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Mateus
28 capítulos
Capítulo - 1
1 - Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2 - A Abraão nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus irmãos;
3 - a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu Esrom; a Esrom nasceu Arão;
4 - a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom;
5 - a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;
6 - e a Jessé nasceu o rei Davi. A Davi nasceu Salomão da que fora mulher de Urias;
7 - a Salomão nasceu Roboão; a Roboão nasceu Abias; a nasceu Abias nasceu Asafe;
8 - a Asafe nasceu Josafá; a Josafá nasceu Jorão; a Jorão Ozias;
9 - a Ozias nasceu Joatão; a Joatão nasceu Acaz; a Acaz nasceu Ezequias;
10 - a Ezequias nasceu Manassés; a Manassés nasceu Amom; a Amom nasceu Josias;
11 - a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no tempo da deportação para Babilônia.
12 - Depois da deportação para Babilônia nasceu a Jeconias, Salatiel; a Salatiel nasceu Zorobabel;
13 - a Zorobabel nasceu Abiúde; a Abiúde nasceu Eliaquim; a Eliaquim nasceu Azor;
14 - a Azor nasceu Sadoque; a Sadoque nasceu Aquim; a Aquim nasceu Eliúde;
15 - a Eliúde nasceu Eleazar; a Eleazar nasceu Matã; a Matã nasceu Jacó;
16 - e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo.
17 - De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
18 - Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.
19 - E como José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
20 - E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
21 - ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
22 - Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta:
23 - Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.
24 - E José, tendo despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher;
25 - e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.
Capítulo - 2
1 - Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam:
2 - Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo.
3 - O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém;
4 - e, reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo.
5 - Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta:
6 - E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.
7 - Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela aparecera;
8 - e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
9 - Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10 - Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria.
11 - E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
12 - Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
13 - E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
14 - Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito.
15 - e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho.
16 - Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta Jeremias:
17 - Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não existem.
18 - Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito,
19 - dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do menino.
20 - Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
21 - Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia,
22 - e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno.
Capítulo - 3
1 - Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia,
2 - dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
3 - Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
4 - Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
5 - Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judéia, e de toda a circunvizinhança do Jordão,
6 - e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
7 - Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
8 - Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento,
9 - e não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
10 - E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
11 - Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo.
12 - A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
13 - Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
14 - Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
15 - Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu.
16 - Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele;
17 - e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Capítulo - 4
1 - Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo.
2 - E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
3 - Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães.
4 - Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
5 - Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo,
6 - e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7 - Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
8 - Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles;
9 - e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
10 - Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
11 - Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
12 - Ora, ouvindo Jesus que João fora entregue, retirou-se para a Galiléia;
13 - e, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zabulom e Naftali;
14 - para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías:
15 - A terra de Zabulom e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
16 - o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.
17 - Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
18 - E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos - Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
19 - Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
20 - Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
21 - E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos - Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
22 - Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.
23 - E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
24 - Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
25 - De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão.
Capítulo - 5
1 - Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
2 - e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
3 - Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 - Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
5 - Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
6 - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
7 - Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
8 - Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
9 - Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
10 - Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
12 - Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
13 - Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
14 - Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
15 - nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
16 - Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
17 - Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.
18 - Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.
19 - Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
20 - Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
21 - Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.
22 - Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.
23 - Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 - deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
25 - Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.
26 - Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.
27 - Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
28 - Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
29 - Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
30 - E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno.
31 - Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32 - Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.
33 - Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
34 - Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 - nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
36 - nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto.
37 - Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.
38 - Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
39 - Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
40 - e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
41 - e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil.
42 - Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.
43 - Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
44 - Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
45 - para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
46 - Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47 - E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
48 - Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.
Capítulo - 6
1 - Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 - Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
3 - Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;
4 - para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
5 - E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
6 - Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
7 - E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
8 - Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
9 - Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
10 - venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
11 - o pão nosso de cada dia nos dá hoje;
12 - e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;
13 - e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. {Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.}
14 - Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
15 - se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
16 - Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
17 - Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
18 - para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
19 - Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
20 - mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
21 - Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
22 - A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz;
23 - se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
24 - Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
25 - Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 - Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
27 - Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
28 - E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;
29 - contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
30 - Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
31 - Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
32 - {Pois a todas estas coisas os gentios procuram.} Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
33 - Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
34 - Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Capítulo - 7
1 - Não julgueis, para que não sejais julgados.
2 - Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
3 - E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
4 - Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
5 - Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.
6 - Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem.
7 - Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
8 - Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
9 - Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
10 - Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
11 - Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?
12 - Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.
13 - Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14 - e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.
15 - Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
16 - Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
17 - Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus.
18 - Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons.
19 - Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
20 - Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
21 - Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 - Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?
23 - Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
24 - Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.
25 - E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
26 - Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
27 - E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda.
28 - Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina;
29 - porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
Capítulo - 8
1 - Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiam.
2 - E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
3 - Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra.
4 - Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
5 - Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo:
6 - Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente atormentado.
7 - Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o curarei.
8 - O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar.
9 - Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
10 - Jesus, ouvindo isso, admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé.
11 - Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus;
12 - mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
13 - Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
14 - Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre.
15 - E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia.
16 - Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos;
17 - para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
18 - Vendo Jesus uma multidão ao redor de si, deu ordem de partir para o outro lado do mar.
19 - E, aproximando-se um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.
20 - Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
21 - E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
22 - Jesus, porém, respondeu-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos.
23 - E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
24 - E eis que se levantou no mar tão grande tempestade que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo.
25 - Os discípulos, pois, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo.
26 - Ele lhes respondeu: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se grande bonança.
27 - E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
28 - Tendo ele chegado ao outro lado, à terra dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho.
29 - E eis que gritaram, dizendo: Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
30 - Ora, a alguma distância deles, andava pastando uma grande manada de porcos.
31 - E os demônios rogavam-lhe, dizendo: Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de porcos.
32 - Disse-lhes Jesus: Ide. Então saíram, e entraram nos porcos; e eis que toda a manada se precipitou pelo despenhadeiro no mar, perecendo nas águas.
33 - Os pastores fugiram e, chegando à cidade, divulgaram todas estas coisas, e o que acontecera aos endemoninhados.
34 - E eis que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.
Capítulo - 9
1 - E entrando Jesus num barco, passou para o outro lado, e chegou à sua própria cidade.
2 - E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados.
3 - E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem blasfema.
4 - Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais o mal em vossos corações?
5 - Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?
6 - Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados {disse então ao paralítico}: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
7 - E este, levantando-se, foi para sua casa.
8 - E as multidões, vendo isso, temeram, e glorificaram a Deus, que dera tal autoridade aos homens.
9 - Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
10 - Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos.
11 - E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
12 - Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.
13 - Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.
14 - Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?
15 - Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar.
16 - Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura.
17 - Nem se deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
18 - Enquanto ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o adorou, dizendo: Minha filha acaba de falecer; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
19 - Levantou-se, pois, Jesus, e o foi seguindo, ele e os seus discípulos.
20 - E eis que certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, chegou por detrás dele e tocou-lhe a orla do manto;
21 - porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar-lhe o manto, ficarei sã.
22 - Mas Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E desde aquela hora a mulher ficou sã.
23 - Quando Jesus chegou à casa daquele chefe, e viu os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço,
24 - disse; Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele.
25 - Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
26 - E espalhou-se a notícia disso por toda aquela terra.
27 - Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
28 - E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam-lhe eles: Sim, Senhor.
29 - Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
30 - E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba.
31 - Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
32 - Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado.
33 - E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
34 - Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.
35 - E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
36 - Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.
37 - Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.
38 - Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Capítulo - 10
1 - E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.
2 - Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
3 - Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
4 - Simão Cananeu, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
5 - A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
6 - mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;
7 - e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
8 - Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
9 - Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;
10 - nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
11 - Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis.
12 - E, ao entrardes na casa, saudai-a;
13 - se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
14 - E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 - Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.
16 - Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
17 - Acautelai-vos dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas;
18 - e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios.
19 - Mas, quando vos entregarem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de dizer.
20 - Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
21 - Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
22 - E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
23 - Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.
24 - Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.
25 - Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?
26 - Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.
27 - O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o.
28 - E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
29 - Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
30 - E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
31 - Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.
32 - Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
33 - Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
34 - Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
35 - Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
36 - e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
37 - Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
38 - E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
39 - Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.
40 - Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
41 - Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
42 - E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
Capítulo - 11
1 - Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades da região.
2 - Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe:
3 - És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
4 - Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes:
5 - os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
6 - E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.
7 - Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
8 - Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis.
9 - Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
10 - Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
11 - Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
12 - E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.
13 - Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.
14 - E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
15 - Quem tem ouvidos, ouça.
16 - Mas, a quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças, clamam aos seus companheiros:
17 - Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não pranteastes.
18 - Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
19 - Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras.
20 - Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo:
21 - Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.
22 - Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós.
23 - E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
24 - Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti.
25 - Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
26 - Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 - Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 - Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
29 - Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
30 - Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.
Capítulo - 12
1 - Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer.
2 - Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado.
3 - Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros?
4 - Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes?
5 - Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?
6 - Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo.
7 - Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.
8 - Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor.
9 - Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles.
10 - E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?
11 - E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la?
12 - Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados.
13 - Então disse àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como a outra.
14 - Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra ele, para o matarem.
15 - Jesus, percebendo isso, retirou-se dali. Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos,
16 - e advertiu-lhes que não o dessem a conhecer;
17 - para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
18 - Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu espírito, e ele anunciará aos gentios o juízo.
19 - Não contenderá, nem clamará, nem se ouvirá pelas ruas a sua voz.
20 - Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo;
21 - e no seu nome os gentios esperarão.
22 - Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via.
23 - E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?
24 - Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
25 - Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
26 - Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seus reino?
27 - E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
28 - Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
29 - Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa.
30 - Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
31 - Portanto vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.
32 - Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.
33 - Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.
34 - Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
35 - O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
36 - Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.
37 - Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.
38 - Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal.
39 - Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;
40 - pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.
41 - Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas.
42 - A rainha do sul se levantará no juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui quem é maior do que Salomão.
43 - Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
44 - Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
45 - Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de acontecer também a esta geração perversa.
46 - Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
47 - Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
48 - Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
49 - E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
50 - Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Capítulo - 13
1 - No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar;
2 - e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia.
3 - E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.
4 - e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.
5 - E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
6 - mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.
7 - E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram.
8 - Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.
9 - Quem tem ouvidos, ouça.
10 - E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
11 - Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;
12 - pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
13 - Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.
14 - E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.
15 - Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardiamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.
16 - Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
17 - Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
18 - Ouvi, pois, vós a parábola do semeador.
19 - A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.
20 - E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria;
21 - mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.
22 - E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
23 - Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.
24 - Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo;
25 - mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.
26 - Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio.
27 - Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?
28 - Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?
29 - Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo.
30 - Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro.
31 - Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo;
32 - o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
33 - Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
34 - Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada lhes falava;
35 - para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.
36 - Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.
37 - E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem;
38 - o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno;
39 - o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos.
40 - Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo.
41 - Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniqüidade,
42 - e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
43 - Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.
44 - O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobri-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.
45 - Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas;
46 - e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou.
47 - Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes.
48 - E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora.
49 - Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos,
50 - e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
51 - Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos.
52 - E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
53 - E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
54 - E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos?
55 - Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
56 - E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
57 - E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa.
58 - E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.
Capítulo - 14
1 - Naquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu a fama de Jesus,
2 - e disse aos seus cortesãos: Este é João, o Batista; ele ressuscitou dentre os mortos, e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
3 - Pois Herodes havia prendido a João, e, maniatando-o, o guardara no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Felipe;
4 - porque João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la.
5 - E queria matá-lo, mas temia o povo; porque o tinham como profeta.
6 - Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,
7 - pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
8 - E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista.
9 - Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse,
10 - e mandou degolar a João no cárcere;
11 - e a cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe.
12 - Então vieram os seus discípulos, levaram o corpo e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus.
13 - Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um, lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde as cidades.
14 - E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se dela, curou os seus enfermos.
15 - Chegada a tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer.
16 - Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes vós de comer.
17 - Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
18 - E ele disse: trazei-mos aqui.
19 - Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.
20 - Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios.
21 - Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.
22 - Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.
23 - Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
24 - Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
25 - À quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
26 - Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.
27 - Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.
28 - Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.
29 - Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.
30 - Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.
31 - Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
32 - E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
33 - Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.
34 - Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.
35 - Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos;
36 - e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.
Capítulo - 15
1 - Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram:
2 - Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem.
3 - Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
4 - Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá.
5 - Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai.
6 - E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
7 - Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:
8 - Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
9 - Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.
10 - E, clamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
11 - Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina.
12 - Então os discípulos, aproximando-se dele, perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
13 - Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
14 - Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.
15 - E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
16 - Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
17 - Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado fora?
18 - Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.
19 - Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
20 - São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.
21 - Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom.
22 - E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada.
23 - Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós.
24 - Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25 - Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me.
26 - Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
27 - Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.
28 - Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã.
29 - Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galiléia; e, subindo ao monte, sentou-se ali.
30 - E vieram a ele grandes multidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e outros muitos, e lhos puseram aos pés; e ele os curou;
31 - de modo que a multidão se admirou, vendo mudos a falar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver; e glorificaram ao Deus de Israel.
32 - Jesus chamou os seus discípulos, e disse: Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho.
33 - Disseram-lhe os discípulos: Donde nos viriam num deserto tantos pães, para fartar tamanha multidão?
34 - Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? E responderam: Sete, e alguns peixinhos.
35 - E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no chão,
36 - tomou os sete pães e os peixes, e havendo dado graças, partiu-os, e os entregava aos discípulos, e os discípulos á multidão.
37 - Assim todos comeram, e se fartaram; e do que sobejou dos pedaços levantaram sete alcofas cheias.
38 - Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens além de mulheres e crianças.
39 - E havendo Jesus despedido a multidão, entrou no barco, e foi para os confins de Magadã.
Capítulo - 16
1 - Então chegaram a ele os fariseus e os saduceus e, para o experimentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
2 - Mas ele respondeu, e disse-lhes: Ao cair da tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.
3 - E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?
4 - Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se.
5 - Quando os discípulos passaram para o outro lado, esqueceram-se de levar pão.
6 - E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
7 - Pelo que eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão.
8 - E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão, homens de pouca fé?
9 - Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes?
10 - Nem dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas levantastes?
11 - Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
12 - Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.
13 - Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
14 - Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.
15 - Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
16 - Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 - Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 - Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;
19 - dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.
20 - Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
21 - Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
22 - E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
23 - Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.
24 - Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;
25 - pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
26 - Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?
27 - Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
28 - Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.
Capítulo - 17
1 - Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte;
2 - e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
3 - E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4 - Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
5 - Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
6 - Os discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados.
7 - Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não temais.
8 - E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente.
9 - Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos.
10 - Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
11 - Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas;
12 - digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles.
13 - Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista.
14 - Quando chegaram à multidão, aproximou-se de Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse:
15 - Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água.
16 - Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar.
17 - E Jesus, respondendo, disse: ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.
18 - Então Jesus repreendeu ao demônio, o qual saiu de menino, que desde aquela hora ficou curado.
19 - Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
20 - Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.
21 - {mas esta casta de demônios não se expulsa senão à força de oração e de jejum.}
22 - Ora, achando-se eles na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens;
23 - e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá. E eles se entristeceram grandemente.
24 - Tendo eles chegado a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso mestre não paga as didracmas?
25 - Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos alheios?
26 - Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os filhos.
27 - Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti.
Capítulo - 18
1 - Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus?
2 - Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles,
3 - e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
4 - Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
5 - E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe.
6 - Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.
7 - Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier!
8 - Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.
9 - E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.
10 - Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus.
11 - {Porque o Filho do homem veio salvar o que se havia perdido.}
12 - Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se extraviou?
13 - E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
14 - Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.
15 - Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão;
16 - mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada.
17 - Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
18 - Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.
19 - Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
20 - Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
21 - Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?
22 - Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.
23 - Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos;
24 - e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
25 - mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida.
26 - Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei.
27 - O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
28 - Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
29 - Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
30 - Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
31 - Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor.
32 - Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
33 - não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
34 - E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
35 - Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.
Capítulo - 19
1 - Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão;
2 - e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali.
3 - Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
4 - Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
5 - e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
6 - Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
7 - Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8 - Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
9 - Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; {e o que casar com a repudiada também comete adultério.}
10 - Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
11 - Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
12 - Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
13 - Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam.
14 - Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
15 - E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
16 - E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
17 - Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 - Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
19 - honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
20 - Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
21 - Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
22 - Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
23 - Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
24 - E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
25 - Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
26 - Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
27 - Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
28 - Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 - E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
30 - Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
Capítulo - 20
1 - Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha.
2 - Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.
3 - Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça,
4 - e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
5 - Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
6 - Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele: Ide também vós para a vinha.
7 - Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele: Ide também vós para a vinha.
8 - Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros.
9 - Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um.
10 - Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um.
11 - E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo:
12 - Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.
13 - Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário?
14 - Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.
15 - Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?
16 - Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.
17 - Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e no caminho lhes disse:
18 - Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte,
19 - e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará.
20 - Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido.
21 - Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.
22 - Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.
23 - Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai.
24 - E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 - Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
26 - Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
27 - e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;
28 - assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
29 - Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão;
30 - e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
31 - E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
32 - E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça?
33 - Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos.
34 - E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.
Capítulo - 21
1 - Quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
2 - Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos.
3 - E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará.
4 - Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
5 - Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.
6 - Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,
7 - trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou.
8 - E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
9 - E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
10 - Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este?
11 - E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.
12 - Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
13 - e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores.
14 - E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os curou.
15 - Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se,
16 - e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor?
17 - E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.
18 - Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome;
19 - e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
20 - Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?
21 - Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito;
22 - e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.
23 - Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal autoridade?
24 - Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas.
25 - O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes?
26 - Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta.
27 - Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
28 - Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha.
29 - Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi.
30 - Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi.
31 - Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.
32 - Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele.
33 - Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
34 - E quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
35 - E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram.
36 - Depois enviou ainda outros servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo.
37 - Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho terão respeito.
38 - Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.
39 - E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
40 - Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
41 - Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos.
42 - Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
43 - Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.
44 - E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
45 - Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava.
46 - E procuravam prendê-lo, mas temeram o povo, porquanto este o tinha por profeta.
Capítulo - 22
1 - Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo:
2 - O reino dos céus é semelhante a um rei, que celebrou as bodas de seu filho.
3 - Enviou os seus servos a chamar os convidados para a festa, e estes não quiseram vir.
4 - Enviou ainda outros servos com este recado: Dizei aos convidados: Tenho já preparado o meu banquete; as minhas reses e os meus cevados estão mortos, e tudo está pronto; vinde às bodas.
5 - Mas eles não fizeram caso e foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio;
6 - e os outros, agarrando os servos, os ultrajaram e mataram.
7 - Irou-se o rei, e mandou as suas tropas exterminar aqueles assassinos e incendiar a sua cidade.
8 - Então disse aos servos: As bodas estão preparadas, mas os convidados não eram dignos;
9 - ide, pois, às encruzilhadas dos caminhos e chamai para as bodas a quantos encontrardes.
10 - Indo aqueles servos pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e a sala nupcial ficou cheia de convivas.
11 - Mas entrando o rei para ver os convivas, notou ali um homem que não trajava veste nupcial,
12 - e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? Ele, porém, emudeceu.
13 - Então o rei disse aos servos: Atai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes.
14 - Pois muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
15 - Então os fariseus se retiraram e consultaram entre si como o apanhariam em alguma palavra;
16 - Enviaram os seus discípulos, juntamente com os herodianos, a perguntar: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e não se te dá de ninguém, porque não te deixas levar de respeitos humanos;
17 - dize-nos, pois, qual é o teu parecer; é lícito ou não pagar o tributo a César?
18 - Porém Jesus, tendo percebido a malícia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais, hipócritas?
19 - Mostrai-me uma moeda de tributo. Trouxeram-lhe um denário.
20 - Ele perguntou: De quem é esta efígie e inscrição?
21 - Responderam: De César. Então lhes disse Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
22 - Ao ouvirem isto, admiraram-se e, deixando-o, foram-se.
23 - No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo:
24 - Mestre, Moisés disse: Se alguém morrer sem deixar filhos, seu irmão casará com a viúva e dará sucessão ao falecido.
25 - Ora havia entre nós sete irmãos: o primeiro, depois de ter casado, morreu e, não havendo sucessão, deixou sua mulher a seu irmão;
26 - do mesmo modo também o segundo e o terceiro, até o sétimo.
27 - Depois de todos eles morreu a mulher.
28 - Na ressurreição, pois, a qual dos sete pertencerá a mulher? porque todos foram casados com ela.
29 - Respondeu-lhes Jesus: Errais, não sabendo as Escrituras, nem o poder de Deus.
30 - Pois na ressurreição nem os homens casam, nem as mulheres são dadas em casamento porém são como os anjos no céu.
31 - E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
32 - Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.
33 - E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.
34 - Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos;
35 - e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou-o, dizendo:
36 - Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
37 - Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
38 - Este é o grande e primeiro mandamento.
39 - E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
40 - Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
41 - Ora, enquanto os fariseus estavam reunidos, interrogou-os Jesus, dizendo:
42 - Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe: De Davi.
43 - Replicou-lhes ele: Como é então que Davi, no Espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
44 - Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos de baixo dos teus pés?
45 - Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?
46 - E ninguém podia responder-lhe palavra; nem desde aquele dia jamais ousou alguém interrogá-lo.
Capítulo - 23
1 - Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo:
2 - Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
3 - Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
4 - Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
5 - Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos;
6 - gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 - das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
8 - Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.
9 - E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus.
10 - Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.
11 - Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
12 - Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.
13 - Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.
14 - {Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.}
15 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.
16 - Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou.
17 - Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?
18 - E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.
19 - Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?
20 - Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está;
21 - e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita;
22 - e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.
23 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.
24 - Guias cegos! que coais um mosquito, e engolis um camelo.
25 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.
26 - Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo.
27 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia.
28 - Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
29 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
30 - e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido cúmplices no derramar o sangue dos profetas.
31 - Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram os profetas.
32 - Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
33 - Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
34 - Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas: e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros os perseguireis de cidade em cidade;
35 - para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar.
36 - Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre esta geração.
37 - Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!
38 - Eis aí abandonada vos é a vossa casa.
39 - Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
Capítulo - 24
1 - Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
2 - Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
3 - E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.
4 - Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.
5 - Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão.
6 - E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
7 - Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
8 - Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
9 - Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
10 - Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
11 - Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
12 - e, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
13 - Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
14 - E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
15 - Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel {quem lê, entenda},
16 - então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
17 - quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
18 - e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
19 - Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
20 - Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
21 - porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
22 - E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 - Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis;
24 - porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 - Eis que de antemão vo-lo tenho dito.
26 - Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
27 - Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem.
28 - Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
29 - Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.
30 - Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
31 - E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
32 - Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
33 - Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
34 - Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram.
35 - Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
36 - Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.
37 - Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 - Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
39 - e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem.
40 - Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
41 - estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
42 - Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
43 - sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
44 - Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
45 - Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
46 - Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim fazendo.
47 - Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
48 - Mas se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir,
49 - e começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios,
50 - virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe,
51 - e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Capítulo - 25
1 - Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
2 - Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes.
3 - Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4 - As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas.
5 - E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram.
6 - Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!
7 - Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8 - E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando.
9 - Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
10 - E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
11 - Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta.
12 - Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço.
13 - Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
14 - Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens:
15 - a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem.
16 - O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco;
17 - da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois;
18 - mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 - Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
20 - Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei.
21 - Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22 - Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que ganhei.
23 - Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24 - Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste;
25 - e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu.
26 - Ao que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não joeirei?
27 - Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.
28 - Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.
29 - Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
30 - E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
31 - Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
32 - e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
33 - e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.
34 - Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35 - Pois tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era forasteiro, e recolhestes-me;
36 - estava nu, e vestistes-me; enfermo, e visitastes-me; preso, e viestes ver-me.
37 - Então perguntarão os justos: Senhor, quando te vimos faminto, e te demos de comer; ou com sede, e te demos de beber?
38 - Quando te vimos forasteiro, e te recolhemos; ou nu, e te vestimos?
39 - Quando te vimos enfermo, ou preso, e fomos visitar-te?
40 - O Rei responderá: Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.
41 - Dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, destinado ao Diabo e seus anjos.
42 - Pois tive fome, e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;
43 - era forasteiro, e não me recolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo e preso, e não me visitastes.
44 - Também eles perguntarão: Senhor, quando te vimos faminto, com sede, forasteiro, nu, enfermo, ou preso, e não te servimos?
45 - Então lhes responderá: Em verdade vos digo que quantas vezes o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.
46 - Irão estes para o suplício eterno, porém os justos para a vida eterna.
Capítulo - 26
1 - E havendo Jesus concluído todas estas palavras, disse aos seus discípulos:
2 - Sabeis que de hoje a dois dias celebrar-se-á a páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado.
3 - Depois se reuniram os principais sacerdotes e os anciãos do povo no pátio da casa do sumo sacerdote, chamado Caifás;
4 - e deliberaram prender a Jesus à traição e tirar-lhe a vida.
5 - Mas diziam: Durante a festa, não; para que não haja tumulto entre o povo.
6 - Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
7 - chegou-se a ele uma mulher que trazia um vaso de alabastro com precioso perfume, e lho derramou sobre a cabeça, quando ele estava à mesa.
8 - Vendo isto, seus discípulos indignaram-se e disseram:
9 - Para que este desperdício? Pois o perfume podia ser vendido por muito dinheiro, e ser este dado aos pobres.
10 - Mas Jesus, percebendo isto, disse-lhes: Por que molestais essa mulher? ela me fez uma boa obra.
11 - Pois os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes;
12 - derramando ela este perfume sobre o meu corpo, fê-lo para a minha sepultura.
13 - Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este Evangelho, será também contado para memória sua o que ela fez.
14 - Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes,
15 - e lhes disse: Que me quereis dar e eu vo-lo entregarei? Eles lhe pesaram trinta moedas de prata.
16 - Desde então Judas buscava oportunidade para o entregar.
17 - Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, vieram os discípulos a Jesus, e perguntaram: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
18 - Respondeu-lhes: Ide à cidade ter com certo homem, e dizei-lhe que o Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com meus discípulos.
19 - Eles fizeram como Jesus lhes havia ordenado, e prepararam a páscoa.
20 - À tarde estava ele sentado à mesa com os doze discípulos.
21 - Enquanto comiam, declarou Jesus: Em verdade vos digo que um de vós me trairá.
22 - Eles, muitíssimo contristados, começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura sou eu, Senhor?
23 - Ele respondeu: O que põe comigo a mão no prato, esse é o que me trairá.
24 - O Filho do homem vai-se, segundo está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! melhor fora para esse homem se não houvesse nascido.
25 - Judas, que o traiu, perguntou: Porventura sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.
26 - Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo.
27 - Tomando o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
28 - porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão de pecados.
29 - Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber novo convosco no reino de meu Pai.
30 - E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
31 - Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
32 - Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
33 - Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem de ti, eu nunca me escandalizarei.
34 - Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante três vezes me negarás.
35 - Respondeu-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos os discípulos.
36 - Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.
37 - E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
38 - Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.
39 - E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
40 - Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Assim nem uma hora pudestes vigiar comigo?
41 - Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
42 - Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
43 - E, voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados.
44 - Deixando-os novamente, foi orar terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
45 - Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
46 - Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
47 - E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo.
48 - Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-o.
49 - E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E o beijou.
50 - Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
51 - E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
52 - Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
53 - Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?
54 - Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?
55 - Disse Jesus à multidão naquela hora: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? Todos os dias estava eu sentado no templo ensinando, e não me prendestes.
56 - Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o fugiram.
57 - Aqueles que prenderam a Jesus levaram-no à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.
58 - E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.
59 - Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem entregá-lo à morte;
60 - e não achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas. Mas por fim compareceram duas,
61 - e disseram: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus, e reedificá-lo em três dias.
62 - Levantou-se então o sumo sacerdote e perguntou-lhe: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti?
63 - Jesus, porém, guardava silêncio. E o sumo sacerdote disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus.
64 - Respondeu-lhe Jesus: É como disseste; contudo vos digo que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.
65 - Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que agora acabais de ouvir a sua blasfêmia.
66 - Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.
67 - Então uns lhe cuspiram no rosto e lhe deram socos;
68 - e outros o esbofetearam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem foi que te bateu?
69 - Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
70 - Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
71 - E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno.
72 - E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem.
73 - E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia.
74 - Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
75 - E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
Capítulo - 27
1 - Ora, chegada a manhã, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;
2 - e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.
3 - Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo:
4 - Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
5 - E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.
6 - Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.
7 - E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros.
8 - Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
9 - Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram,
10 - e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
11 - Jesus, pois, ficou em pé diante do governador; e este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
12 - Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
13 - Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas coisas testificam contra ti?
14 - E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava.
15 - Ora, por ocasião da festa costumava o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse.
16 - Nesse tempo tinham um preso notório, chamado Barrabás.
17 - Portanto, estando o povo reunido, perguntou-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo?
18 - Pois sabia que por inveja o haviam entregado.
19 - E estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele.
20 - Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer Jesus.
21 - O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás.
22 - Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado.
23 - Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
24 - Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
25 - E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
26 - Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a corte.
27 - E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
28 - e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
29 - E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
30 - Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.
31 - Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
32 - Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira,
33 - deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
34 - Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, {para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.}
35 - E, sentados, ali o guardavam.
36 - Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
37 - Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
38 - E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça
39 - e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.
40 - De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
41 - A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele;
42 - confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.
43 - O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados.
44 - E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
45 - Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
46 - Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias.
47 - E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
48 - Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
49 - De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
50 - E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
51 - os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados;
52 - e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
53 - ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus.
54 - Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o ouvir;
55 - entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
56 - Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também era discípulo de Jesus.
57 - Esse foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue.
58 - E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho,
59 - e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se.
60 - Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro.
61 - No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos,
62 - e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei.
63 - Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro.
64 - Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis.
65 - Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.
Capítulo - 28
1 - No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
2 - E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela.
3 - o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como a neve.
4 - E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como mortos.
5 - Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
6 - Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia;
7 - e ide depressa, e dizei aos seus discípulos que ressurgiu dos mortos; e eis que vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que vo-lo tenho dito.
8 - E, partindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.
9 - E eis que Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram.
10 - Então lhes disse Jesus: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galiléia; ali me verão.
11 - Ora, enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade, e contaram aos principais sacerdotes tudo quanto havia acontecido.
12 - E congregados eles com os anciãos e tendo consultado entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
13 - e ordenaram-lhes que dissessem: Vieram de noite os seus discípulos e, estando nós dormindo, furtaram-no.
14 - E, se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado.
15 - Então eles, tendo recebido o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E essa história tem-se divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
16 - Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes designara.
17 - Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.
18 - E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
19 - Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20 - ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.