar que outrora ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.
5 - E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.
6 - E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos; porque os seus bens eram muitos; de maneira que não podiam habitar juntos.
7 - E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os perizeus habitavam então na terra.
8 - E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.
9 - Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; e se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.
10 - E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar.
11 - Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro.
12 - Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma.
13 - Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.
14 - E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente;
15 - Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
16 - E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada.
17 - Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.
18 - E Abrão mudou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor.
Capítulo - 14
1 - E aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim,
2 - Que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, e a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).
3 - Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim (que é o Mar Salgado).
4 - Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, mas ao décimo terceiro ano rebelaram-se.
5 - E ao décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, e aos zuzins em Hã, e aos emins em Savé-Quiriataim,
6 - E aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã que está junto ao deserto.
7 - Depois tornaram e vieram a En-Mispate (que é Cades), e feriram toda a terra dos amalequitas, e também aos amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.
8 - Então saiu o rei de Sodoma, e o rei de Gomorra, e o rei de Admá, e o rei de Zeboim, e o rei de Belá (esta é Zoar), e ordenaram batalha contra eles no vale de Sidim,
9 - Contra Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, e Anrafel, rei de Sinar, e Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco.
10 - E o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; e fugiram os reis de Sodoma e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para um monte.
11 - E tomaram todos os bens de Sodoma, e de Gomorra, e todo o seu mantimento e foram-se.
12 - Também tomaram a Ló, que habitava em Sodoma, filho do irmão de Abrão, e os seus bens, e foram-se.
13 - Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de Aner; eles eram confederados de Abrão.
14 - Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã.
15 - E dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus criados, e os feriu, e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.
16 - E tornou a trazer todos os seus bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os seus bens, e também as mulheres, e o povo.
17 - E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei.
18 - E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
19 - E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
20 - E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
21 - E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti.
22 - Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra,
23 - Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
24 - Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte.
Capítulo - 15
1 - Depois destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.
2 - Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer?
3 - Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4 - E eis que veio a palavra do Senhor a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro.
5 - Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.
6 - E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça.
7 - Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la.
8 - E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?
9 - E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
10 - E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.
11 - E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.
12 - E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.
13 - Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos,
14 - Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.
15 - E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
16 - E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.
17 - E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
18 - Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: « tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;
19 - E o queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu,
20 - E o heteu, e o perizeu, e os refains,
21 - E o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu.
Capítulo - 16
1 - Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar.
2 - E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.
3 - Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.
4 - E ele possuiu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.
5 - Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti; minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti.
6 - E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face.
7 - E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur.
8 - E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora.
9 - Então lhe disse o anjo do SENHOR: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos.
10 - Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será.
11 - Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.
12 - E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.
13 - E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?
14 - Por isso se chama aquele poço de Beer-Laai-Rói; eis que está entre Cades e Berede.
15 - E Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Agar tivera, Ismael.
16 - E era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando Agar deu à luz Ismael.
Capítulo - 17
1 - Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.
2 - E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
3 - Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
4 - Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
5 - E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;
6 - E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
7 - E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
8 - E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.
9 - Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 - Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
11 - E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 - O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 - Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 - E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
15 - Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome.
16 - Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela.
17 - Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos?
18 - E disse Abraão a Deus: Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto!
19 - E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele.
20 - E quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis aqui o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.
21 - A minha aliança, porém, estabelecerei com Isaque, o qual Sara dará à luz neste tempo determinado, no ano seguinte.
22 - Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus de diante dele.
23 - Então tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo o homem entre os da casa de Abraão; e circuncidou a carne do seu prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus falara com ele.
24 - E era Abraão da idade de noventa e nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.
25 - E Ismael, seu filho, era da idade de treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.
26 - Naquele mesmo dia foram circuncidados Abraão e Ismael seu filho,
27 - E todos os homens da sua casa, os nascidos em casa, e os comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.
Capítulo - 18
1 - Depois apareceu-lhe o Senhor nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia
2 - E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e inclinou-se à terra,
3 - E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.
4 - Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore;
5 - E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como disseste.
6 - E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze bolos.
7 - E correu Abraão às vacas, e tomou uma vitela tenra e boa, e deu-a ao moço, que se apressou em prepará-la.
8 - E tomou manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e pôs tudo diante deles, e ele estava em pé junto a eles debaixo da árvore; e comeram.
9 - E disseram-lhe: Onde está Sara, tua mulher? E ele disse: Ei-la aí na tenda.
10 - E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele.
11 - E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.
12 - Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho?
13 - E disse o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Na verdade darei eu à luz ainda, havendo já envelhecido?
14 - Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho.
15 - E Sara negou, dizendo: Não me ri; porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste.
16 - E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os.
17 - E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço,
18 - Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?
19 - Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.
20 - Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito,
21 - Descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.
22 - Então viraram aqueles homens os rostos dali, e foram-se para Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do Senhor.
23 - E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?
24 - Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela?
25 - Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?
26 - Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles.
27 - E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.
28 - Se porventura de cinqüenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.
29 - E continuou ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? E disse: Não o farei por amor dos quarenta.
30 - Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: Se porventura se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.
31 - E disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: Se porventura se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei por amor dos vinte.
32 - Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez.
33 - E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou-se ao seu lugar.
Capítulo - 19
1 - E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o rosto à terra;
2 - E disse: Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos, em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai os vossos pés; e de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. E eles disseram: Não, antes na rua passaremos a noite.
3 - E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram.
4 - E antes que se deitassem, cercaram a casa, os homens daquela cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros.
5 - E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos.
6 - Então saiu Ló a eles à porta, e fechou a porta atrás de si,
7 - E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal;
8 - Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homens; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado.
9 - Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Como estrangeiro este indivíduo veio aqui habitar, e quereria ser juiz em tudo? Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, sobre Ló, e aproximaram-se para arrombar a porta.
10 - Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar a Ló consigo na casa, e fecharam a porta;
11 - E feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, desde o menor até ao maior, de maneira que se cansaram para achar a porta.
12 - Então disseram aqueles homens a Ló: Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar;
13 - Porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem aumentado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.
14 - Então saiu Ló, e falou a seus genros, aos que haviam de tomar as suas filhas, e disse: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Foi tido porém por zombador aos olhos de seus genros.
15 - E ao amanhecer os anjos apertaram com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na injustiça desta cidade.
16 - Ele, porém, demorava-se, e aqueles homens lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher e de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade.
17 - E aconteceu que, tirando-os fora, disse: Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti, e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte, para que não pereças.
18 - E Ló disse-lhe: Ora, não, meu Senhor!
19 - Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e engrandeceste a tua misericórdia que a mim me fizeste, para guardar a minha alma em vida; mas eu não posso escapar no monte, para que porventura não me apanhe este mal, e eu morra.
20 - Eis que agora aquela cidade está perto, para fugir para lá, e é pequena; ora, deixe-me escapar para lá (não é pequena? ), para que minha alma viva.
21 - E disse-lhe: Eis aqui, tenho-te aceitado também neste negócio, para não destruir aquela cidade, de que falaste;
22 - Apressa-te, escapa-te para ali; porque nada poderei fazer, enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.
23 - Saiu o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.
24 - Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;
25 - E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra.
26 - E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal.
27 - E Abraão levantou-se aquela mesma manhã, de madrugada, e foi para aquele lugar onde estivera diante da face do Senhor;
28 - E olhou para Sodoma e Gomorra e para toda a terra da campina; e viu, que a fumaça da terra subia, como a de uma fornalha.
29 - E aconteceu que, destruindo Deus as cidades da campina, lembrou-se Deus de Abraão, e tirou a Ló do meio da destruição, derrubando aquelas cidades em que Ló habitara.
30 - E subiu Ló de Zoar, e habitou no monte, e as suas duas filhas com ele; porque temia habitar em Zoar; e habitou numa caverna, ele e as suas duas filhas.
31 - Então a primogênita disse à menor: Nosso pai já é velho, e não há homem na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;
32 - Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.
33 - E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a primogênita e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.
34 - E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.
35 - E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.
36 - E conceberam as duas filhas de Ló de seu pai.
37 - E a primogênita deu à luz um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas até ao dia de hoje.
38 - E a menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje.
Capítulo - 20
1 - E partiu Abraão dali para a terra do sul, e habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar.
2 - E havendo Abraão dito de Sara, sua mulher: É minha irmã; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a Sara.
3 - Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de noite, e disse-lhe: Eis que morto serás por causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido.
4 - Mas Abimeleque ainda não se tinha chegado a ela; por isso disse: Senhor, matarás também uma nação justa?
5 - Não me disse ele mesmo: É minha irmã? E ela também disse: É meu irmão. Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos tenho feito isto.
6 - E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la.
7 - Agora, pois, restitui a mulher ao seu marido, porque profeta é, e rogará por ti, para que vivas; porém se não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.
8 - E levantou-se Abimeleque pela manhã de madrugada, chamou a todos os seus servos, e falou todas estas palavras em seus ouvidos; e temeram muito aqueles homens.
9 - Então chamou Abimeleque a Abraão e disse-lhe: Que nos fizeste? E em que pequei contra ti, para trazeres sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste aquilo que não deverias ter feito.
10 - Disse mais Abimeleque a Abraão: Que tens visto, para fazer tal coisa?
11 - E disse Abraão: Porque eu dizia comigo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa da minha mulher.
12 - E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher;
13 - E aconteceu que, fazendo-me Deus sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse: Seja esta a graça que me farás em todo o lugar aonde chegarmos, dize de mim: É meu irmão.
14 - Então tomou Abimeleque ovelhas e vacas, e servos e servas, e os deu a Abraão; e restituiu-lhe Sara, sua mulher.
15 - E disse Abimeleque: Eis que a minha terra está diante da tua face; habita onde for bom aos teus olhos.
16 - E a Sara disse: Vês que tenho dado ao teu irmão mil moedas de prata; eis que ele te seja por véu dos olhos para com todos os que contigo estão, e até para com todos os outros; e estás advertida.
17 - E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e à sua mulher, e às suas servas, de maneira que tiveram filhos;
18 - Porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão.
Capítulo - 21
1 - E o SENHOR visitou a Sara, como tinha dito; e fez o SENHOR a Sara como tinha prometido.
2 - E concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado.
3 - E Abraão pôs no filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, o nome de Isaque.
4 - E Abraão circuncidou o seu filho Isaque, quando era da idade de oito dias, como Deus lhe tinha ordenado.
5 - E era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque seu filho.
6 - E disse Sara: Deus me tem feito riso; todo aquele que o ouvir se rirá comigo.
7 - Disse mais: Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar a filhos? Pois lhe dei um filho na sua velhice.
8 - E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado.
9 - E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava.
10 - E disse a Abraão: Ponha fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho.
11 - E pareceu esta palavra muito má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.
12 - Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência.
13 - Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência.
14 - Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e tomou pão e um odre de água e os deu a Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu, andando errante no deserto de Berseba.
15 - E consumida a água do odre, lançou o menino debaixo de uma das árvores.
16 - E foi assentar-se em frente, afastando-se à distância de um tiro de arco; porque dizia: Que eu não veja morrer o menino. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou.
17 - E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.
18 - Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação.
19 - E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi encher o odre de água, e deu de beber ao menino.
20 - E era Deus com o menino, que cresceu; e habitou no deserto, e foi flecheiro.
21 - E habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe mulher da terra do Egito.
22 - E aconteceu naquele mesmo tempo que Abimeleque, com Ficol, príncipe do seu exército, falou com Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo o que fazes;
23 - Agora, pois, jura-me aqui por Deus, que não mentirás a mim, nem a meu filho, nem a meu neto; segundo a beneficência que te fiz, me farás a mim, e à terra onde peregrinaste.
24 - E disse Abraão: Eu jurarei.
25 - Abraão, porém, repreendeu a Abimeleque por causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam tomado à força.
26 - Então disse Abimeleque: Eu não sei quem fez isto; e também tu não mo fizeste saber, nem eu o ouvi senão hoje.
27 - E tomou Abraão ovelhas e vacas, e deu-as a Abimeleque; e fizeram ambos uma aliança.
28 - pôs Abraão, porém, à parte sete cordeiras do rebanho.
29 - E Abimeleque disse a Abraão: Para que estão aqui estas sete cordeiras, que puseste à parte?
30 - E disse: Tomarás estas sete cordeiras de minha mão, para que sejam em testemunho que eu cavei este poço.
31 - Por isso se chamou aquele lugar Berseba, porquanto ambos juraram ali.
32 - Assim fizeram aliança em Berseba. Depois se levantou Abimeleque e Ficol, príncipe do seu exército, e tornaram-se para a terra dos filisteus.
33 - E plantou um bosque em Berseba, e invocou lá o nome do Senhor, Deus eterno.
34 - E peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.
Capítulo - 22
1 - E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
2 - E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.
3 - Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.
4 - Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe.
5 - E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.
6 - E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos.
7 - Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?
8 - E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos.
9 - E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha.
10 - E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho;
11 - Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
12 - Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.
13 - Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho.
14 - E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.
15 - Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus,
16 - E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho,
17 - Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;
18 - E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.
19 - Então Abraão tornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba.
20 - E sucedeu depois destas coisas, que anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca deu filhos a Naor teu irmão.
21 - Uz o seu primogênito, e Buz seu irmão, e Quemuel, pai de Arã,
22 - E Quésede, e Hazo, e Pildas, e Jidlafe, e Betuel.
23 - E Betuel gerou Rebeca. Estes oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.
24 - E a sua concubina, cujo nome era Reumá, ela lhe deu também a Tebá, Gaã, Taás e Maaca.
Capítulo - 23
1 - E foi a vida de Sara cento e vinte e sete anos; estes foram os anos da vida de Sara.
2 - E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentar Sara e chorar por ela.
3 - Depois se levantou Abraão de diante de sua morta, e falou aos filhos de Hete, dizendo:
4 - Estrangeiro e peregrino sou entre vós; dai-me possessão de sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta de diante da minha face.
5 - E responderam os filhos de Hete a Abraão, dizendo-lhe:
6 - Ouve-nos, meu senhor; príncipe poderoso és no meio de nós; enterra a tua morta na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrar a tua morta.
7 - Então se levantou Abraão, inclinou-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete.
8 - E falou com eles, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte a minha morta de diante de minha face, ouvi-me e falai por mim a Efrom, filho de Zoar,
9 - Que ele me dê a cova de Macpela, que ele tem no fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em herança de sepulcro no meio de vós.
10 - Ora Efrom habitava no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo:
11 - Não, meu senhor, ouve-me: O campo te dou, também te dou a cova que nele está, diante dos olhos dos filhos do meu povo ta dou; sepulta a tua morta.
12 - Então Abraão se inclinou diante da face do povo da terra,
13 - E falou a Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Mas se tu estás por isto, ouve-me, peço-te. O preço do campo o darei; toma-o de mim e sepultarei ali a minha morta.
14 - E respondeu Efrom a Abraão, dizendo-lhe:
15 - Meu senhor, ouve-me, a terra é de quatrocentos siclos de prata; que é isto entre mim e ti? Sepulta a tua morta.
16 - E Abraão deu ouvidos a Efrom, e Abraão pesou a Efrom a prata de que tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, corrente entre mercadores.
17 - Assim o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que no campo havia, que estava em todo o seu contorno ao redor,
18 - Se confirmou a Abraão em possessão diante dos olhos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da cidade.
19 - E depois sepultou Abraão a Sara sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã.
20 - Assim o campo e a cova que nele estava foram confirmados a Abraão, pelos filhos de Hete, em possessão de sepultura.
Capítulo - 24
1 - E era Abraão já velho e adiantado em idade, e o SENHOR havia abençoado a Abraão em tudo.
2 - E disse Abraão ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa,
3 - Para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito.
4 - Mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.
5 - E disse-lhe o servo: Se porventura não quiser seguir-me a mulher a esta terra, farei, pois, tornar o teu filho à terra donde saíste?
6 - E Abraão lhe disse: Guarda-te, que não faças lá tornar o meu filho.
7 - O Senhor Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra; ele enviará o seu anjo adiante da tua face, para que tomes mulher de lá para meu filho.
8 - Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento; somente não faças lá tornar a meu filho.
9 - Então pôs o servo a sua mão debaixo da coxa de Abraão seu senhor, e jurou-lhe sobre este negócio.
10 - E o servo tomou dez camelos, dos camelos do seu senhor, e partiu, pois que todos os bens de seu senhor estavam em sua mão, e levantou-se e partiu para Mesopotâmia, para a cidade de Naor.
11 - E fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto a um poço de água, pela tarde, ao tempo que as moças saíam a tirar água.
12 - E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, dá-me hoje bom encontro, e faze beneficência ao meu senhor Abraão!
13 - Eis que eu estou em pé junto à fonte de água e as filhas dos homens desta cidade saem para tirar água;
14 - Seja, pois, que a donzela, a quem eu disser: Abaixa agora o teu cântaro para que eu beba; e ela disser: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; esta seja a quem designaste ao teu servo Isaque, e que eu conheça nisso que usaste de benevolência com meu senhor.
15 - E sucedeu que, antes que ele acabasse de falar, eis que Rebeca, que havia nascido a Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o seu ombro.
16 - E a donzela era mui formosa à vista, virgem, a quem homem não havia conhecido; e desceu à fonte, e encheu o seu cântaro e subiu.
17 - Então o servo correu-lhe ao encontro, e disse: Peço-te, deixa-me beber um pouco de água do teu cântaro.
18 - E ela disse: Bebe, meu senhor. E apressou-se e abaixou o seu cântaro sobre a sua mão e deu-lhe de beber.
19 - E, acabando ela de lhe dar de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de beber.
20 - E apressou-se, e despejou o seu cântaro no bebedouro, e correu outra vez ao poço para tirar água, e tirou para todos os seus camelos.
21 - E o homem estava admirado de vê-la, calando-se, para saber se o Senhor havia prosperado a sua jornada ou não.
22 - E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as suas mãos, do peso de dez siclos de ouro;
23 - E disse: De quem és filha? Faze-mo saber, peço-te. Há também em casa de teu pai lugar para nós pousarmos?
24 - E ela lhe disse: Eu sou a filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor.
25 - Disse-lhe mais: Também temos palha e muito pasto, e lugar para passar a noite.
26 - Então inclinou-se aquele homem e adorou ao Senhor,
27 - E disse: Bendito seja o SENHOR Deus de meu senhor Abraão, que não retirou a sua benevolência e a sua verdade de meu senhor; quanto a mim, o SENHOR me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu senhor.
28 - E a donzela correu, e fez saber estas coisas na casa de sua mãe.
29 - E Rebeca tinha um irmão cujo nome era Labão, o qual correu ao encontro daquele homem até a fonte.
30 - E aconteceu que, quando ele viu o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e quando ouviu as palavras de sua irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele homem; foi ter com o homem, que estava em pé junto aos camelos, à fonte,
31 - E disse: Entra, bendito do Senhor; por que estás fora? pois eu já preparei a casa, e o lugar para os camelos.
32 - Então veio aquele homem à casa, e desataram os camelos, e deram palha e pasto aos camelos, e água para lavar os pés dele, e os pés dos homens que estavam com ele.
33 - Depois puseram comida diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha dito as minhas palavras. E ele disse: Fala.
34 - Então disse: Eu sou o servo de Abraão.
35 - E o SENHOR abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi engrandecido, e deu-lhe ovelhas e vacas, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos.
36 - E Sara, a mulher do meu senhor, deu à luz um filho a meu senhor depois da sua velhice, e ele deu-lhe tudo quanto tem.
37 - E meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito;
38 - Irás, porém, à casa de meu pai, e à minha família, e tomarás mulher para meu filho.
39 - Então disse eu ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher.
40 - E ele me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e prosperará o teu caminho, para que tomes mulher para meu filho da minha família e da casa de meu pai;
41 - Então serás livre do meu juramento, quando fores à minha família; e se não te derem, livre serás do meu juramento.
42 - E hoje cheguei à fonte, e disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se tu agora prosperas o meu caminho, no qual eu ando,
43 - Eis que estou junto à fonte de água; seja, pois, que a donzela que sair para tirar água e à qual eu disser: Peço-te, dá-me um pouco de água do teu cântaro;
44 - E ela me disser: Bebe tu e também tirarei água para os teus camelos; esta seja a mulher que o SENHOR designou ao filho de meu senhor.
45 - E antes que eu acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com o seu cântaro sobre o seu ombro, desceu à fonte e tirou água; e eu lhe disse: Peço-te, dá-me de beber.
46 - E ela se apressou, e abaixou o seu cântaro de sobre si, e disse: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; e bebi, e ela deu também de beber aos camelos.
47 - Então lhe perguntei, e disse: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que lhe deu Milca. Então eu pus o pendente no seu rosto, e as pulseiras sobre as suas mãos;
48 - E inclinando-me adorei ao SENHOR, e bendisse ao SENHOR, Deus do meu senhor Abraão, que me havia encaminhado pelo caminho da verdade, para tomar a filha do irmão de meu senhor para seu filho.
49 - Agora, pois, se vós haveis de fazer benevolência e verdade a meu senhor, fazei-mo saber; e se não, também mo fazei saber, para que eu vá à direita, ou à esquerda.
50 - Então responderam Labão e Betuel, e disseram: Do Senhor procedeu este negócio; não podemos falar-te mal ou bem.
51 - Eis que Rebeca está diante da tua face; toma-a, e vai-te; seja a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o SENHOR.
52 - E aconteceu que, o servo de Abraão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se à terra diante do Senhor.
53 - E tirou o servo jóias de prata e jóias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e à sua mãe.
54 - Então comeram e beberam, ele e os homens que com ele estavam, e passaram a noite. E levantaram-se pela manhã, e disse: Deixai-me ir a meu senhor.
55 - Então disseram seu irmão e sua mãe: Fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias, depois irá.
56 - Ele, porém, lhes disse: Não me detenhais, pois o SENHOR tem prosperado o meu caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor.
57 - E disseram: Chamemos a donzela, e perguntemos-lho.
58 - E chamaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irás tu com este homem? Ela respondeu: Irei.
59 - Então despediram a Rebeca, sua irmã, e sua ama, e o servo de Abraão, e seus homens.
60 - E abençoaram a Rebeca, e disseram-lhe: Ó nossa irmã, sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua descendência possua a porta de seus aborrecedores!
61 - E Rebeca se levantou com as suas moças, e subiram sobre os camelos, e seguiram o homem; e tomou aquele servo a Rebeca, e partiu.
62 - Ora, Isaque vinha de onde se vem do poço de Beer-Laai-Rói; porque habitava na terra do sul.
63 - E Isaque saíra a orar no campo, à tarde; e levantou os seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham.
64 - Rebeca também levantou seus olhos, e viu a Isaque, e desceu do camelo.
65 - E disse ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então tomou ela o véu e cobriu-se.
66 - E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera.
67 - E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.
Capítulo - 25
1 - E Abraão tomou outra mulher; e o seu nome era Quetura;
2 - E deu-lhe à luz Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá.
3 - E Jocsã gerou Seba e Dedã; e os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim.
4 - E os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Enoque, Abida e Elda. Estes todos foram filhos de Quetura.
5 - Porém Abraão deu tudo o que tinha a Isaque;
6 - Mas aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deu Abraão presentes e, vivendo ele ainda, despediu-os do seu filho Isaque, enviando-os ao oriente, para a terra oriental.
7 - Estes, pois, são os dias dos anos da vida de Abraão, que viveu cento e setenta e cinco anos.
8 - E Abraão expirou, morrendo em boa velhice, velho e farto de dias; e foi congregado ao seu povo;
9 - E Isaque e Ismael, seus filhos, sepultaram-no na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, heteu, que estava em frente de Manre,
10 - O campo que Abraão comprara aos filhos de Hete. Ali está sepultado Abraão e Sara, sua mulher.
11 - E aconteceu depois da morte de Abraão, que Deus abençoou a Isaque seu filho; e habitava Isaque junto ao poço Beer-Laai-Rói.
12 - Estas, porém, são as gerações de Ismael filho de Abraão, que a serva de Sara, Agar, egípcia, deu a Abraão.
13 - E estes são os nomes dos filhos de Ismael, pelos seus nomes, segundo as suas gerações: O primogênito de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, Adbeel e Mibsão,
14 - Misma, Dumá, Massá,
15 - Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá.
16 - Estes são os filhos de Ismael, e estes são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus castelos; doze príncipes segundo as suas famílias.
17 - E estes são os anos da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos, e ele expirou e, morrendo, foi congregado ao seu povo.
18 - E habitaram desde Havilá até Sur, que está em frente do Egito, como quem vai para a Assíria; e fez o seu assento diante da face de todos os seus irmãos.
19 - E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque;
20 - E era Isaque da idade de quarenta anos, quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, irmã de Labão, arameu.
21 - E Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu.
22 - E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao Senhor.
23 - E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor.
24 - E cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis gêmeos no seu ventre.
25 - E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pêlo; por isso chamaram o seu nome Esaú.
26 - E depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou.
27 - E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas.
28 - E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó.
29 - E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado;
30 - E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom.
31 - Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura.
32 - E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura?
33 - Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó.
34 - E Jacó deu pão a Esaú e o guisado de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura.
Capítulo - 26
1 - E havia fome na terra, além da primeira fome, que foi nos dias de Abraão; por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.
2 - E apareceu-lhe o Senhor, e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser;
3 - Peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua descendência darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão teu pai;
4 - E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;
5 - Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.
6 - Assim habitou Isaque em Gerar.
7 - E perguntando-lhe os homens daquele lugar acerca de sua mulher, disse: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura (dizia ele) não me matem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era formosa à vista.
8 - E aconteceu que, como ele esteve ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca sua mulher.
9 - Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: É minha irmã? E disse-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por causa dela.
10 - E disse Abimeleque: Que é isto que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com a tua mulher, e tu terias trazido sobre nós um delito.
11 - E mandou Abimeleque a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher, certamente morrerá.
12 - E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o Senhor o abençoava.
13 - E engrandeceu-se o homem, e ia enriquecendo-se, até que se tornou mui poderoso.
14 - E tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço, de maneira que os filisteus o invejavam.
15 - E todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra.
16 - Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.
17 - Então Isaque partiu dali e fez o seu acampamento no vale de Gerar, e habitou lá.
18 - E tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai.
19 - Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
20 - E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso chamou aquele poço Eseque, porque contenderam com ele.
21 - Então cavaram outro poço, e também porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Sitna.
22 - E partiu dali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Reobote, e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra.
23 - Depois subiu dali a Berseba.
24 - E apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão meu servo.
25 - Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço.
26 - E Abimeleque veio a ele de Gerar, com Auzate seu amigo, e Ficol, príncipe do seu exército.
27 - E disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois que vós me odiais e me repelistes de vós?
28 - E eles disseram: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo, por isso dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo.
29 - Que não nos faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos somente bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor.
30 - Então lhes fez um banquete, e comeram e beberam;
31 - E levantaram-se de madrugada e juraram um ao outro; depois os despediu Isaque, e despediram-se dele em paz.
32 - E aconteceu, naquele mesmo dia, que vieram os servos de Isaque, e anunciaram-lhe acerca do negócio do poço, que tinham cavado; e disseram-lhe: Temos achado água.
33 - E chamou-o Seba; por isso é o nome daquela cidade Berseba até o dia de hoje.
34 - Ora, sendo Esaú da idade de quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu.
35 - E estas foram para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.
Capítulo - 27
1 - E aconteceu que, como Isaque envelheceu, e os seus olhos se escureceram, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho. E ele lhe disse: Eis-me aqui.
2 - E ele disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;
3 - Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça.
4 - E faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; para que minha alma te abençoe, antes que morra.
5 - E Rebeca escutou quando Isaque falava ao seu filho Esaú. E foi Esaú ao campo para apanhar a caça que havia de trazer.
6 - Então falou Rebeca a Jacó seu filho, dizendo: Eis que tenho ouvido o teu pai que falava com Esaú teu irmão, dizendo:
7 - Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante da face do Senhor, antes da minha morte.
8 - Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te mando:
9 - Vai agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos, e eu farei deles um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta;
10 - E levá-lo-ás a teu pai, para que o coma; para que te abençoe antes da sua morte.
11 - Então disse Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú meu irmão é homem cabeludo, e eu homem liso;
12 - Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim trarei eu sobre mim maldição, e não bênção.
13 - E disse-lhe sua mãe: Meu filho, sobre mim seja a tua maldição; somente obedece à minha voz, e vai, traze-mos.
14 - E foi, e tomou-os, e trouxe-os a sua mãe; e sua mãe fez um guisado saboroso, como seu pai gostava.
15 - Depois tomou Rebeca os vestidos de gala de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho menor;
16 - E com as peles dos cabritos cobriu as suas mãos e a lisura do seu pescoço;
17 - E deu o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó seu filho.
18 - E foi ele a seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?
19 - E Jacó disse a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te agora, assenta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.
20 - Então disse Isaque a seu filho: Como é isto, que tão cedo a achaste, filho meu? E ele disse: Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro.
21 - E disse Isaque a Jacó: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho, se és meu filho Esaú mesmo, ou não.
22 - Então se chegou Jacó a Isaque seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.
23 - E não o conheceu, porquanto as suas mãos estavam cabeludas, como as mãos de Esaú seu irmão; e abençoou-o.
24 - E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E ele disse: Eu sou.
25 - Então disse: Faze chegar isso perto de mim, para que coma da caça de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E chegou-lhe, e comeu; trouxe-lhe também vinho, e bebeu.
26 - E disse-lhe Isaque seu pai: Ora chega-te, e beija-me, filho meu.
27 - E chegou-se, e beijou-o; então sentindo o cheiro das suas vestes, abençoou-o, e disse: Eis que o cheiro do meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou;
28 - Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto.
29 - Sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem.
30 - E aconteceu que, acabando Isaque de abençoar a Jacó, apenas Jacó acabava de sair da presença de Isaque seu pai, veio Esaú, seu irmão, da sua caça;
31 - E fez também ele um guisado saboroso, e trouxe-o a seu pai; e disse a seu pai: Levanta-te, meu pai, e come da caça de teu filho, para que me abençoe a tua alma.
32 - E disse-lhe Isaque seu pai: Quem és tu? E ele disse: Eu sou teu filho, o teu primogênito Esaú.
33 - Então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande, e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou a caça, e ma trouxe? E comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será bendito.
34 - Esaú, ouvindo as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai.
35 - E ele disse: Veio teu irmão com sutileza, e tomou a tua bênção.
36 - Então disse ele: Não é o seu nome justamente Jacó, tanto que já duas vezes me enganou? A minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou a minha bênção. E perguntou: Não reservaste, pois, para mim nenhuma bênção?
37 - Então respondeu Isaque a Esaú dizendo: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois, agora, meu filho?
38 - E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.
39 - Então respondeu Isaque, seu pai, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será nas gorduras da terra e no orvalho dos altos céus.
40 - E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que quando te assenhoreares, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço.
41 - E Esaú odiou a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão.
42 - E foram denunciadas a Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; e ela mandou chamar a Jacó, seu filho menor, e disse-lhe: Eis que Esaú teu irmão se consola a teu respeito, propondo matar-te.
43 - Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz, e levanta-te; acolhe-te a Labão meu irmão, em Harã,
44 - E mora com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;
45 - Até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada também de vós ambos num mesmo dia?
46 - E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher das filhas de Hete, como estas são, das filhas desta terra, para que me servirá a vida?
Capítulo - 28
1 - E Isaque chamou a Jacó, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher de entre as filhas de Canaã;
2 - Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe;
3 - E Deus Todo-Poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos;
4 - E te dê a bênção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que em herança possuas a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.
5 - Assim despediu Isaque a Jacó, o qual se foi a Padã-Arã, a Labão, filho de Betuel, arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.
6 - Vendo, pois, Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar mulher dali para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaã;
7 - E que Jacó obedecera a seu pai e a sua mãe, e se fora a Padã-Arã;
8 - Vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai,
9 - Foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres, a Maalate filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote.
10 - Partiu, pois, Jacó de Berseba, e foi a Harã;
11 - E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por seu travesseiro, e deitou-se naquele lugar.
12 - E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;
13 - E eis que o Senhor estava em cima dela, e disse: Eu sou o Senhor Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência;
14 - E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra;
15 - E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado.
16 - Acordando, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.
17 - E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus.
18 - Então levantou-se Jacó pela manhã de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por seu travesseiro, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela.
19 - E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome porém daquela cidade antes era Luz.
20 - E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;
21 - E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus;
22 - E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Capítulo - 29
1 - Então pôs-se Jacó a caminho e foi à terra do povo do oriente;
2 - E olhou, e eis um poço no campo, e eis três rebanhos de ovelhas que estavam deitados junto a ele; porque daquele poço davam de beber aos rebanhos; e havia uma grande pedra sobre a boca do poço.
3 - E ajuntavam ali todos os rebanhos, e removiam a pedra de sobre a boca do poço, e davam de beber às ovelhas; e tornavam a pôr a pedra sobre a boca do poço, no seu lugar.
4 - E disse-lhes Jacó: Meus irmãos, donde sois? E disseram: Somos de Harã.
5 - E ele lhes disse: Conheceis a Labão, filho de Naor? E disseram: Conhecemos.
6 - Disse-lhes mais: Está ele bem? E disseram: Está bem, e eis aqui Raquel sua filha, que vem com as ovelhas.
7 - E ele disse: Eis que ainda é pleno dia, não é tempo de ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide apascentá-las.
8 - E disseram: Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e removam a pedra de sobre a boca do poço, para que demos de beber às ovelhas.
9 - Estando ele ainda falando com eles, veio Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela era pastora.
10 - E aconteceu que, vendo Jacó a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Jacó, e revolveu a pedra de sobre a boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.
11 - E Jacó beijou a Raquel, e levantou a sua voz e chorou.
12 - E Jacó anunciou a Raquel que era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca; então ela correu, e o anunciou a seu pai.
13 - E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o à sua casa; e ele contou a Labão todas estas coisas.
14 - Então Labão disse-lhe: Verdadeiramente és tu o meu osso e a minha carne. E ficou com ele um mês inteiro.
15 - Depois disse Labão a Jacó: Porque tu és meu irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário.
16 - E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o nome da menor Raquel.
17 - Lia tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa à vista.
18 - E Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua filha menor.
19 - Então disse Labão: Melhor é que eu a dê a ti, do que eu a dê a outro homem; fica comigo.
20 - Assim serviu Jacó sete anos por Raquel; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava.
21 - E disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case com ela.
22 - Então reuniu Labão a todos os homens daquele lugar, e fez um banquete.
23 - E aconteceu, à tarde, que tomou Lia, sua filha, e trouxe-a a Jacó que a possuiu.
24 - E Labão deu sua serva Zilpa a Lia, sua filha, por serva.
25 - E aconteceu que pela manhã, viu que era Lia; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso? Não te tenho servido por Raquel? Por que então me enganaste?
26 - E disse Labão: Não se faz assim no nosso lugar, que a menor se dê antes da primogênita.
27 - Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que ainda outros sete anos comigo servires.
28 - E Jacó fez assim, e cumpriu a semana de Lia; então lhe deu por mulher Raquel sua filha.
29 - E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha.
30 - E possuiu também a Raquel, e amou também a Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos.
31 - Vendo, pois, o Senhor que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril.
32 - E concebeu Lia, e deu à luz um filho, e chamou-o Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição, por isso agora me amará o meu marido.
33 - E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, e deu-me também este. E chamou-o Simeão.
34 - E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi.
35 - E concebeu outra vez e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso chamou-o Judá; e cessou de dar à luz.
Capítulo - 30
1 - Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro.
2 - Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?
3 - E ela disse: Eis aqui minha serva Bila; coabita com ela, para que dê à luz sobre meus joelhos, e eu assim receba filhos por ela.
4 - Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó a possuiu.
5 - E concebeu Bila, e deu a Jacó um filho.
6 - Então disse Raquel: Julgou-me Deus, e também ouviu a minha voz, e me deu um filho; por isso chamou-lhe Dã.
7 - E Bila, serva de Raquel, concebeu outra vez, e deu a Jacó o segundo filho.
8 - Então disse Raquel: Com grandes lutas tenho lutado com minha irmã; também venci; e chamou-lhe Naftali.
9 - Vendo, pois, Lia que cessava de ter filhos, tomou também a Zilpa, sua serva, e deu-a a Jacó por mulher.
10 - E deu Zilpa, serva de Lia, um filho a Jacó.
11 - Então disse Lia: Afortunada! e chamou-lhe Gade.
12 - Depois deu Zilpa, serva de Lia, um segundo filho a Jacó.
13 - Então disse Lia: Para minha ventura; porque as filhas me terão por bem-aventurada; e chamou-lhe Aser.
14 - E foi Rúben nos dias da ceifa do trigo, e achou mandrágoras no campo. E trouxe-as a Lia sua mãe. Então disse Raquel a Lia: Ora dá-me das mandrágoras de teu filho.
15 - E ela lhe disse: É já pouco que hajas tomado o meu marido, tomarás também as mandrágoras do meu filho? Então disse Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.
16 - Vindo, pois, Jacó à tarde do campo, saiu-lhe Lia ao encontro, e disse: A mim possuirás, esta noite, porque certamente te aluguei com as mandrágoras do meu filho. E deitou-se com ela aquela noite.
17 - E ouviu Deus a Lia, e concebeu, e deu à luz um quinto filho.
18 - Então disse Lia: Deus me tem dado o meu galardão, pois tenho dado minha serva ao meu marido. E chamou-lhe Issacar.
19 - E Lia concebeu outra vez, e deu a Jacó um sexto filho.
20 - E disse Lia: Deus me deu uma boa dádiva; desta vez morará o meu marido comigo, porque lhe tenho dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom.
21 - E depois teve uma filha, e chamou-lhe Diná.
22 - E lembrou-se Deus de Raquel; e Deus a ouviu, e abriu a sua madre.
23 - E ela concebeu, e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus a minha vergonha.
24 - E chamou-lhe José, dizendo: O Senhor me acrescente outro filho.
25 - E aconteceu que, como Raquel deu à luz a José, disse Jacó a Labão: Deixa-me ir, que me vá ao meu lugar, e à minha terra.
26 - Dá-me as minhas mulheres, e os meus filhos, pelas quais te tenho servido, e ir-me-ei; pois tu sabes o serviço que te tenho feito.
27 - Então lhe disse Labão: Se agora tenho achado graça em teus olhos, fica comigo. Tenho experimentado que o Senhor me abençoou por amor de ti.
28 - E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei.
29 - Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu gado comigo.
30 - Porque o pouco que tinhas antes de mim tem aumentado em grande número; e o SENHOR te tem abençoado por meu trabalho. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa?
31 - E disse ele: Que te darei? Então disse Jacó: Nada me darás. Se me fizeres isto, tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho;
32 - Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os morenos entre os cordeiros, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isto será o meu salário.
33 - Assim testificará por mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres e o meu salário estiver diante de tua face; tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e moreno entre os cordeiros, ser-me-á por furto.
34 - Então disse Labão: Quem dera seja conforme a tua palavra.
35 - E separou naquele mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, todos em que havia brancura, e todos os morenos entre os cordeiros; e deu-os nas mãos dos seus filhos.
36 - E pôs três dias de caminho entre si e Jacó; e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.
37 - Então tomou Jacó varas verdes de álamo e de aveleira e de castanheiro, e descascou nelas riscas brancas, descobrindo a brancura que nas varas havia,
38 - E pôs estas varas, que tinha descascado, em frente aos rebanhos, nos canos e nos bebedouros de água, aonde os rebanhos vinham beber, para que concebessem quando vinham beber.
39 - E concebiam os rebanhos diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas.
40 - Então separou Jacó os cordeiros, e pôs as faces do rebanho para os listrados, e todo o moreno entre o rebanho de Labão; e pôs o seu rebanho à parte, e não o pôs com o rebanho de Labão.
41 - E sucedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos canos, diante dos olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas.
42 - Mas, quando era fraco o rebanho, não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó.
43 - E cresceu o homem em grande maneira, e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos e jumentos.
Capítulo - 31
1 - Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tem tomado tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai fez ele toda esta glória.
2 - Viu também Jacó o rosto de Labão, e eis que não era para com ele como anteriormente.
3 - E disse o Senhor a Jacó: Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo.
4 - Então mandou Jacó chamar a Raquel e a Lia ao campo, para junto do seu rebanho,
5 - E disse-lhes: Vejo que o rosto de vosso pai não é para comigo como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo;
6 - E vós mesmas sabeis que com todo o meu esforço tenho servido a vosso pai;
7 - Mas vosso pai me enganou e mudou o salário dez vezes; porém Deus não lhe permitiu que me fizesse mal.
8 - Quando ele dizia assim: Os salpicados serão o teu salário; então todos os rebanhos davam salpicados. E quando ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então todos os rebanhos davam listrados.
9 - Assim Deus tirou o gado de vosso pai, e deu-o a mim.
10 - E sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, eu levantei os meus olhos e vi em sonhos, e eis que os bodes, que cobriam as ovelhas, eram listrados, salpicados e malhados.
11 - E disse-me o anjo de Deus em sonhos: Jacó! E eu disse: Eis-me aqui.
12 - E disse ele: Levanta agora os teus olhos e vê todos os bodes que cobrem o rebanho, que são listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te fez.
13 - Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela.
14 - Então responderam Raquel e Lia e disseram-lhe: Há ainda para nós parte ou herança na casa de nosso pai?
15 - Não nos considera ele como estranhas? Pois vendeu-nos, e comeu de todo o nosso dinheiro.
16 - Porque toda a riqueza, que Deus tirou de nosso pai, é nossa e de nossos filhos; agora, pois, faze tudo o que Deus te mandou.
17 - Então se levantou Jacó, pondo os seus filhos e as suas mulheres sobre os camelos;
18 - E levou todo o seu gado, e todos os seus bens, que havia adquirido, o gado que possuía, que alcançara em Padã-Arã, para ir a Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
19 - E havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha.
20 - E Jacó logrou a Labão, o arameu, porque não lhe fez saber que fugia.
21 - E fugiu ele com tudo o que tinha, e levantou-se e passou o rio; e se dirigiu para a montanha de Gileade.
22 - E no terceiro dia foi anunciado a Labão que Jacó tinha fugido.
23 - Então tomou consigo os seus irmãos, e atrás dele seguiu o seu caminho por sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade.
24 - Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales com Jacó nem bem nem mal.
25 - Alcançou, pois, Labão a Jacó, e armara Jacó a sua tenda naquela montanha; armou também Labão com os seus irmãos a sua, na montanha de Gileade.
26 - Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que me lograste e levaste as minhas filhas como cativas pela espada?
27 - Por que fugiste ocultamente, e lograste-me, e não me fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria, e com cânticos, e com tamboril e com harpa?
28 - Também não me permitiste beijar os meus filhos e as minhas filhas. Loucamente agiste, agora, fazendo assim.
29 - Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales com Jacó nem bem nem mal.
30 - E agora se querias ir embora, porquanto tinhas saudades de voltar à casa de teu pai, por que furtaste os meus deuses?
31 - Então respondeu Jacó, e disse a Labão: Porque temia; pois que dizia comigo, se porventura não me arrebatarias as tuas filhas.
32 - Com quem achares os teus deuses, esse não viva; reconhece diante de nossos irmãos o que é teu do que está comigo, e toma-o para ti. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.
33 - Então entrou Labão na tenda de Jacó, e na tenda de Lia, e na tenda de ambas as servas, e não os achou; e saindo da tenda de Lia, entrou na tenda de Raquel.
34 - Mas tinha tomado Raquel os ídolos e os tinha posto na albarda de um camelo, e assentara-se sobre eles; e apalpou Labão toda a tenda, e não os achou.
35 - E ela disse a seu pai: Não se acenda a ira aos olhos de meu senhor, que não posso levantar-me diante da tua face; porquanto tenho o costume das mulheres. E ele procurou, mas não achou os ídolos.
36 - Então irou-se Jacó e contendeu com Labão; e respondeu Jacó, e disse a Labão: Qual é a minha transgressão? Qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?
37 - Havendo apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis de tua casa? Põe-no aqui diante dos meus irmãos e de teus irmãos; e que julguem entre nós ambos.
38 - Estes vinte anos eu estive contigo; as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi os carneiros do teu rebanho.
39 - Não te trouxe eu o despedaçado; eu o pagava; o furtado de dia e o furtado de noite da minha mão o requerias.
40 - Estava eu assim: De dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o meu sono fugiu dos meus olhos.
41 - Tenho estado agora vinte anos na tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; mas o meu salário tens mudado dez vezes.
42 - Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o temor de Isaque não fora comigo, por certo me despedirias agora vazio. Deus atendeu à minha aflição, e ao trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.
43 - Então respondeu Labão, e disse a Jacó: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é o meu rebanho, e tudo o que vês, é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou a seus filhos, que deram à luz?
44 - Agora pois vem, e façamos aliança eu e tu, que seja por testemunho entre mim e ti.
45 - Então tomou Jacó uma pedra, e erigiu-a por coluna.
46 - E disse Jacó a seus irmãos: Ajuntai pedras. E tomaram pedras, e fizeram um montão, e comeram ali sobre aquele montão.
47 - E chamou-o Labão Jegar-Saaduta; porém Jacó chamou-o Galeede.
48 - Então disse Labão: Este montão seja hoje por testemunha entre mim e ti. Por isso se lhe chamou Galeede,
49 - E Mispá, porquanto disse: Atente o Senhor entre mim e ti, quando nós estivermos apartados um do outro.
50 - Se afligires as minhas filhas, e se tomares mulheres além das minhas filhas, ninguém está conosco; atenta que Deus é testemunha entre mim e ti.
51 - Disse mais Labão a Jacó: Eis aqui este mesmo montão, e eis aqui essa coluna que levantei entre mim e ti.
52 - Este montão seja testemunha, e esta coluna seja testemunha, que eu não passarei este montão a ti, e que tu não passarás este montão e esta coluna a mim, para mal.
53 - O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus de seu pai, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque.
54 - E ofereceu Jacó um sacrifício na montanha, e convidou seus irmãos, para comer pão; e comeram pão e passaram a noite na montanha.
55 - E levantou-se Labão pela manhã de madrugada, e beijou seus filhos e suas filhas e abençoou-os e partiu; e voltou Labão ao seu lugar.
Capítulo - 32
1 - Jacó também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus.
2 - E Jacó disse, quando os viu: Este é o exército de Deus. E chamou aquele lugar Maanaim.
3 - E enviou Jacó mensageiros adiante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, território de Edom.
4 - E ordenou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como peregrino morei com Labão, e me detive lá até agora;
5 - E tenho bois e jumentos, ovelhas, e servos e servas; e enviei para o anunciar a meu senhor, para que ache graça em teus olhos.
6 - E os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.
7 - Então Jacó temeu muito e angustiou-se; e repartiu o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos, em dois bandos.
8 - Porque dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará.
9 - Disse mais Jacó: Deus de meu pai Abraão, e Deus de meu pai Isaque, o Senhor, que me disseste: Torna-te à tua terra, e a tua parentela, e far-te-ei bem;
10 - Menor sou eu que todas as beneficências, e que toda a fidelidade que fizeste ao teu servo; porque com meu cajado passei este Jordão, e agora me tornei em dois bandos.
11 - Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú; porque eu o temo; porventura não venha, e me fira, e a mãe com os filhos.
12 - E tu o disseste: Certamente te farei bem, e farei a tua descendência como a areia do mar, que pela multidão não se pode contar.
13 - E passou ali aquela noite; e tomou do que lhe veio à sua mão, um presente para seu irmão Esaú:
14 - Duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros;
15 - Trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez novilhos; vinte jumentas e dez jumentinhos;
16 - E deu-os na mão dos seus servos, cada rebanho à parte, e disse a seus servos: Passai adiante de mim e ponde espaço entre rebanho e rebanho.
17 - E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar, e te perguntar, dizendo: De quem és, e para onde vais, e de quem são estes diante de ti?
18 - Então dirás: São de teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú; e eis que ele mesmo vem também atrás de nós.
19 - E ordenou também ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás dos rebanhos, dizendo: Conforme a esta mesma palavra falareis a Esaú, quando o achardes.
20 - E direis também: Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Eu o aplacarei com o presente, que vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura ele me aceitará.
21 - Assim, passou o presente adiante dele; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
22 - E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque.
23 - E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu.
25 - E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele.
26 - E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares.
27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
29 - E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.
31 - E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.
32 - Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido.
Capítulo - 33
1 - E levantou Jacó os seus olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então repartiu os filhos entre Lia, e Raquel, e as duas servas.
2 - E pôs as servas e seus filhos na frente, e a Lia e seus filhos atrás; porém a Raquel e José os derradeiros.
3 - E ele mesmo passou adiante deles e inclinou-se à terra sete vezes, até que chegou a seu irmão.
4 - Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram.
5 - Depois levantou os seus olhos, e viu as mulheres, e os meninos, e disse: Quem são estes contigo? E ele disse: Os filhos que Deus graciosamente tem dado a teu servo.
6 - Então chegaram as servas; elas e os seus filhos, e inclinaram-se.
7 - E chegou também Lia com seus filhos, e inclinaram-se; e depois chegou José e Raquel e inclinaram-se.
8 - E disse Esaú: De que te serve todo este bando que tenho encontrado? E ele disse: Para achar graça aos olhos de meu senhor.
9 - Mas Esaú disse: Eu tenho bastante, meu irmão; seja para ti o que tens.
10 - Então disse Jacó: Não, se agora tenho achado graça em teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim.
11 - Toma, peço-te, a minha bênção, que te foi trazida; porque Deus graciosamente ma tem dado; e porque tenho de tudo. E instou com ele, até que a tomou.
12 - E disse: Caminhemos, e andemos, e eu partirei adiante de ti.
13 - Porém ele lhe disse: Meu senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas de leite; se as afadigarem somente um dia, todo o rebanho morrerá.
14 - Ora passe o meu senhor adiante de seu servo; e eu irei como guia pouco a pouco, conforme ao passo do gado que vai adiante de mim, e conforme ao passo dos meninos, até que chegue a meu senhor em Seir.
15 - E Esaú disse: Permite então que eu deixe contigo alguns da minha gente. E ele disse: Para que é isso? Basta que ache graça aos olhos de meu senhor.
16 - Assim voltou Esaú aquele dia pelo seu caminho a Seir.
17 - Jacó, porém, partiu para Sucote e edificou para si uma casa; e fez cabanas para o seu gado; por isso chamou aquele lugar Sucote.
18 - E chegou Jacó salvo à Salém, cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando vinha de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade.
19 - E comprou uma parte do campo em que estendera a sua tenda, da mão dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro.
20 - E levantou ali um altar, e chamou-lhe: Deus, o Deus de Israel.
Capítulo - 34
1 - E saiu Diná, filha de Lia, que esta dera a Jacó, para ver as filhas da terra.
2 - E Siquém, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e humilhou-a.
3 - E apegou-se a sua alma com Diná, filha de Jacó, e amou a moça e falou afetuosamente à moça.
4 - Falou também Siquém a Hamor, seu pai, dizendo: Toma-me esta moça por mulher.
5 - Quando Jacó ouviu que Diná, sua filha, fora violada, estavam os seus filhos no campo com o gado; e calou-se Jacó até que viessem.
6 - E saiu Hamor, pai de Siquém, a Jacó, para falar com ele.
7 - E vieram os filhos de Jacó do campo, ouvindo isso, e entristeceram-se os homens, e iraram-se muito, porquanto Siquém cometera uma insensatez em Israel, deitando-se com a filha de Jacó; o que não se devia fazer assim.
8 - Então falou Hamor com eles, dizendo: A alma de Siquém, meu filho, está enamorada da vossa filha; dai-lha, peço-vos, por mulher;
9 - E aparentai-vos conosco, dai-nos as vossas filhas, e tomai as nossas filhas para vós;
10 - E habitareis conosco; e a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e tomai possessão nela.
11 - E disse Siquém ao pai dela, e aos irmãos dela: Ache eu graça em vossos olhos, e darei o que me disserdes;
12 - Aumentai muito sobre mim o dote e a dádiva e darei o que me disserdes; dai-me somente a moça por mulher.
13 - Então responderam os filhos de Jacó a Siquém e a Hamor, seu pai, enganosamente, e falaram, porquanto havia violado a Diná, sua irmã.
14 - E disseram-lhe: Não podemos fazer isso, dar a nossa irmã a um homem não circuncidado; porque isso seria uma vergonha para nós;
15 - Nisso, porém, consentiremos a vós: se fordes como nós; que se circuncide todo o homem entre vós;
16 - Então dar-vos-emos as nossas filhas, e tomaremos nós as vossas filhas, e habitaremos convosco, e seremos um povo;
17 - Mas se não nos ouvirdes, e não vos circuncidardes, tomaremos a nossa filha e ir-nos-emos.
18 - E suas palavras foram boas aos olhos de Hamor, e aos olhos de Siquém, filho de Hamor.
19 - E não tardou o jovem em fazer isto; porque a filha de Jacó lhe contentava; e ele era o mais honrado de toda a casa de seu pai.
20 - Veio, pois, Hamor e Siquém, seu filho, à porta da sua cidade, e falaram aos homens da sua cidade, dizendo:
21 - Estes homens são pacíficos conosco; portanto habitarão nesta terra, e negociarão nela; eis que a terra é larga de espaço para eles; tomaremos nós as suas filhas por mulheres, e lhes daremos as nossas filhas.
22 - Nisto, porém, consentirão aqueles homens, em habitar conosco, para que sejamos um povo, se todo o homem entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.
23 - E seu gado, as suas possessões, e todos os seus animais não serão nossos? Consintamos somente com eles e habitarão conosco.
24 - E deram ouvidos a Hamor e a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e foi circuncidado todo o homem, de todos os que saíam pela porta da sua cidade.
25 - E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a mais violenta dor, os dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, e entraram afoitamente na cidade, e mataram todos os homens.
26 - Mataram também ao fio da espada a Hamor, e a seu filho Siquém; e tomaram a Diná da casa de Siquém, e saíram.
27 - Vieram os filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade; porquanto violaram a sua irmã.
28 - As suas ovelhas, e as suas vacas, e os seus jumentos, e o que havia na cidade e no campo, tomaram.
29 - E todos os seus bens, e todos os seus meninos, e as suas mulheres, levaram presos, e saquearam tudo o que havia em casa.
30 - Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me turbado, fazendo-me cheirar mal entre os moradores desta terra, entre os cananeus e perizeus; tendo eu pouco povo em número, eles ajuntar-se-ão, e serei destruído, eu e minha casa.
31 - E eles disseram: Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?
Capítulo - 35
1 - Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu, quando fugiste da face de Esaú teu irmão.
2 - Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos, que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes.
3 - E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado.
4 - Então deram a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, e as arrecadas que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
5 - E partiram; e o terror de Deus foi sobre as cidades que estavam ao redor deles, e não seguiram após os filhos de Jacó.
6 - Assim chegou Jacó a Luz, que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que com ele havia.
7 - E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão.
8 - E morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho cujo nome chamou Alom-Bacute.
9 - E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo de Padã-Arã, e abençoou-o.
10 - E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel.
11 - Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos;
12 - E te darei a ti a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque, e à tua descendência depois de ti darei a terra.
13 - E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele.
14 - E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela azeite.
15 - E chamou Jacó aquele lugar, onde Deus falara com ele, Betel.
16 - E partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e deu à luz Raquel, e ela teve trabalho em seu parto.
17 - E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás.
18 - E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim.
19 - Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém.
20 - E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje.
21 - Então partiu Israel, e estendeu a sua tenda além de Migdal Eder.
22 - E aconteceu que, habitando Israel naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube. E eram doze os filhos de Jacó.
23 - Os filhos de Lia: Rúben, o primogênito de Jacó, depois Simeão e Levi, e Judá, e Issacar e Zebulom;
24 - Os filhos de Raquel: José e Benjamim;
25 - E os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali;
26 - E os filhos de Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.
27 - E Jacó veio a seu pai Isaque, a Manre, a Quiriate-Arba (que é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque.
28 - E foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.
29 - E Isaque expirou, e morreu, e foi recolhido ao seu povo, velho e farto de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram.
Capítulo - 36
1 - E estas são as gerações de Esaú (que é Edom).
2 - Esaú tomou suas mulheres das filhas de Canaã; a Ada, filha de Elom, heteu, e a Aolibama, filha de Aná, filho de Zibeão, heveu.
3 - E a Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.
4 - E Ada teve de Esaú a Elifaz; e Basemate teve a Reuel;
5 - E Aolibama deu à luz a Jeús, Jalão e Coré; estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
6 - E Esaú tomou suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as almas de sua casa, e seu gado, e todos os seus animais, e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de Canaã; e foi para outra terra apartando-se de Jacó, seu irmão;
7 - Porque os bens deles eram muitos para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.
8 - Portanto Esaú habitou na montanha de Seir; Esaú é Edom.
9 - Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, na montanha de Seir.
10 - Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.
11 - E os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz.
12 - E Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque. Estes são os filhos de Ada, mulher de Esaú.
13 - E estes foram os filhos de Reuel: Naate, Zerá, Samá e Mizá; estes foram os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
14 - E estes foram os filhos de Aolibama, mulher de Esaú, filha de Aná, filho de Zibeão; ela teve de Esaú: Jeús, Jalão e Coré.
15 - Estes são os príncipes dos filhos de Esaú: os filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, o príncipe Temã, o príncipe Omar, o príncipe Zefô, o príncipe Quenaz.
16 - O príncipe Coré, o príncipe Gaetã, o príncipe Amaleque; estes são os príncipes de Elifaz na terra de Edom; estes são os filhos de Ada.
17 - E estes são os filhos de Reuel, filhos de Esaú: o príncipe Naate, o príncipe Zerá, o príncipe Samá, o príncipe Mizá; estes são os príncipes de Reuel, na terra de Edom; estes são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
18 - E estes são os filhos de Aolibama, mulher de Esaú: o príncipe Jeús, o príncipe Jalão, o príncipe Coré; estes são os príncipes de Aolibama, filha de Aná, mulher de Esaú.
19 - Estes são os filhos de Esaú, e estes são seus príncipes: Ele é Edom.
20 - Estes são os filhos de Seir, horeu, moradores daquela terra: Lotã, Sobal, Zibeão e Aná,
21 - Disom, Eser e Disã; estes são os príncipes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.
22 - E os filhos de Lotã foram Hori e Homã; e a irmã de Lotã era Timna.
23 - Estes são os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.
24 - E estes são os filhos de Zibeão: Aiá e Aná; este é o Aná que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
25 - E estes são os filhos de Aná: Disom e Aolibama, a filha de Aná.
26 - E estes são os filhos de Disã: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27 - Estes são os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.
28 - Estes são os filhos de Disã: Uz e Arã.
29 - Estes são os príncipes dos horeus: o príncipe Lotã, o príncipe Sobal, o príncipe Zibeão, o príncipe Aná.
30 - O príncipe Disom, o príncipe Eser, o príncipe Disã: estes são os príncipes dos horeus segundo os seus principados na terra de Seir.
31 - E estes são os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.
32 - Reinou, pois, em Edom Bela, filho de Beor, e o nome da sua cidade foi Dinabá.
33 - E morreu Bela; e Jobabe, filho de Zerá, de Bozra, reinou em seu lugar.
34 - E morreu Jobabe; e Husão, da terra dos temanitas, reinou em seu lugar.
35 - E morreu Husão, e em seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade, o que feriu a Midiã, no campo de Moabe; e o nome da sua cidade foi Avite.
36 - E morreu Hadade; e Samlá de Masreca reinou em seu lugar.
37 - E morreu Samlá; e Saul de Reobote, junto ao rio, reinou em seu lugar.
38 - E morreu Saul; e Baal-Hanã, filho de Acbor, reinou em seu lugar.
39 - E morreu Baal-Hanã, filho de Acbor; e Hadar reinou em seu lugar, e o nome de sua cidade foi Pau; e o nome de sua mulher foi Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 - E estes são os nomes dos príncipes de Esaú, segundo as suas gerações, segundo os seus lugares, com os seus nomes: o príncipe Timna, o príncipe Alva, o príncipe Jetete,
41 - O príncipe Aolibama, o príncipe Ela, o príncipe Pinom,
42 - O príncipe Quenaz, o príncipe Temã, o príncipe Mibzar,
43 - O príncipe Magdiel, o príncipe Irã: estes são os príncipes de Edom, segundo as suas habitações, na terra da sua possessão. Este é Esaú, pai de Edom.
Capítulo - 37
1 - E Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 - Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia más notícias deles a seu pai.
3 - E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.
4 - Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente.
5 - Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.
6 - E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado:
7 - Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava, e também ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.
8 - Então lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por seus sonhos e por suas palavras.
9 - E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim.
10 - E contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?
11 - Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai porém guardava este negócio no seu coração.
12 - E seus irmãos foram apascentar o rebanho de seu pai, junto de Siquém.
13 - Disse, pois, Israel a José: Não apascentam os teus irmãos junto de Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. E ele respondeu: Eis-me aqui.
14 - E ele lhe disse: Ora vai, vê como estão teus irmãos, e como está o rebanho, e traze-me resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom, e foi a Siquém.
15 - E achou-o um homem, porque eis que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe o homem, dizendo: Que procuras?
16 - E ele disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde eles apascentam.
17 - E disse aquele homem: Foram-se daqui; porque ouvi-os dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu atrás de seus irmãos, e achou-os em Dotã.
18 - E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem.
19 - E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor!
20 - Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas, e diremos: Uma fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos.
21 - E ouvindo-o Rúben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a vida.
22 - Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mãos nele; isto disse para livrá-lo das mãos deles e para torná-lo a seu pai.
23 - E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram de José a sua túnica, a túnica de várias cores, que trazia.
24 - E tomaram-no, e lançaram-no na cova; porém a cova estava vazia, não havia água nela.
25 - Depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e olharam, e eis que uma companhia de ismaelitas vinha de Gileade; e seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam levá-los ao Egito.
26 - Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a nosso irmão e escondamos o seu sangue?
27 - Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque ele é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram.
28 - Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte moedas de prata, aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito.
29 - Voltando, pois, Rúben à cova, eis que José não estava na cova; então rasgou as suas vestes.
30 - E voltou a seus irmãos e disse: O menino não está; e eu aonde irei?
31 - Então tomaram a túnica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.
32 - E enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai, e disseram: Temos achado esta túnica; conhece agora se esta será ou não a túnica de teu filho.
33 - E conheceu-a, e disse: É a túnica de meu filho; uma fera o comeu; certamente José foi despedaçado.
34 - Então Jacó rasgou as suas vestes, pôs saco sobre os seus lombos e lamentou a seu filho muitos dias.
35 - E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai.
36 - E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.
Capítulo - 38
1 - E aconteceu no mesmo tempo que Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa de um homem de Adulão, cujo nome era Hira,
2 - E viu Judá ali a filha de um homem cananeu, cujo nome era Sua; e tomou-a por mulher, e a possuiu.
3 - E ela concebeu e deu à luz um filho, e chamou-lhe Er.
4 - E tornou a conceber e deu à luz um filho, e chamou-lhe Onã.
5 - E continuou ainda e deu à luz um filho, e chamou-lhe Selá; e Judá estava em Quezibe, quando ela o deu à luz.
6 - Judá, pois, tomou uma mulher para Er, o seu primogênito, e o seu nome era Tamar.
7 - Er, porém, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, por isso o Senhor o matou.
8 - Então disse Judá a Onã: Toma a mulher do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita descendência a teu irmão.
9 - Onã, porém, soube que esta descendência não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando possuía a mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, para não dar descendência a seu irmão.
10 - E o que fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que também o matou.
11 - Então disse Judá a Tamar sua nora: Fica-te viúva na casa de teu pai, até que Selá, meu filho, seja grande. Porquanto disse: Para que porventura não morra também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e ficou na casa de seu pai.
12 - Passando-se pois muitos dias, morreu a filha de Sua, mulher de Judá; e depois de consolado Judá subiu aos tosquiadores das suas ovelhas em Timna, ele e Hira, seu amigo, o adulamita.
13 - E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timna, a tosquiar as suas ovelhas.
14 - Então ela tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez e cobriu-se com o véu, e envolveu-se, e assentou-se à entrada das duas fontes que estão no caminho de Timna, porque via que Selá já era grande, e ela não lhe fora dada por mulher.
15 - E vendo-a Judá, teve-a por uma prostituta, porque ela tinha coberto o seu rosto.
16 - E dirigiu-se a ela no caminho, e disse: Vem, peço-te, deixa-me possuir-te. Porquanto não sabia que era sua nora. E ela disse: Que darás, para que possuas a mim?
17 - E ele disse: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. E ela disse: Dar-me-ás penhor até que o envies?
18 - Então ele disse: Que penhor é que te darei? E ela disse: O teu selo, e o teu cordão, e o cajado que está em tua mão. O que ele lhe deu, e possuiu-a, e ela concebeu dele.
19 - E ela se levantou, e se foi e tirou de sobre si o seu véu, e vestiu os vestidos da sua viuvez.
20 - E Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo, o adulamita, para tomar o penhor da mão da mulher; porém não a achou.
21 - E perguntou aos homens daquele lugar dizendo: Onde está a prostituta que estava no caminho junto às duas fontes? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
22 - E tornou-se a Judá e disse: Não a achei; e também disseram os homens daquele lugar: Aqui não esteve prostituta.
23 - Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor, para que porventura não caiamos em desprezo; eis que tenho enviado este cabrito; mas tu não a achaste.
24 - E aconteceu que, quase três meses depois, deram aviso a Judá, dizendo: Tamar, tua nora, adulterou, e eis que está grávida do adultério. Então disse Judá: Tirai-a fora para que seja queimada.
25 - E tirando-a fora, ela mandou dizer a seu sogro: Do homem de quem são estas coisas eu concebi. E ela disse mais: Conhece, peço-te, de quem é este selo, e este cordão, e este cajado.
26 - E conheceu-os Judá e disse: Mais justa é ela do que eu, porquanto não a tenho dado a Selá meu filho. E nunca mais a conheceu.
27 - E aconteceu ao tempo de dar à luz que havia gêmeos em seu ventre;
28 - E sucedeu que, dando ela à luz, que um pôs fora a mão, e a parteira tomou-a, e atou em sua mão um fio encarnado, dizendo: Este saiu primeiro.
29 - Mas aconteceu que, tornando ele a recolher a sua mão, eis que saiu o seu irmão, e ela disse: Como tu tens rompido, sobre ti é a rotura. E chamaram-lhe Perez.
30 - E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio encarnado; e chamaram-lhe Zerá.
Capítulo - 39
1 - E José foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, homem egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham levado lá.
2 - E o SENHOR estava com José, e foi homem próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.
3 - Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR prosperava em sua mão,
4 - José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.
5 - E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.
6 - E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. E José era formoso de porte, e de semblante.
7 - E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os seus olhos em José, e disse: Deita-te comigo.
8 - Porém ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;
9 - Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?
10 - E aconteceu que falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvidos, para deitar-se com ela, e estar com ela,
11 - Sucedeu num certo dia que ele veio à casa para fazer seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali;
12 - E ela lhe pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou a sua roupa na mão dela, e fugiu, e saiu para fora.
13 - E aconteceu que, vendo ela que deixara a sua roupa em sua mão, e fugira para fora,
14 - Chamou aos homens de sua casa, e falou-lhes, dizendo: Vede, meu marido trouxe-nos um homem hebreu para escarnecer de nós; veio a mim para deitar-se comigo, e eu gritei com grande voz;
15 - E aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava, deixou a sua roupa comigo, e fugiu, e saiu para fora.
16 - E ela pôs a sua roupa perto de si, até que o seu senhor voltou à sua casa.
17 - Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim;
18 - E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a sua roupa comigo, e fugiu para fora.
19 - E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Conforme a estas mesmas palavras me fez teu servo, a sua ira se acendeu.
20 - E o senhor de José o tomou, e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; assim esteve ali na casa do cárcere.
21 - O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.
22 - E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere, e ele ordenava tudo o que se fazia ali.
23 - E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o Senhor estava com ele, e tudo o que fazia o Senhor prosperava.
Capítulo - 40
1 - E aconteceu, depois destas coisas, que o copeiro do rei do Egito, e o seu padeiro, ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.
2 - E indignou-se Faraó muito contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor.
3 - E entregou-os à prisão, na casa do capitão da guarda, na casa do cárcere, no lugar onde José estava preso.
4 - E o capitão da guarda pô-los a cargo de José, para que os servisse; e estiveram muitos dias na prisão.
5 - E ambos tiveram um sonho, cada um seu sonho, na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam presos na casa do cárcere.
6 - E veio José a eles pela manhã, e olhou para eles, e viu que estavam perturbados.
7 - Então perguntou aos oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão hoje tristes os vossos semblantes?
8 - E eles lhe disseram: Tivemos um sonho, e ninguém há que o interprete. E José disse-lhes: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 - Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face.
10 - E na vide três sarmentos, e brotando ela, a sua flor saía, e os seus cachos amadureciam em uvas;
11 - E o copo de Faraó estava na minha mão, e eu tomava as uvas, e as espremia no copo de Faraó, e dava o copo na mão de Faraó.
12 - Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: Os três sarmentos são três dias;
13 - Dentro ainda de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu estado, e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 - Porém lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa;
15 - Porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito para que me pusessem nesta cova.
16 - Vendo então o padeiro-mor que tinha interpretado bem, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos brancos estavam sobre a minha cabeça;
17 - E no cesto mais alto havia de todos os manjares de Faraó, obra de padeiro; e as aves o comiam do cesto, de sobre a minha cabeça.
18 - Então respondeu José, e disse: Esta é a sua interpretação: Os três cestos são três dias;
19 - Dentro ainda de três dias Faraó tirará a tua cabeça e te pendurará num pau, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.
20 - E aconteceu ao terceiro dia, o dia do nascimento de Faraó, que fez um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor, no meio dos seus servos.
21 - E fez tornar o copeiro-mor ao seu ofício de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó,
22 - Mas ao padeiro-mor enforcou, como José havia interpretado.
23 - O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.
Capítulo - 41
1 - E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio.
2 - E eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no prado.
3 - E eis que subiam do rio após elas outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas na praia do rio.
4 - E as vacas feias à vista e magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista e gordas. Então acordou Faraó.
5 - Depois dormiu e sonhou outra vez, e eis que brotavam de um mesmo pé sete espigas cheias e boas.
6 - E eis que sete espigas miúdas, e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.
7 - E as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então acordou Faraó, e eis que era um sonho.
8 - E aconteceu que pela manhã o seu espírito perturbou-se, e enviou e chamou todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios; e Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que lhos interpretasse.
9 - Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Das minhas ofensas me lembro hoje:
10 - Estando Faraó muito indignado contra os seus servos, e pondo-me sob prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mor,
11 - Então tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele; sonhamos, cada um conforme a interpretação do seu sonho.
12 - E estava ali conosco um jovem hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhe os nossos sonhos e ele no-los interpretou, a cada um conforme o seu sonho.
13 - E como ele nos interpretou, assim aconteceu; a mim me foi restituído o meu cargo, e ele foi enforcado.
14 - Então mandou Faraó chamar a José, e o fizeram sair logo do cárcere; e barbeou-se e mudou as suas roupas e apresentou-se a Faraó.
15 - E Faraó disse a José: Eu tive um sonho, e ninguém há que o interprete; mas de ti ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas.
16 - E respondeu José a Faraó, dizendo: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó.
17 - Então disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava eu em pé na margem do rio,
18 - E eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado.
19 - E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista e magras de carne; não tenho visto outras tais, quanto à fealdade, em toda a terra do Egito.
20 - E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas;
21 - E entravam em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem entrado; porque o seu parecer era feio como no princípio. Então acordei.
22 - Depois vi em meu sonho, e eis que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas;
23 - E eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.
24 - E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu contei isso aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse.
25 - Então disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.
26 - As sete vacas formosas são sete anos, as sete espigas formosas também são sete anos, o sonho é um só.
27 - E as sete vacas feias à vista e magras, que subiam depois delas, são sete anos, e as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, serão sete anos de fome.
28 - Esta é a palavra que tenho dito a Faraó; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.
29 - E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito.
30 - E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;
31 - E não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que haverá depois; porquanto será gravíssima.
32 - E que o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la.
33 - Portanto, Faraó previna-se agora de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.
34 - Faça isso Faraó e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos de fartura,
35 - E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem o trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem.
36 - Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 - E esta palavra foi boa aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.
38 - E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de Deus?
39 - Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.
40 - Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu.
41 - Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito.
42 - E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço.
43 - E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai. Assim o pôs sobre toda a terra do Egito.
44 - E disse Faraó a José: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito.
45 - E Faraó chamou a José de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu José por toda a terra do Egito.
46 - E José era da idade de trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
47 - E nos sete anos de fartura a terra produziu abundantemente.
48 - E ele ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito; e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas mesmas o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade.
49 - Assim ajuntou José muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porquanto não havia numeração.
50 - E nasceram a José dois filhos (antes que viesse um ano de fome), que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
51 - E chamou José ao primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai.
52 - E ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.
53 - Então acabaram-se os sete anos de fartura que havia na terra do Egito.
54 - E começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão.
55 - E tendo toda a terra do Egito fome, clamou o povo a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
56 - Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia mantimento, e vendeu aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 - E de todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.
Capítulo - 42
1 - Vendo então Jacó que havia mantimento no Egito, disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?
2 - Disse mais: Eis que tenho ouvido que há mantimentos no Egito; descei para lá, e comprai-nos dali, para que vivamos e não morramos.
3 - Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.
4 - A Benjamim, porém, irmão de José, não enviou Jacó com os seus irmãos, porque dizia: Para que lhe não suceda, porventura, algum desastre.
5 - Assim, entre os que iam lá foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na terra de Canaã.
6 - José, pois, era o governador daquela terra; ele vendia a todo o povo da terra; e os irmãos de José chegaram e inclinaram-se a ele, com o rosto em terra.
7 - E José, vendo os seus irmãos, conheceu-os; porém mostrou-se estranho para com eles, e falou-lhes asperamente, e disse-lhes: De onde vindes? E eles disseram: Da terra de Canaã, para comprarmos mantimento.
8 - José, pois, conheceu os seus irmãos; mas eles não o conheceram.
9 - Então José lembrou-se dos sonhos que havia tido deles e disse-lhes: Vós sois espias, e viestes para ver a nudez da terra.
10 - E eles lhe disseram: Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.
11 - Todos nós somos filhos de um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são espias.
12 - E ele lhes disse: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.
13 - E eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem na terra de Canaã; e eis que o mais novo está com nosso pai hoje; mas um já não existe.
14 - Então lhes disse José: Isso é o que vos tenho dito, sois espias;
15 - Nisto sereis provados; pela vida de Faraó, não saireis daqui senão quando vosso irmão mais novo vier aqui.
16 - Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, e vossas palavras sejam provadas, se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois espias.
17 - E pô-los juntos, em prisão, três dias.
18 - E ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; porque eu temo a Deus.
19 - Se sois homens de retidão, que fique um de vossos irmãos preso na casa de vossa prisão; e vós ide, levai mantimento para a fome de vossa casa,
20 - E trazei-me o vosso irmão mais novo, e serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram.
21 - Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia.
22 - E Rúben respondeu-lhes, dizendo: Não vo-lo dizia eu: Não pequeis contra o menino; mas não ouvistes; e vedes aqui, o seu sangue também é requerido.
23 - E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.
24 - E retirou-se deles e chorou. Depois tornou a eles, e falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles, e amarrou-o perante os seus olhos.
25 - E ordenou José, que enchessem os seus sacos de trigo, e que lhes restituíssem o seu dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem comida para o caminho; e fizeram-lhes assim.
26 - E carregaram o seu trigo sobre os seus jumentos e partiram dali.
27 - E, abrindo um deles o seu saco, para dar pasto ao seu jumento na estalagem, viu o seu dinheiro; porque eis que estava na boca do seu saco.
28 - E disse a seus irmãos: Devolveram o meu dinheiro, e ei-lo também aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração, e pasmavam, dizendo um ao outro: Que é isto que Deus nos tem feito?
29 - E vieram para Jacó, seu pai, na terra de Canaã; e contaram-lhe tudo o que lhes aconteceu, dizendo:
30 - O homem, o senhor da terra, falou conosco asperamente, e tratou-nos como espias da terra;
31 - Mas dissemos-lhe: Somos homens de retidão; não somos espias;
32 - Somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um não mais existe, e o mais novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã.
33 - E aquele homem, o senhor da terra, nos disse: Nisto conhecerei que vós sois homens de retidão; deixai comigo um de vossos irmãos, e tomai para a fome de vossas casas, e parti,
34 - E trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de retidão; então vos darei o vosso irmão e negociareis na terra.
35 - E aconteceu que, despejando eles os seus sacos, eis que cada um tinha o pacote com seu dinheiro no seu saco; e viram os pacotes com seu dinheiro, eles e seu pai, e temeram.
36 - Então Jacó, seu pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não existe e Simeão não está aqui; agora levareis a Benjamim. Todas estas coisas vieram sobre mim.
37 - Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu não tornar a trazê-lo para ti; entrega-o em minha mão, e tornarei a trazê-lo.
38 - Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura.
Capítulo - 43
1 - E a fome era gravíssima na terra.
2 - E aconteceu que, como acabaram de comer o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: Voltai, comprai-nos um pouco de alimento.
3 - Mas Judá respondeu-lhe, dizendo: Fortemente nos protestou aquele homem, dizendo: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco.
4 - Se enviares conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento;
5 - Mas se não o enviares, não desceremos; porquanto aquele homem nos disse: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco.
6 - E disse Israel: Por que me fizeste tal mal, fazendo saber àquele homem que tínheis ainda outro irmão?
7 - E eles disseram: Aquele homem particularmente nos perguntou por nós, e pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pai? Tendes mais um irmão? E respondemos-lhe conforme as mesmas palavras. Podíamos nós saber que diria: Trazei vosso irmão?
8 - Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o jovem comigo, e levantar-nos-emos, e iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem os nossos filhos.
9 - Eu serei fiador por ele, da minha mão o requererás; se eu não o trouxer, e não o puser perante a tua face, serei réu de crime para contigo para sempre.
10 - E se não nos tivéssemos detido, certamente já estaríamos segunda vez de volta.
11 - Então disse-lhes Israel, seu pai: Pois que assim é, fazei isso; tomai do mais precioso desta terra em vossos vasos, e levai ao homem um presente: um pouco do bálsamo e um pouco de mel, especiarias e mirra, terebinto e amêndoas;
12 - E tomai em vossas mãos dinheiro em dobro, e o dinheiro que voltou na boca dos vossos sacos tornai a levar em vossas mãos; bem pode ser que fosse erro.
13 - Tomai também a vosso irmão, e levantai-vos e voltai àquele homem;
14 - E Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.
15 - E os homens tomaram aquele presente, e dinheiro em dobro em suas mãos, e a Benjamim; e levantaram-se, e desceram ao Egito, e apresentaram-se diante de José.
16 - Vendo, pois, José a Benjamim com eles, disse ao que estava sobre a sua casa: Leva estes homens à casa, e mata reses, e prepara tudo; porque estes homens comerão comigo ao meio-dia.
17 - E o homem fez como José dissera, e levou-os à casa de José.
18 - Então temeram aqueles homens, porquanto foram levados à casa de José, e diziam: Por causa do dinheiro que dantes voltou nos nossos sacos, fomos trazidos aqui, para nos incriminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, e a nossos jumentos.
19 - Por isso chegaram-se ao homem que estava sobre a casa de José, e falaram com ele à porta da casa,
20 - E disseram: Ai! senhor meu, certamente descemos dantes a comprar mantimento;
21 - E aconteceu que, chegando à estalagem, e abrindo os nossos sacos, eis que o dinheiro de cada um estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos;
22 - Também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro nos nossos sacos.
23 - E ele disse: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos tem dado um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro me chegou a mim. E trouxe-lhes fora a Simeão.
24 - Depois levou os homens à casa de José, e deu-lhes água, e lavaram os seus pés; também deu pasto aos seus jumentos.
25 - E prepararam o presente, para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer pão.
26 - Vindo, pois, José à casa, trouxeram-lhe ali o presente que tinham em suas mãos; e inclinaram-se a ele até à terra.
27 - E ele lhes perguntou como estavam, e disse: Vosso pai, o ancião de quem falastes, está bem? Ainda vive?
28 - E eles disseram: Bem está o teu servo, nosso pai vive ainda. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.
29 - E ele levantou os seus olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: Este é vosso irmão mais novo de quem falastes? Depois ele disse: Deus te dê a sua graça, meu filho.
30 - E José apressou-se, porque as suas entranhas comoveram-se por causa do seu irmão, e procurou onde chorar; e entrou na câmara, e chorou ali.
31 - Depois lavou o seu rosto, e saiu; e conteve-se, e disse: Ponde pão.
32 - E serviram-lhe à parte, e a eles também à parte, e aos egípcios, que comiam com ele, à parte; porque os egípcios não podem comer pão com os hebreus, porquanto é abominação para os egípcios.
33 - E assentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si.
34 - E apresentou-lhes as porções que estavam diante dele; porém a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que as porções deles todos. E eles beberam, e se regalaram com ele.
Capítulo - 44
1 - E deu ordem ao que estava sobre a sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos destes homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.
2 - E o meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra que José tinha dito.
3 - Vinda a luz da manhã, despediram-se estes homens, eles com os seus jumentos.
4 - Saindo eles da cidade, e não se havendo ainda distanciado, disse José ao que estava sobre a sua casa: Levanta-te, e persegue aqueles homens; e, alcançando-os, lhes dirás: Por que pagastes mal por bem?
5 - Não é este o copo em que bebe meu senhor e pelo qual bem adivinha? Procedestes mal no que fizestes.
6 - E alcançou-os, e falou-lhes as mesmas palavras.
7 - E eles disseram-lhe: Por que diz meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.
8 - Eis que o dinheiro, que temos achado nas bocas dos nossos sacos, te tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
9 - Aquele, com quem de teus servos for achado, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.
10 - E ele disse: Ora seja também assim conforme as vossas palavras; aquele com quem se achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.
11 - E eles apressaram-se e cada um pôs em terra o seu saco, e cada um abriu o seu saco.
12 - E buscou, começando do maior, e acabando no mais novo; e achou-se o copo no saco de Benjamim.
13 - Então rasgaram as suas vestes, e carregou cada um o seu jumento, e tornaram à cidade.
14 - E veio Judá com os seus irmãos à casa de José, porque ele ainda estava ali; e prostraram-se diante dele em terra.
15 - E disse-lhes José: Que é isto que fizestes? Não sabeis vós que um homem como eu pode, muito bem, adivinhar?
16 - Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E como nos justificaremos? Achou Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo.
17 - Mas ele disse: Longe de mim que eu tal faça; o homem em cuja mão o copo foi achado, esse será meu servo; porém vós, subi em paz para vosso pai.
18 - Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.
19 - Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 - E dissemos a meu senhor: Temos um velho pai, e um filho da sua velhice, o mais novo, cujo irmão é morto; e só ele ficou de sua mãe, e seu pai o ama.
21 - Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo a mim, e porei os meus olhos sobre ele.
22 - E nós dissemos a meu senhor: Aquele moço não poderá deixar a seu pai; se deixar a seu pai, este morrerá.
23 - Então tu disseste a teus servos: Se vosso irmão mais novo não descer convosco, nunca mais vereis a minha face.
24 - E aconteceu que, subindo nós a teu servo meu pai, e contando-lhe as palavras de meu senhor,
25 - Disse nosso pai: Voltai, comprai-nos um pouco de mantimento.
26 - E nós dissemos: Não poderemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não poderemos ver a face do homem se este nosso irmão menor não estiver conosco.
27 - Então disse-nos teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;
28 - E um ausentou-se de mim, e eu disse: Certamente foi despedaçado, e não o tenho visto até agora;
29 - Se agora também tirardes a este da minha face, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com aflição à sepultura.
30 - Agora, pois, indo eu a teu servo, meu pai, e o moço não indo conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele,
31 - Acontecerá que, vendo ele que o moço ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza à sepultura.
32 - Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo: Se eu o não tornar para ti, serei culpado para com meu pai por todos os dias.
33 - Agora, pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço com os seus irmãos.
34 - Porque, como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.
Capítulo - 45
1 - Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.
2 - E levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviam, e a casa de Faraó o ouviu.
3 - E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face.
4 - E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 - Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós.
6 - Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
7 - Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
8 - Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito.
9 - Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho José: Deus me tem posto por senhor em toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;
10 - E habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas, e tudo o que tens.
11 - E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.
12 - E eis que vossos olhos, e os olhos de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.
13 - E fazei saber a meu pai toda a minha glória no Egito, e tudo o que tendes visto, e apressai-vos a fazer descer meu pai para cá.
14 - E lançou-se ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao seu pescoço.
15 - E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois seus irmãos falaram com ele.
16 - E esta notícia ouviu-se na casa de Faraó: Os irmãos de José são vindos; e pareceu bem aos olhos de Faraó, e aos olhos de seus servos.
17 - E disse Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã.
18 - E tornai a vosso pai, e às vossas famílias, e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra.
19 - A ti, pois, é ordenado: Fazei isto: tomai vós da terra do Egito carros para vossos meninos, para vossas mulheres, e para vosso pai, e vinde.
20 - E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.
21 - E os filhos de Israel fizeram assim. E José deu-lhes carros, conforme o mandado de Faraó; também lhes deu comida para o caminho.
22 - A todos lhes deu, a cada um, mudas de roupas; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupas.
23 - E a seu pai enviou semelhantemente dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentos carregados de trigo e pão, e comida para seu pai, para o caminho.
24 - E despediu os seus irmãos, e partiram; e disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 - E subiram do Egito, e vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai.
26 - Então lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e ele também é regente em toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.
27 - Porém, havendo-lhe eles contado todas as palavras de José, que ele lhes falara, e vendo ele os carros que José enviara para levá-lo, reviveu o espírito de Jacó seu pai.
28 - E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.
Capítulo - 46
1 - E partiu Israel com tudo quanto tinha, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.
2 - E falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! E ele disse: Eis-me aqui.
3 - E disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação.
4 - E descerei contigo ao Egito, e certamente te farei tornar a subir, e José porá a sua mão sobre os teus olhos.
5 - Então levantou-se Jacó de Berseba; e os filhos de Israel levaram a seu pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.
6 - E tomaram o seu gado e os seus bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele;
7 - Os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as filhas, e as filhas de seus filhos, e toda a sua descendência levou consigo ao Egito.
8 - E estes são os nomes dos filhos de Israel, que vieram ao Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó.
9 - E os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10 - E os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma mulher cananéia.
11 - E os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari.
12 - E os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zerá; Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã; e os filhos de Perez foram Hezrom e Hamul.
13 - E os filhos de Issacar: Tola, Puva, Jó e Sinrom.
14 - E os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.
15 - Estes são os filhos de Lia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha; todas as almas de seus filhos e de suas filhas foram trinta e três.
16 - E os filhos de Gade: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli.
17 - E os filhos de Aser: Imna, Isvá, Isvi, Berias e Sera, a irmã deles; e os filhos de Berias: Héber e Malquiel.
18 - Estes são os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Lia; e deu a Jacó estas dezesseis almas.
19 - Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.
20 - E nasceram a José na terra do Egito, Manassés e Efraim, que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
21 - E os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde.
22 - Estes são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas.
23 - E o filho de Dã: Husim.
24 - E os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
25 - Estes são os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e deu estes a Jacó; todas as almas foram sete.
26 - Todas as almas que vieram com Jacó ao Egito, que saíram dos seus lombos, fora as mulheres dos filhos de Jacó, todas foram sessenta e seis almas.
27 - E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram ao Egito, eram setenta.
28 - E Jacó enviou Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.
29 - Então José aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen. E, apresentando-se-lhe, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.
30 - E Israel disse a José: Morra eu agora, pois já tenho visto o teu rosto, que ainda vives.
31 - Depois disse José a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e anunciarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram a mim!
32 - E os homens são pastores de ovelhas, porque são homens de gado, e trouxeram consigo as suas ovelhas, e as suas vacas, e tudo o que têm.
33 - Quando, pois, acontecer que Faraó vos chamar, e disser: Qual é o vosso negócio?
34 - Então direis: Teus servos foram homens de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como os nossos pais; para que habiteis na terra de Gósen, porque todo o pastor de ovelhas é abominação aos egípcios.
Capítulo - 47
1 - Então veio José e anunciou a Faraó, e disse: Meu pai e os meus irmãos e as suas ovelhas, e as suas vacas, com tudo o que têm, são vindos da terra de Canaã, e eis que estão na terra de Gósen.
2 - E tomou uma parte de seus irmãos, a saber, cinco homens, e os pôs diante de Faraó.
3 - Então disse Faraó a seus irmãos: Qual é o vosso negócio? E eles disseram a Faraó: Teus servos são pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
4 - Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te que teus servos habitem na terra de Gósen.
5 - Então falou Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;
6 - A terra do Egito está diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na terra de Gósen, e se sabes que entre eles há homens valentes, os porás por maiorais do gado, sobre o que eu tenho.
7 - E trouxe José a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
8 - E Faraó disse a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
9 - E Jacó disse a Faraó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos, poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.
10 - E Jacó abençoou a Faraó, e saiu da sua presença.
11 - E José fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.
12 - E José sustentou de pão a seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo as suas famílias.
13 - E não havia pão em toda a terra, porque a fome era muito grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.
14 - Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.
15 - Acabando-se, pois, o dinheiro da terra do Egito, e da terra de Canaã, vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos em tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.
16 - E José disse: Dai o vosso gado, e eu vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.
17 - Então trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca de cavalos, e das ovelhas, e das vacas e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano por todo o seu gado.
18 - E acabado aquele ano, vieram a ele no segundo ano e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o dinheiro acabou; e meu senhor possui os animais, e nenhuma outra coisa nos ficou diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;
19 - Por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra por pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; e dá-nos semente, para que vivamos, e não morramos, e a terra não se desole.
20 - Assim José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre eles; e a terra ficou sendo de Faraó.
21 - E, quanto ao povo, fê-lo passar às cidades, desde uma extremidade da terra do Egito até a outra extremidade.
22 - Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham porção de Faraó, e eles comiam a sua porção que Faraó lhes tinha dado; por isso não venderam a sua terra.
23 - Então disse José ao povo: Eis que hoje tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra.
24 - Há de ser, porém, que das colheitas dareis o quinto a Faraó, e as quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento, e dos que estão nas vossas casas, e para que comam vossos filhos.
25 - E disseram: A vida nos tens dado; achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.
26 - José, pois, estabeleceu isto por estatuto, até ao dia de hoje, sobre a terra do Egito, que Faraó tirasse o quinto; só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.
27 - Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito.
28 - E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos, de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
29 - Chegando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou a José, seu filho, e disse-lhe: Se agora tenho achado graça em teus olhos, rogo-te que ponhas a tua mão debaixo da minha coxa, e usa comigo de beneficência e verdade; rogo-te que não me enterres no Egito,
30 - Mas que eu jaza com os meus pais; por isso me levarás do Egito e me enterrarás na sepultura deles. E ele disse: Farei conforme a tua palavra.
31 - E disse ele: Jura-me. E ele jurou-lhe; e Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.
Capítulo - 48
1 - E aconteceu, depois destas coisas, que alguém disse a José: Eis que teu pai está enfermo. Então tomou consigo os seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2 - E alguém participou a Jacó, e disse: Eis que José teu filho vem a ti. E esforçou-se Israel, e assentou-se sobre a cama.
3 - E Jacó disse a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou.
4 - E me disse: Eis que te farei frutificar e multiplicar, e tornar-te-ei uma multidão de povos e darei esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua.
5 - Agora, pois, os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;
6 - Mas a tua geração, que gerarás depois deles, será tua; segundo o nome de seus irmãos serão chamados na sua herança.
7 - Vindo, pois, eu de Padã, morreu-me Raquel no caminho, na terra de Canaã, havendo ainda pequena distância para chegar a Efrata; e eu a sepultei ali, no caminho de Efrata, que é Belém.
8 - E Israel viu os filhos de José, e disse: Quem são estes?
9 - E José disse a seu pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. E ele disse: Peço-te, traze-mos aqui, para que os abençoe.
10 - Os olhos de Israel, porém, estavam carregados de velhice, já não podia ver; e fê-los chegar a ele, e beijou-os, e abraçou-os.
11 - E Israel disse a José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua descendência.
12 - Então José os tirou dos joelhos de seu pai, e inclinou-se à terra diante da sua face.
13 - E tomou José a ambos, a Efraim na sua mão direita, à esquerda de Israel, e Manassés na sua mão esquerda, à direita de Israel, e fê-los chegar a ele.
14 - Mas Israel estendeu a sua mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, que era o menor, e a sua esquerda sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as suas mãos propositadamente, não obstante Manassés ser o primogênito.
15 - E abençoou a José, e disse: O Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia;
16 - O anjo que me livrou de todo o mal, abençoe estes rapazes, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque, e multipliquem-se como peixes, em multidão, no meio da terra.
17 - Vendo, pois, José que seu pai punha a sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; e tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manassés.
18 - E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça.
19 - Mas seu pai recusou, e disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; também ele será um povo, e também ele será grande; contudo o seu irmão menor será maior que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações.
20 - Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Em ti abençoará Israel, dizendo: Deus te faça como a Efraim e como a Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.
21 - Depois disse Israel a José: Eis que eu morro, mas Deus será convosco, e vos fará tornar à terra de vossos pais.
22 - E eu tenho dado a ti um pedaço da terra a mais do que a teus irmãos, que tomei com a minha espada e com o meu arco, da mão dos amorreus.
Capítulo - 49
1 - Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos dias vindouros;
2 - Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; e ouvi a Israel vosso pai.
3 - Rúben, tu és meu primogênito, minha força e o princípio de meu vigor, o mais excelente em alteza e o mais excelente em poder.
4 - Impetuoso como a água, não serás o mais excelente, porquanto subiste ao leito de teu pai. Então o contaminaste; subiu à minha cama.
5 - Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.
6 - No seu secreto conselho não entre minha alma, com a sua congregação minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua teima arrebataram bois.
7 - Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; eu os dividirei em Jacó, e os espalharei em Israel.
8 - Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão.
9 - Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará?
10 - O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.
11 - Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas.
12 - Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.
13 - Zebulom habitará no porto dos mares, e será como porto dos navios, e o seu termo será para Sidom.
14 - Issacar é jumento de fortes ossos, deitado entre dois fardos.
15 - E viu ele que o descanso era bom, e que a terra era deliciosa e abaixou seu ombro para acarretar, e serviu debaixo de tributo.
16 - Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.
17 - Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por detrás.
18 - A tua salvação espero, ó Senhor!
19 - Quanto a Gade, uma tropa o acometerá; mas ele a acometerá por fim.
20 - De Aser, o seu pão será gordo, e ele dará delícias reais.
21 - Naftali é uma gazela solta; ele dá palavras formosas.
22 - José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus ramos correm sobre o muro.
23 - Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e odiaram.
24 - O seu arco, porém, susteve-se no forte, e os braços de suas mãos foram fortalecidos pelas mãos do Valente de Jacó (de onde é o pastor e a pedra de Israel).
25 - Pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos do abismo que está embaixo, com bênçãos dos seios e da madre.
26 - As bênçãos de teu pai excederão as bênçãos de meus pais, até à extremidade dos outeiros eternos; elas estarão sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos.
27 - Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã comerá a presa, e à tarde repartirá o despojo.
28 - Todas estas são as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção.
29 - Depois ordenou-lhes, e disse-lhes: Eu me congrego ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,
30 - Na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, a qual Abraão comprou com aquele campo de Efrom, o heteu, por herança de sepultura.
31 - Ali sepultaram a Abraão e a Sara sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca sua mulher; e ali eu sepultei a Lia.
32 - O campo e a cova que está nele, foram comprados aos filhos de Hete.
33 - Acabando, pois, Jacó de dar instruções a seus filhos, encolheu os pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo.
Capítulo - 50
1 - Então José se lançou sobre o rosto de seu pai e chorou sobre ele, e o beijou.
2 - E José ordenou aos seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel.
3 - E cumpriram-se-lhe quarenta dias; porque assim se cumprem os dias daqueles que se embalsamam; e os egípcios o choraram setenta dias.
4 - Passados, pois, os dias de seu choro, falou José à casa de Faraó, dizendo: Se agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:
5 - Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, te peço, que eu suba, para que sepulte a meu pai; então voltarei.
6 - E Faraó disse: Sobe, e sepulta a teu pai como ele te fez jurar.
7 - E José subiu para sepultar a seu pai; e subiram com ele todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito.
8 - Como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus meninos, e as suas ovelhas e as suas vacas.
9 - E subiram também com ele, tanto carros como gente a cavalo; e o cortejo foi grandíssimo.
10 - Chegando eles, pois, à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram um grande e dolorido pranto; e fez a seu pai uma grande lamentação por sete dias.
11 - E vendo os moradores da terra, os cananeus, o luto na eira de Atade, disseram: É este o pranto grande dos egípcios. Por isso chamou-se-lhe Abel-Mizraim, que está além do Jordão.
12 - E fizeram-lhe os seus filhos assim como ele lhes ordenara.
13 - Pois os seus filhos o levaram à terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, por herança de sepultura de Efrom, o heteu, em frente de Manre.
14 - Depois de haver sepultado seu pai, voltou José para o Egito, ele e seus irmãos, e todos os que com ele subiram a sepultar seu pai.
15 - Vendo então os irmãos de José que seu pai já estava morto, disseram: Porventura nos odiará José e certamente nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.
16 - Portanto mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo:
17 - Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.
18 - Depois vieram também seus irmãos, e prostraram-se diante dele, e disseram: Eis-nos aqui por teus servos.
19 - E José lhes disse: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus?
20 - Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.
21 - Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos. Assim os consolou, e falou segundo o coração deles.
22 - José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu José cento e dez anos.
23 - E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
24 - E disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra à terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
25 - E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos daqui.
26 - E morreu José da idade de cento e dez anos, e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.