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Gênesis
50 capítulos
Capítulo - 1
1 - No princípio criou Deus os céus e a terra.
2 - A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
3 - Disse Deus: haja luz. E houve luz.
4 - Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.
5 - E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
6 - E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
7 - Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi.
8 - Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
9 - E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E assim foi.
10 - Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus que isso era bom.
11 - E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi.
12 - A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.
13 - E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.
14 - E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos;
15 - e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.
16 - Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas.
17 - E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra,
18 - para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.
19 - E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.
20 - E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu.
21 - Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres viventes que se arrastavam, os quais as águas produziram abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa, segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.
22 - Então Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e multipliquem-se as aves sobre a terra.
23 - E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.
24 - E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi.
25 - Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.
26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.
27 - Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
28 - Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.
29 - Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento.
30 - E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento. E assim foi.
31 - E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
Capítulo - 2
1 - Assim foram acabados os céus e a terra, com todo o seu exército.
2 - Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera.
3 - Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera.
4 - Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus
5 - não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra.
6 - Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.
7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.
8 - Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado.
9 - E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
10 - E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.
11 - O nome do primeiro é Pisom: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro;
12 - e o ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a pedra de berilo.
13 - O nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuche.
14 - O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.
15 - Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.
16 - Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente;
17 - mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
18 - Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.
19 - Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os animais o campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o seu nome.
20 - Assim o homem deu nomes a todos os animais domésticos, às aves do céu e a todos os animais do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
21 - Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar;
22 - e da costela que o senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem.
23 - Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.
24 - Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.
25 - E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam.
Capítulo - 3
1 - Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
2 - Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
3 - mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.
4 - Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis.
5 - Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.
6 - Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.
7 - Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
8 - E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.
9 - Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás?
10 - Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.
11 - Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 - Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.
13 - Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.
14 - Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.
15 - Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
16 - E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
17 - E ao homem disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida.
18 - Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo.
19 - Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.
20 - Chamou Adão à sua mulher Eva, porque era a mãe de todos os viventes.
21 - E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.
22 - Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.
23 - O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.
24 - E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.
Capítulo - 4
1 - Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão.
2 - Tornou a dar à luz a um filho-a seu irmão Abel. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3 - Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
4 - Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta,
5 - mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
6 - Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante?
7 - Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.
8 - Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.
9 - Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?
10 - E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
11 - Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.
12 - Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
13 - Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar.
14 - Eis que hoje me lanças da face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.
15 - O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.
16 - Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
17 - Conheceu Caim a sua mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe deu o nome do filho, Enoque.
18 - A Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.
19 - Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila.
20 - E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.
21 - O nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
22 - A Zila também nasceu um filho, Tubal-Caim, fabricante de todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de Tubal-Caim foi Naamá.
23 - Disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zila, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas palavras; pois matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar.
24 - Se Caim há de ser vingado sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.
25 - Tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.
26 - A Sete também nasceu um filho, a quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo, que os homens começaram a invocar o nome do Senhor.
Capítulo - 5
1 - Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez.
2 - Homem e mulher os criou; e os abençoou, e os chamou pelo nome de homem, no dia em que foram criados.
3 - Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.
4 - E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
5 - Todos os dias que Adão viveu foram novecentos e trinta anos; e morreu.
6 - Sete viveu cento e cinco anos, e gerou a Enos.
7 - Viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
8 - Todos os dias de Sete foram novecentos e doze anos; e morreu.
9 - Enos viveu noventa anos, e gerou a Quenã.
10 - viveu Enos, depois que gerou a Quenã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas.
11 - Todos os dias de Enos foram novecentos e cinco anos; e morreu.
12 - Quenã viveu setenta anos, e gerou a Maalalel.
13 - Viveu Quenã, depois que gerou a Maalalel, oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas.
14 - Todos os dias de Quenã foram novecentos e dez anos; e morreu.
15 - Maalalel viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Jarede.
16 - Viveu Maalalel, depois que gerou a Jarede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
17 - Todos os dias de Maalalel foram oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu.
18 - Jarede viveu cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.
19 - Viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
20 - Todos os dias de Jarede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.
21 - Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém.
22 - Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas.
23 - Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos;
24 - Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.
25 - Matusalém viveu cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque.
26 - Viveu Matusalém, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas.
27 - Todos os dias de Matusalém foram novecentos e sessenta e nove anos; e morreu.
28 - Lameque viveu cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho,
29 - a quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou.
30 - Viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas.
31 - Todos os dias de Lameque foram setecentos e setenta e sete anos; e morreu.
32 - E era Noé da idade de quinhentos anos; e gerou Noé a Sem, Cam e Jafé.
Capítulo - 6
1 - Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas,
2 - viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
3 - Então disse o Senhor: O meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos.
4 - Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade.
5 - Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente.
6 - Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração
7 - E disse o Senhor: Destruirei da face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis e as aves do céu; porque me arrependo de os haver feito.
8 - Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.
9 - Estas são as gerações de Noé. Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus.
10 - Gerou Noé três filhos: Sem, Cam e Jafé.
11 - A terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência.
12 - Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.
13 - Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os destruirei juntamente com a terra.
14 - Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora.
15 - Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta e a sua altura de trinta.
16 - Farás na arca uma janela e lhe darás um côvado de altura; e a porta da arca porás no seu lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e terceiro.
17 - Porque eis que eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir, de debaixo do céu, toda a carne em que há espírito de vida; tudo o que há na terra expirará.
18 - Mas contigo estabelecerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.
19 - De tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo; macho e fêmea serão.
20 - Das aves segundo as suas espécies, do gado segundo as suas espécies, de todo réptil da terra segundo as suas espécies, dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida.
21 - Leva contigo de tudo o que se come, e ajunta-o para ti; e te será para alimento, a ti e a eles.
22 - Assim fez Noé; segundo tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.
Capítulo - 7
1 - Depois disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração.
2 - De todos os animais limpos levarás contigo sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea;
3 - também das aves do céu sete e sete, macho e fêmea, para se conservar em vida sua espécie sobre a face de toda a terra.
4 - Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz.
5 - E Noé fez segundo tudo o que o Senhor lhe ordenara.
6 - Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando o dilúvio veio sobre a terra.
7 - Noé entrou na arca com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio.
8 - Dos animais limpos e dos que não são limpos, das aves, e de todo réptil sobre a terra,
9 - entraram dois a dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.
10 - Passados os sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
11 - No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as janelas do céu se abriram,
12 - e caiu chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
13 - Nesse mesmo dia entrou Noé na arca, e juntamente com ele seus filhos Sem, Cam e Jafé, como também sua mulher e as três mulheres de seus filhos,
14 - e com eles todo animal segundo a sua espécie, todo o gado segundo a sua espécie, todo réptil que se arrasta sobre a terra segundo a sua espécie e toda ave segundo a sua espécie, pássaros de toda qualidade.
15 - Entraram para junto de Noé na arca, dois a dois de toda a carne em que havia espírito de vida.
16 - E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou dentro.
17 - Veio o dilúvio sobre a terra durante quarenta dias; e as águas cresceram e levantaram a arca, e ela se elevou por cima da terra.
18 - Prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca vagava sobre as águas.
19 - As águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo do céu foram cobertos.
20 - Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e assim foram cobertos.
21 - Pereceu toda a carne que se movia sobre a terra, tanto ave como gado, animais selvagens, todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo homem.
22 - Tudo o que tinha fôlego do espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia na terra seca, morreu.
23 - Assim foram exterminadas todas as criaturas que havia sobre a face da terra, tanto o homem como o gado, o réptil, e as aves do céu; todos foram exterminados da terra; ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.
24 - E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinqüenta dias.
Capítulo - 8
1 - Deus lembrou-se de Noé, de todos os animais e de todo o gado, que estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e as águas começaram a diminuir.
2 - Cerraram-se as fontes do abismo e as janelas do céu, e a chuva do céu se deteve;
3 - as águas se foram retirando de sobre a terra; no fim de cento e cinqüenta dias começaram a minguar.
4 - No sétimo mês, no dia dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de Arará.
5 - E as águas foram minguando até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.
6 - Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que havia feito na arca;
7 - soltou um corvo que, saindo, ia e voltava até que as águas se secaram de sobre a terra.
8 - Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra;
9 - mas a pomba não achou onde pousar a planta do pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas ainda estavam sobre a face de toda a terra; e Noé, estendendo a mão, tomou-a e a recolheu consigo na arca.
10 - Esperou ainda outros sete dias, e tornou a soltar a pomba fora da arca.
11 - À tardinha a pomba voltou para ele, e eis no seu bico uma folha verde de oliveira; assim soube Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.
12 - Então esperou ainda outros sete dias, e soltou a pomba; e esta não tornou mais a ele.
13 - No ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, secaram-se as águas de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca: e olhou, e eis que a face a terra estava enxuta.
14 - No segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.
15 - Então falou Deus a Noé, dizendo:
16 - Sai da arca, tu, e juntamente contigo tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos.
17 - Todos os animais que estão contigo, de toda a carne, tanto aves como gado e todo réptil que se arrasta sobre a terra, traze-os para fora contigo; para que se reproduzam abundantemente na terra, frutifiquem e se multipliquem sobre a terra.
18 - Então saiu Noé, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos;
19 - todo animal, todo réptil e toda ave, tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas famílias, saiu da arca.
20 - Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar.
21 - Sentiu o Senhor o suave cheiro e disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer.
22 - Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.
Capítulo - 9
1 - Abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra.
2 - Terão medo e pavor de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues.
3 - Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento, bem como a erva verde; tudo vos tenho dado.
4 - A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
5 - Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; de todo animal o requererei; como também do homem, sim, da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.
6 - Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá o seu sangue derramado; porque Deus fez o homem à sua imagem.
7 - Mas vós frutificai, e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.
8 - Disse também Deus a Noé, e a seus filhos com ele:
9 - Eis que eu estabeleço o meu pacto convosco e com a vossa descendência depois de vós,
10 - e com todo ser vivente que convosco está: com as aves, com o gado e com todo animal da terra; com todos os que saíram da arca, sim, com todo animal da terra.
11 - Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.
12 - E disse Deus: Este é o sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações perpétuas:
13 - O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra.
14 - E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens,
15 - então me lembrarei do meu pacto, que está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.
16 - O arco estará nas nuvens, e olharei para ele a fim de me lembrar do pacto perpétuo entre Deus e todo ser vivente de toda a carne que está sobre a terra.
17 - Disse Deus a Noé ainda: Esse é o sinal do pacto que tenho estabelecido entre mim e toda a carne que está sobre a terra.
18 - Ora, os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cam e Jafé; e Cam é o pai de Canaã.
19 - Estes três foram os filhos de Noé; e destes foi povoada toda a terra.
20 - E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha.
21 - Bebeu do vinho, e embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda.
22 - E Cam, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.
23 - Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai, tendo os rostos virados, de maneira que não viram a nudez de seu pai.
24 - Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera;
25 - e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.
26 - Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
27 - Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
28 - Viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e cinqüenta anos.
29 - E foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos; e morreu.
Capítulo - 10
1 - Estas, pois, são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé, aos quais nasceram filhos depois do dilúvio.
2 - Os filhos de Jafé: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
3 - Os filhos de Gomer: Asquenaz, Rifate e Togarma.
4 - Os filhos de Javã: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim.
5 - Por estes foram repartidas as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações.
6 - Os filhos de Cam: Cuche, Mizraim, Pute e Canaã.
7 - Os filhos de Cuche: Seba, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá são Sebá e Dedã.
8 - Cuche também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra.
9 - Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor.
10 - O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar.
11 - Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá,
12 - e Résem entre Nínive e Calá {esta é a grande cidade}.
13 - Mizraim gerou a Ludim, Anamim, Leabim, Naftuim,
14 - Patrusim, Casluim {donde saíram os filisteus} e Caftorim.
15 - Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e Hete,
16 - e ao jebuseu, o amorreu, o girgaseu,
17 - o heveu, o arqueu, o sineu,
18 - o arvadeu, o zemareu e o hamateu. Depois se espalharam as famílias dos cananeus.
19 - Foi o termo dos cananeus desde Sidom, em direção a Gerar, até Gaza; e daí em direção a Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa.
20 - São esses os filhos de Cam segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações.
21 - A Sem, que foi o pai de todos os filhos de Eber e irmão mais velho de Jafé, a ele também nasceram filhos.
22 - Os filhos de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arão.
23 - Os filhos de Arão: Uz, Hul, Geter e Más.
24 - Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Eber.
25 - A Eber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porque nos seus dias foi dividida a terra; e o nome de seu irmão foi Joctã.
26 - Joctã gerou a Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá,
27 - Hadorão, Usal, Dicla,
28 - Obal, Abimael, Sebá,
29 - Ofir, Havilá e Jobabe: todos esses foram filhos de Joctã.
30 - E foi a sua habitação desde Messa até Sefar, montanha do oriente.
31 - Esses são os filhos de Sem segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, segundo as suas nações.
32 - Essas são as famílias dos filhos de Noé segundo as suas gerações, em suas nações; e delas foram disseminadas as nações na terra depois do dilúvio.
Capítulo - 11
1 - Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma.
2 - E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.
3 - Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa.
4 - Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5 - Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 - e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 - Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.
8 - Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 - Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra.
10 - Estas são as gerações de Sem. Tinha ele cem anos, quando gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.
11 - E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.
12 - Arfaxade viveu trinta e cinco anos, e gerou a Selá.
13 - Viveu Arfaxade, depois que gerou a Selá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
14 - Selá viveu trinta anos, e gerou a Eber.
15 - Viveu Selá, depois que gerou a Eber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
16 - Eber viveu trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue.
17 - Viveu Eber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
18 - Pelegue viveu trinta anos, e gerou a Reú.
19 - Viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.
20 - Reú viveu trinta e dois anos, e gerou a Serugue.
21 - Viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
22 - Serugue viveu trinta anos, e gerou a Naor.
23 - Viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.
24 - Naor viveu vinte e nove anos, e gerou a Tera.
25 - Viveu Naor, depois que gerou a Tera, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.
26 - Tera viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.
27 - Estas são as gerações de Tera: Tera gerou a Abrão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló.
28 - Harã morreu antes de seu pai Tera, na terra do seu nascimento, em Ur dos Caldeus.
29 - Abrão e Naor tomaram mulheres para si: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher do Naor era Milca, filha de Harã, que foi pai de Milca e de Iscá.
30 - Sarai era estéril; não tinha filhos.
31 - Tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos Caldeus, a fim de ir para a terra de Canaã; e vieram até Harã, e ali habitaram.
32 - Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã.
Capítulo - 12
1 - Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
2 - Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.
3 - Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
4 - Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
5 - Abrão levou consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; e saíram a fim de irem à terra de Canaã; e à terra de Canaã chegaram.
6 - Passou Abrão pela terra até o lugar de Siquém, até o carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na terra.
7 - Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera.
8 - Então passou dali para o monte ao oriente de Betel, e armou a sua tenda, ficando-lhe Betel ao ocidente, e Ai ao oriente; também ali edificou um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.
9 - Depois continuou Abrão o seu caminho, seguindo ainda para o sul.
10 - Ora, havia fome naquela terra; Abrão, pois, desceu ao Egito, para peregrinar ali, porquanto era grande a fome na terra.
11 - Quando ele estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista;
12 - e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida.
13 - Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em atenção a ti.
14 - E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios que a mulher era mui formosa.
15 - Até os príncipes de Faraó a viram e gabaram-na diante dele; e foi levada a mulher para a casa de Faraó.
16 - E ele tratou bem a Abrão por causa dela; e este veio a ter ovelhas, bois e jumentos, servos e servas, jumentas e camelos.
17 - Feriu, porém, o Senhor a Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.
18 - Então chamou Faraó a Abrão, e disse: Que é isto que me fizeste? por que não me disseste que ela era tua mulher?
19 - Por que disseste: E minha irmã? de maneira que a tomei para ser minha mulher. Agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te.
20 - E Faraó deu ordens aos seus guardas a respeito dele, os quais o despediram a ele, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.
Capítulo - 13
1 - Subiu, pois, Abrão do Egito para o Negebe, levando sua mulher e tudo o que tinha, e Ló o acompanhava.
2 - Abrão era muito rico em gado, em prata e em ouro.
3 - Nas suas jornadas subiu do Negebe para Betel, até o lugar onde outrora estivera a sua tenda, entre Betel e Ai,
4 - até o lugar do altar, que dantes ali fizera; e ali invocou Abrão o nome do Senhor.
5 - E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.
6 - Ora, a terra não podia sustentá-los, para eles habitarem juntos; porque os seus bens eram muitos; de modo que não podiam habitar juntos.
7 - Pelo que houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do gado de Ló. E nesse tempo os cananeus e os perizeus habitavam na terra.
8 - Disse, pois, Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.
9 - Porventura não está toda a terra diante de ti? Rogo-te que te apartes de mim. Se tu escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, irei eu para a esquerda.
10 - Então Ló levantou os olhos, e viu toda a planície do Jordão, que era toda bem regada {antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra}, e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, até chegar a Zoar.
11 - E Ló escolheu para si toda a planície do Jordão, e partiu para o oriente; assim se apartaram um do outro.
12 - Habitou Abrão na terra de Canaã, e Ló habitou nas cidades da planície, e foi armando as suas tendas até chegar a Sodoma.
13 - Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor.
14 - E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o oriente e para o oriente;
15 - porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
16 - E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se puder ser contado o pó da terra, então também poderá ser contada a tua descendência.
17 - Levanta-te, percorre esta terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a darei a ti.
18 - Então mudou Abrão as suas tendas, e foi habitar junto dos carvalhos de Manre, em Hebrom; e ali edificou um altar ao Senhor.
Capítulo - 14
1 - Aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goiim,
2 - que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá {esta é Zoar}.
3 - Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim {que é o Mar Salgado}.
4 - Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, mas ao décimo terceiro ano rebelaram-se.
5 - Por isso, ao décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, aos zuzins em Hão, aos emins em Savé-Quiriataim,
6 - e aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã, que está junto ao deserto.
7 - Depois voltaram e vieram a En-Mispate {que é Cades}, e feriram toda a terra dos amalequitas, e também dos amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.
8 - Então saíram os reis de Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Belá {esta é Zoar}, e ordenaram batalha contra eles no vale de Sidim,
9 - contra Quedorlaomer, rei de Elão, Tidal, rei de Goiim, Anrafel, rei de Sinar, e Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco.
10 - Ora, o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; e fugiram os reis de Sodoma e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para o monte.
11 - Tomaram, então, todos os bens de Sodoma e de Gomorra com todo o seu mantimento, e se foram.
12 - Tomaram também a Ló, filho do irmão de Abrão, que habitava em Sodoma, e os bens dele, e partiram.
13 - Então veio um que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu. Ora, este habitava junto dos carvalhos de Manre, o amorreu, irmão de Escol e de Aner; estes eram aliados de Abrão.
14 - Ouvindo, pois, Abrão que seu irmão estava preso, levou os seus homens treinados, nascidos em sua casa, em número de trezentos e dezoito, e perseguiu os reis até Dã.
15 - Dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus servos, e os feriu, perseguindo-os até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.
16 - Assim tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e também as mulheres e o povo.
17 - Depois que Abrão voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale de Savé {que é o vale do rei}.
18 - Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo;
19 - e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra!
20 - E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
21 - Então o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas; e os bens toma-os para ti.
22 - Abrão, porém, respondeu ao rei de Sodoma: Levanto minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra,
23 - jurando que não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, nem um fio, nem uma correia de sapato, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
24 - salvo tão somente o que os mancebos comeram, e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; que estes tomem a sua parte.
Capítulo - 15
1 - Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo.
2 - Então disse Abrão: Ó Senhor Deus, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno Eliézer?
3 - Disse mais Abrão: A mim não me tens dado filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4 - Ao que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que sair das tuas entranhas, esse será o teu herdeiro.
5 - Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar; e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência.
6 - E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.
7 - Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para te dar esta terra em herança.
8 - Ao que lhe perguntou Abrão: Ó Senhor Deus, como saberei que hei de herdá-la?
9 - Respondeu-lhe: Toma-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
10 - Ele, pois, lhe trouxe todos estes animais, partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.
11 - E as aves de rapina desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.
12 - Ora, ao pôr do sol, caiu um profundo sono sobre Abrão; e eis que lhe sobrevieram grande pavor e densas trevas.
13 - Então disse o Senhor a Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos;
14 - sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens.
15 - Tu, porém, irás em paz para teus pais; em boa velhice serás sepultado.
16 - Na quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade dos amorreus não está ainda cheia.
17 - Quando o sol já estava posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre aquelas metades.
18 - Naquele mesmo dia fez o Senhor um pacto com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates;
19 - e o queneu, o quenizeu, o cadmoneu,
20 - o heteu, o perizeu, os refains,
21 - o amorreu, o cananeu, o girgaseu e o jebuseu.
Capítulo - 16
1 - Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos. Tinha ela uma serva egípcia, que se chamava Agar.
2 - Disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos por meio dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.
3 - Assim Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar a egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão seu marido, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã.
4 - E ele conheceu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.
5 - Então disse Sarai a Abrão: Sobre ti seja a afronta que me é dirigida a mim; pus a minha serva em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou desprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti.
6 - Ao que disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está nas tuas mãos; faze-lhe como bem te parecer. E Sarai maltratou-a, e ela fugiu de sua face.
7 - Então o anjo do Senhor, achando-a junto a uma fonte no deserto, a fonte que está no caminho de Sur,
8 - perguntou-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vieste, e para onde vais? Respondeu ela: Da presença de Sarai, minha senhora, vou fugindo.
9 - Disse-lhe o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos.
10 - Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, de modo que não será contada, por numerosa que será.
11 - Disse-lhe ainda o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e terás um filho, a quem chamarás Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.
12 - Ele será como um jumento selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.
13 - E ela chamou, o nome do Senhor, que com ela falava, El-Rói; pois disse: Não tenho eu também olhado neste lugar para aquele que me vê?
14 - Pelo que se chamou aquele poço Beer-Laai-Rói; ele está entre Cades e Berede.
15 - E Agar deu um filho a Abrão; e Abrão pôs o nome de Ismael no seu filho que tivera de Agar.
16 - Ora, tinha Abrão oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu Ismael.
Capítulo - 17
1 - Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença, e sê perfeito;
2 - e firmarei o meu pacto contigo, e sobremaneira te multiplicarei.
3 - Ao que Abrão se prostrou com o rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo:
4 - Quanto a mim, eis que o meu pacto é contigo, e serás pai de muitas nações;
5 - não mais serás chamado Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois por pai de muitas nações te hei posto;
6 - far-te-ei frutificar sobremaneira, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
7 - estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti.
8 - Dar-te-ei a ti e à tua descendência depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão; e serei o seu Deus.
9 - Disse mais Deus a Abraão: Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 - Este é o meu pacto, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: todo varão dentre vugar para aquele que me
11 - Circuncidar-vos-eis na carne do prepúcio; e isto será por sinal de pacto entre mim e vós.
12 - À idade de oito dias, todo varão dentre vós será circuncidado, por todas as vossas gerações, tanto o nascido em casa como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua linhagem.
13 - Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; assim estará o meu pacto na vossa carne como pacto perpétuo.
14 - Mas o incircunciso, que não se circuncidar na carne do prepúcio, essa alma será extirpada do seu povo; violou o meu pacto.
15 - Disse Deus a Abraão: Quanto a Sarai, tua, mulher, não lhe chamarás mais Sarai, porem Sara será o seu nome.
16 - Abençoá-la-ei, e também dela te darei um filho; sim, abençoá-la-ei, e ela será mãe de nações; reis de povos sairão dela.
17 - Ao que se prostrou Abraão com o rosto em terra, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara, que tem noventa anos?
18 - Depois disse Abraão a Deus: Oxalá que viva Ismael diante de ti!
19 - E Deus lhe respondeu: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com ele estabelecerei o meu pacto como pacto perpétuo para a sua descendência depois dele.
20 - E quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis que o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e multiplicá-lo-ei grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.
21 - O meu pacto, porém, estabelecerei com Isaque, que Sara te dará à luz neste tempo determinado, no ano vindouro.
22 - Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus diante dele.
23 - Logo tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa e a todos os comprados por seu dinheiro, todo varão entre os da casa de Abraão, e lhes circuncidou a carne do prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenara.
24 - Abraão tinha noventa e nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio;
25 - E Ismael, seu filho, tinha treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio.
26 - No mesmo dia foram circuncidados Abraão e seu filho Ismael.
27 - E todos os homens da sua casa, assim os nascidos em casa, como os comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.
Capítulo - 18
1 - Depois apareceu o Senhor a Abraão junto aos carvalhos de Manre, estando ele sentado à porta da tenda, no maior calor do dia.
2 - Levantando Abraão os olhos, olhou e eis três homens de pé em frente dele. Quando os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro, e prostrou-se em terra,
3 - e disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.
4 - Eia, traga-se um pouco d'água, e lavai os pés e recostai-vos debaixo da árvore;
5 - e trarei um bocado de pão; refazei as vossas forças, e depois passareis adiante; porquanto por isso chegastes ate o vosso servo. Responderam-lhe: Faze assim como disseste.
6 - Abraão, pois, apressou-se em ir ter com Sara na tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha e faze bolos.
7 - Em seguida correu ao gado, apanhou um bezerro tenro e bom e deu-o ao criado, que se apressou em prepará-lo.
8 - Então tomou queijo fresco, e leite, e o bezerro que mandara preparar, e pôs tudo diante deles, ficando em pé ao lado deles debaixo da árvore, enquanto comiam.
9 - Perguntaram-lhe eles: Onde está Sara, tua mulher? Ele respondeu: Está ali na tenda.
10 - E um deles lhe disse: certamente tornarei a ti no ano vindouro; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara estava escutando à porta da tenda, que estava atrás dele.
11 - Ora, Abraão e Sara eram já velhos, e avançados em idade; e a Sara havia cessado o incômodo das mulheres.
12 - Sara então riu-se consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho?
13 - Perguntou o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: É verdade que eu, que sou velha, darei à luz um filho?
14 - Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor? Ao tempo determinado, no ano vindouro, tornarei a ti, e Sara terá um filho.
15 - Então Sara negou, dizendo: Não me ri; porquanto ela teve medo. Ao que ele respondeu: Não é assim; porque te riste.
16 - E levantaram-se aqueles homens dali e olharam para a banda de Sodoma; e Abraão ia com eles, para os encaminhar.
17 - E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço,
18 - visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão benditas todas as nações da terra?
19 - Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado.
20 - Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito,
21 - descerei agora, e verei se em tudo têm praticado segundo o seu clamor, que a mim tem chegado; e se não, sabê-lo-ei.
22 - Então os homens, virando os seus rostos dali, foram-se em direção a Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante do Senhor.
23 - E chegando-se Abraão, disse: Destruirás também o justo com o ímpio?
24 - Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que ali estão?
25 - Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio, de modo que o justo seja como o ímpio; esteja isto longe de ti. Não fará justiça o juiz de toda a terra?
26 - Então disse o Senhor: Se eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei o lugar todo por causa deles.
27 - Tornou-lhe Abraão, dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.
28 - Se porventura de cinqüenta justos faltarem cinco, destruirás toda a cidade por causa dos cinco? Respondeu ele: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.
29 - Continuou Abraão ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? Mais uma vez assentiu: Por causa dos quarenta não o farei.
30 - Disse Abraão: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar. Se porventura se acharem ali trinta? De novo assentiu: Não o farei, se achar ali trinta.
31 - Tornou Abraão: Eis que outra vez me a atrevi a falar ao Senhor. Se porventura se acharem ali vinte? Respondeu-lhe: Por causa dos vinte não a destruirei.
32 - Disse ainda Abraão: Ora, não se ire o Senhor, pois só mais esta vez falarei. Se porventura se acharem ali dez? Ainda assentiu o Senhor: Por causa dos dez não a destruirei.
33 - E foi-se o Senhor, logo que acabou de falar com Abraão; e Abraão voltou para o seu lugar.
Capítulo - 19
1 - À tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta de Sodoma e, vendo-os, levantou-se para os receber; prostrou-se com o rosto em terra,
2 - e disse: Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam eles: Não; antes na praça passaremos a noite.
3 - Entretanto, Ló insistiu muito com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes deu um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram.
4 - Mas antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;
5 - e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.
6 - Então Ló saiu-lhes à porta, fechando-a atrás de si,
7 - e disse: Meus irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente;
8 - eis aqui, tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado.
9 - Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar a porta.
10 - Aqueles homens, porém, estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para dentro da casa, e fecharam a porta;
11 - e feriram de cegueira os que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que cansaram de procurar a porta.
12 - Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar;
13 - porque nós vamos destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.
14 - Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando.
15 - E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló, dizendo: levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade.
16 - Ele, porém, se demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade.
17 - Quando os tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que não pereças.
18 - Respondeu-lhe Ló: Ah, assim não, meu Senhor!
19 - Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia que a mim me fizeste, salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o monte; não seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra.
20 - Eis ali perto aquela cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para lá {porventura não é pequena?}, e viverá a minha alma.
21 - Disse-lhe: Quanto a isso também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de falar.
22 - Apressa-te, escapa-te para lá; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.
23 - Tinha saído o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.
24 - Então o Senhor, da sua parte, fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra.
25 - E subverteu aquelas cidades e toda a planície, e todos os moradores das cidades, e o que nascia da terra.
26 - Mas a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida em uma estátua de sal.
27 - E Abraão levantou-se de madrugada, e foi ao lugar onde estivera em pé diante do Senhor;
28 - e, contemplando Sodoma e Gomorra e toda a terra da planície, viu que subia da terra fumaça como a de uma fornalha.
29 - Ora, aconteceu que, destruindo Deus as cidades da planície, lembrou-se de Abraão, e tirou Ló do meio da destruição, ao subverter aquelas cidades em que Ló habitara.
30 - E subiu Ló de Zoar, e habitou no monte, e as suas duas filhas com ele; porque temia habitar em Zoar; e habitou numa caverna, ele e as suas duas filhas.
31 - Então a primogênita disse à menor: Nosso pai é já velho, e não há varão na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;
32 - vem, demos a nosso pai vinho a beber, e deitemo-nos com ele, para que conservemos a descendência de nosso pai.
33 - Deram, pois, a seu pai vinho a beber naquela noite; e, entrando a primogênita, deitou-se com seu pai; e não percebeu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.
34 - No dia seguinte disse a primogênita à menor: Eis que eu ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe vinho a beber também esta noite; e então, entrando tu, deita-te com ele, para que conservemos a descendência de nosso pai.
35 - Tornaram, pois, a dar a seu pai vinho a beber também naquela noite; e, levantando-se a menor, deitou-se com ele; e não percebeu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.
36 - Assim as duas filhas de Ló conceberam de seu pai.
37 - A primogênita deu a luz a um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas de hoje.
38 - A menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos amonitas de hoje.
Capítulo - 20
1 - Partiu Abraão dali para a terra do Negebe, e habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar.
2 - E havendo Abraão dito de Sara, sua mulher: É minha irmã; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a Sara.
3 - Deus, porém, veio a Abimeleque, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Eis que estás para morrer por causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido.
4 - Ora, Abimeleque ainda não se havia chegado a ela: perguntou, pois: Senhor matarás porventura também uma nação justa?
5 - Não me disse ele mesmo: É minha irmã? e ela mesma me disse: Ele é meu irmão; na sinceridade do meu coração e na inocência das minhas mãos fiz isto.
6 - Ao que Deus lhe respondeu em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la;
7 - agora, pois, restitui a mulher a seu marido, porque ele é profeta, e intercederá por ti, e viverás; se, porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.
8 - Levantou-se Abimeleque de manhã cedo e, chamando a todos os seus servos, falou-lhes aos ouvidos todas estas palavras; e os homens temeram muito.
9 - Então chamou Abimeleque a Abraão e lhe perguntou: Que é que nos fizeste? e em que pequei contra ti, para trazeres sobre mim o sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste o que não se deve fazer.
10 - Perguntou mais Abimeleque a Abraão: Com que intenção fizeste isto?
11 - Respondeu Abraão: Porque pensei: Certamente não há temor de Deus neste lugar; matar-me-ão por causa da minha mulher.
12 - Além disso ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe; e veio a ser minha mulher.
13 - Quando Deus me fez sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse a ela: Esta é a graça que me farás: em todo lugar aonde formos, dize de mim: Ele é meu irmão.
14 - Então tomou Abimeleque ovelhas e bois, e servos e servas, e os deu a Abraão; e lhe restituiu Sara, sua mulher;
15 - e disse-lhe Abimeleque: Eis que a minha terra está diante de ti; habita onde bem te parecer.
16 - E a Sara disse: Eis que tenho dado a teu irmão mil moedas de prata; isso te seja por véu dos olhos a todos os que estão contigo; e perante todos estás reabilitada.
17 - Orou Abraão a Deus, e Deus sarou Abimeleque, e a sua mulher e as suas servas; de maneira que tiveram filhos;
18 - porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão.
Capítulo - 21
1 - O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido.
2 - Sara concebeu, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, de que Deus lhe falara;
3 - e, Abraão pôs no filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, o nome de Isaque.
4 - E Abraão circuncidou a seu filho Isaque, quando tinha oito dias, conforme Deus lhe ordenara.
5 - Ora, Abraão tinha cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho.
6 - Pelo que disse Sara: Deus preparou riso para mim; todo aquele que o ouvir, se rirá comigo.
7 - E acrescentou: Quem diria a Abraão que Sara havia de amamentar filhos? no entanto lhe dei um filho na sua velhice.
8 - cresceu o menino, e foi desmamado; e Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado.
9 - Ora, Sara viu brincando o filho de Agar a egípcia, que esta dera à luz a Abraão.
10 - Pelo que disse a Abraão: Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não será herdeiro com meu filho, com Isaque.
11 - Pareceu isto bem duro aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.
12 - Deus, porém, disse a Abraão: Não pareça isso duro aos teus olhos por causa do moço e por causa da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência.
13 - Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem.
14 - Então se levantou Abraão de manhã cedo e, tomando pão e um odre de água, os deu a Agar, pondo-os sobre o ombro dela; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu e foi andando errante pelo deserto de Beer-Seba.
15 - E consumida a água do odre, Agar deitou o menino debaixo de um dos arbustos,
16 - e foi assentar-se em frente dele, a boa distância, como a de um tiro de arco; porque dizia: Que não veja eu morrer o menino. Assim sentada em frente dele, levantou a sua voz e chorou.
17 - Mas Deus ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus, bradando a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Agar? não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.
18 - Ergue-te, levanta o menino e toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação.
19 - E abriu-lhe Deus os olhos, e ela viu um poço; e foi encher de água o odre e deu de beber ao menino.
20 - Deus estava com o menino, que cresceu e, morando no deserto, tornou-se flecheiro.
21 - Ele habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito.
22 - Naquele mesmo tempo Abimeleque, com Ficol, o chefe do seu exército, falou a Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo o que fazes;
23 - agora pois, jura-me aqui por Deus que não te haverás falsamente comigo, nem com meu filho, nem com o filho do meu filho; mas segundo a beneficência que te fiz, me farás a mim, e à terra onde peregrinaste.
24 - Respondeu Abraão: Eu jurarei.
25 - Abraão, porém, repreendeu a Abimeleque, por causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam tomado à força.
26 - Respondeu-lhe Abimeleque: Não sei quem fez isso; nem tu mo fizeste saber, nem tampouco ouvi eu falar nisso, senão hoje.
27 - Tomou, pois, Abraão ovelhas e bois, e os deu a Abimeleque; assim fizeram entre, si um pacto.
28 - Pôs Abraão, porém, à parte sete cordeiras do rebanho.
29 - E perguntou Abimeleque a Abraão: Que significam estas sete cordeiras que puseste à parte?
30 - Respondeu Abraão: Estas sete cordeiras receberás da minha mão para que me sirvam de testemunho de que eu cavei este poço.
31 - Pelo que chamou aquele lugar Beer-Seba, porque ali os dois juraram.
32 - Assim fizeram uma pacto em Beer-Seba. Depois se levantaram Abimeleque e Ficol, o chefe do seu exército, e tornaram para a terra dos filisteus.
33 - Abraão plantou uma tamargueira em Beer-Seba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno.
34 - E peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.
Capítulo - 22
1 - Sucedeu, depois destas coisas, que Deus provou a Abraão, dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu: Eis-me aqui.
2 - Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.
3 - Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo, albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e, tendo cortado lenha para o holocausto, partiu para ir ao lugar que Deus lhe dissera.
4 - Ao terceiro dia levantou Abraão os olhos, e viu o lugar de longe.
5 - E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós.
6 - Tomou, pois, Abraão a lenha do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também na mão o fogo e o cutelo, e foram caminhando juntos.
7 - Então disse Isaque a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?
8 - Respondeu Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. E os dois iam caminhando juntos.
9 - Havendo eles chegado ao lugar que Deus lhe dissera, edificou Abraão ali o altar e pôs a lenha em ordem; o amarrou, a Isaque, seu filho, e o deitou sobre o altar em cima da lenha.
10 - E, estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar a seu filho.
11 - Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui.
12 - Então disse o anjo: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.
13 - Nisso levantou Abraão os olhos e olhou, e eis atrás de si um carneiro embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho.
14 - Pelo que chamou Abraão àquele lugar Jeová-Jiré; donde se diz até o dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.
15 - Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde o céu,
16 - e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho,
17 - que deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;
18 - e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.
19 - Então voltou Abraão aos seus moços e, levantando-se, foram juntos a Beer-Seba; e Abraão habitou em Beer-Seba.
20 - Depois destas coisas anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca tem dado à luz filhos a Naor, teu irmão:
21 - Uz o seu primogênito, e Buz seu irmão, e Quemuel, pai de Arão,
22 - e Quesede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel.
23 - E Betuel gerou a Rebeca. Esses oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.
24 - E a sua concubina, que se chamava Reumá, também deu à luz a Teba, Gaão, Taás e Maacá.
Capítulo - 23
1 - Ora, os anos da vida de Sara foram cento e vinte e sete.
2 - E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentá-la e chorar por ela:
3 - Depois se levantou Abraão de diante do seu morto, e falou aos filhos de Hete, dizendo:
4 - Estrangeiro e peregrino sou eu entre vós; dai-me o direito de um lugar de sepultura entre vós, para que eu sepulte o meu morto, removendo-o de diante da minha face.
5 - Responderam-lhe os filhos de Hete:
6 - Ouve-nos, senhor; príncipe de Deus és tu entre nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu morto.
7 - Então se levantou Abraão e, inclinando-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete,
8 - falou-lhes, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte o meu morto de diante de minha face, ouvi-me e intercedei por mim junto a Efrom, filho de Zoar,
9 - para que ele me dê a cova de Macpela, que possui no fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em posse de sepulcro no meio de vós.
10 - Ora, Efrom estava sentado no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, o heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo:
11 - Não, meu senhor; ouve-me. O campo te dou, também te dou a cova que nele está; na presença dos filhos do meu povo te dou; sepulta o teu morto.
12 - Então Abraão se inclinou diante do povo da terra,
13 - e falou a Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Se te agrada, peço-te que me ouças. Darei o preço do campo; toma-o de mim, e sepultarei ali o meu morto.
14 - Respondeu Efrom a Abraão:
15 - Meu senhor, ouve-me. Um terreno do valor de quatrocentos siclos de prata! que é isto entre mim e ti? Sepulta, pois, o teu morto.
16 - E Abraão ouviu a Efrom, e pesou-lhe a prata de que este tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, moeda corrente entre os mercadores.
17 - Assim o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que havia nele, por todos os seus limites ao redor, se confirmaram
18 - a Abraão em possessão na presença dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.
19 - Depois sepultou Abraão a Sara sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã.
20 - Assim o campo e a cova que nele estava foram confirmados a Abraão pelos filhos de Hete em possessão de sepultura.
Capítulo - 24
1 - Ora, Abraão era já velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado.
2 - E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa,
3 - para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito;
4 - mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.
5 - Perguntou-lhe o servo: Se porventura a mulher não quiser seguir-me a esta terra, farei, então, tornar teu filho à terra donde saíste?
6 - Respondeu-lhe Abraão: Guarda-te de fazeres tornar para lá meu filho.
7 - O Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua o semente darei esta terra; ele enviará o seu anjo diante de si, para que tomes de lá mulher para meu filho.
8 - Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento; somente não farás meu filho tornar para lá.
9 - Então pôs o servo a sua mão debaixo da coxa de Abraão seu senhor, e jurou-lhe sobre este negócio.
10 - Tomou, pois, o servo dez dos camelos do seu senhor, porquanto todos os bens de seu senhor estavam em sua mão; e, partindo, foi para a Mesopotâmia, à cidade de Naor.
11 - Fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto ao poço de água, pela tarde, à hora em que as mulheres saíam a tirar água.
12 - E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, dá-me hoje, peço-te, bom êxito, e usa de benevolência para com o meu senhor Abraão.
13 - Eis que eu estou em pé junto à fonte, e as filhas dos homens desta cidade vêm saindo para tirar água;
14 - faze, pois, que a donzela a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, peço-te, para que eu beba; e ela responder: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; seja aquela que designaste para o teu servo Isaque. Assim conhecerei que usaste de benevolência para com o meu senhor.
15 - Antes que ele acabasse de falar, eis que Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o ombro.
16 - A donzela era muito formosa à vista, virgem, a quem varão não havia conhecido; ela desceu à fonte, encheu o seu cântaro e subiu.
17 - Então o servo correu-lhe ao encontro, e disse: Deixa-me beber, peço-te, um pouco de água do teu cântaro.
18 - Respondeu ela: Bebe, meu senhor. Então com presteza abaixou o seu cântaro sobre a mão e deu-lhe de beber.
19 - E quando acabou de lhe dar de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de beber.
20 - Também com presteza despejou o seu cântaro no bebedouro e, correndo outra vez ao poço, tirou água para todos os camelos dele.
21 - E o homem a contemplava atentamente, em silêncio, para saber se o Senhor havia tornado próspera a sua jornada, ou não.
22 - Depois que os camelos acabaram de beber, tomou o homem um pendente de ouro, de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro;
23 - e perguntou: De quem és filha? dize-mo, peço-te. Há lugar em casa de teu pai para nós pousarmos?
24 - Ela lhe respondeu: Eu sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor.
25 - Disse-lhe mais: Temos palha e forragem bastante, e lugar para pousar.
26 - Então inclinou-se o homem e adorou ao Senhor;
27 - e disse: Bendito seja o Senhor Deus de meu senhor Abraão, que não retirou do meu senhor a sua benevolência e a sua verdade; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu senhor.
28 - A donzela correu, e relatou estas coisas aos da casa de sua mãe.
29 - Ora, Rebeca tinha um irmão, cujo nome era Labão, o qual saiu correndo ao encontro daquele homem até a fonte;
30 - porquanto tinha visto o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e ouvido as palavras de sua irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele homem; e foi ter com o homem, que estava em pé junto aos camelos ao lado da fonte.
31 - E disse: Entra, bendito do Senhor; por que estás aqui fora? pois eu já preparei a casa, e lugar para os camelos.
32 - Então veio o homem à casa, e desarreou os camelos; deram palha e forragem para os camelos e água para lavar os pés dele e dos homens que estavam com ele.
33 - Depois puseram comida diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha exposto a minha incumbência. Respondeu-lhe Labão: Fala.
34 - Então disse: Eu sou o servo de Abraão.
35 - O Senhor tem abençoado muito ao meu senhor, o qual se tem engrandecido; deu-lhe rebanhos e gado, prata e ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos.
36 - E Sara, a mulher do meu senhor, mesmo depois, de velha deu um filho a meu senhor; e o pai lhe deu todos os seus bens.
37 - Ora, o meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito;
38 - irás, porém, à casa de meu pai, e à minha parentela, e tomarás mulher para meu filho.
39 - Então respondi ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher.
40 - Ao que ele me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e prosperará o teu caminho; e da minha parentela e da casa de meu pai tomarás mulher para meu filho;
41 - então serás livre do meu juramento, quando chegares à minha parentela; e se não te derem, livre serás do meu juramento.
42 - E hoje cheguei à fonte, e disse: Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se é que agora prosperas o meu caminho, o qual venho seguindo,
43 - eis que estou junto à fonte; faze, pois, que a donzela que sair para tirar água, a quem eu disser: Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água do teu cântaro,
44 - e ela me responder: Bebe tu, e também tirarei água para os teus camelos; seja a mulher que o Senhor designou para o filho de meu senhor.
45 - Ora, antes que eu acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com o seu cântaro sobre o ombro, desceu à fonte e tirou água; e eu lhe disse: Dá-me de beber, peço-te.
46 - E ela, com presteza, abaixou o seu cântaro do ombro, e disse: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; assim bebi, e ela deu também de beber aos camelos.
47 - Então lhe perguntei: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que Milca lhe deu. Então eu lhe pus o pendente no nariz e as pulseiras sobre as mãos;
48 - e, inclinando-me, adorei e bendisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abraão, que me havia conduzido pelo caminho direito para tomar para seu filho a filha do irmão do meu senhor.
49 - Agora, pois, se vós haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, declarai-mo; e se não, também mo declarai, para que eu vá ou para a direita ou para a esquerda.
50 - Então responderam Labão e Betuel: Do Senhor procede este negócio; nós não podemos falar-te mal ou bem.
51 - Eis que Rebeca está diante de ti, toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor.
52 - Quando o servo de Abraão ouviu as palavras deles, prostrou-se em terra diante do Senhor:
53 - e tirou o servo jóias de prata, e jóias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.
54 - Então comeram e beberam, ele e os homens que com ele estavam, e passaram a noite. Quando se levantaram de manhã, disse o servo: Deixai-me ir a meu senhor.
55 - Disseram o irmão e a mãe da donzela: Fique ela conosco alguns dias, pelo menos dez dias; e depois irá.
56 - Ele, porém, lhes respondeu: Não me detenhas, visto que o Senhor me tem prosperado o caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor.
57 - Disseram-lhe: chamaremos a donzela, e perguntaremos a ela mesma.
58 - Chamaram, pois, a Rebeca, e lhe perguntaram: Irás tu com este homem; Respondeu ela: Irei.
59 - Então despediram a Rebeca, sua irmã, e à sua ama e ao servo de Abraão e a seus homens;
60 - e abençoaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irmã nossa, sê tu a mãe de milhares de miríades, e possua a tua descendência a porta de seus aborrecedores!
61 - Assim Rebeca se levantou com as suas moças e, montando nos camelos, seguiram o homem; e o servo, tomando a Rebeca, partiu.
62 - Ora, Isaque tinha vindo do caminho de Beer-Laai-Rói; pois habitava na terra do Negebe.
63 - Saíra Isaque ao campo à tarde, para meditar; e levantando os olhos, viu, e eis que vinham camelos.
64 - Rebeca também levantou os olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo
65 - e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? respondeu o servo: É meu senhor. Então ela tomou o véu e se cobriu.
66 - Depois o servo contou a Isaque tudo o que fizera.
67 - Isaque, pois, trouxe Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe; tomou-a e ela lhe foi por mulher; e ele a amou. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.
Capítulo - 25
1 - Ora, Abraão tomou outra mulher, que se chamava Quetura.
2 - Ela lhe deu à luz a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá.
3 - Jocsã gerou a Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim.
4 - Os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Hanoque, Abidá e Eldá; todos estes foram filhos de Quetura.
5 - Abraão, porém, deu tudo quanto possuía a Isaque;
6 - no entanto aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deu ele dádivas; e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os ao Oriente, para a terra oriental.
7 - Estes, pois, são os dias dos anos da vida de Abraão, que ele viveu: cento e setenta e, cinco anos.
8 - E Abraão expirou, morrendo em boa velhice, velho e cheio de dias; e foi congregado ao seu povo.
9 - Então Isaque e Ismael, seus filhos, o sepultaram na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, que estava em frente de Manre,
10 - o campo que Abraão comprara aos filhos de Hete. Ali foi sepultado Abraão, e Sara, sua mulher.
11 - Depois da morte de Abraão, Deus abençoou a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto a Beer-Laai-Rói.
12 - Estas são as gerações de Ismael, filho de Abraão, que Agar, a egípcia, serva de Sara, lhe deu;
13 - e estes são os nomes dos filhos de Ismael pela sua ordem, segundo as suas gerações: o primogênito de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, Abdeel, Mibsão,
14 - Misma, Dumá, Massá,
15 - Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá.
16 - Estes são os filhos de Ismael, e estes são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus acampamentos: doze príncipes segundo as suas tribos.
17 - E estes são os anos da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos; e ele expirou e, morrendo, foi congregado ao seu povo.
18 - Eles então habitaram desde Havilá até Sur, que está em frente do Egito, como quem vai em direção da Assíria; assim Ismael se estabeleceu diante da face de todos os seus irmãos.
19 - E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque;
20 - e Isaque tinha quarenta anos quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, arameu.
21 - Ora, Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto ela era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu.
22 - E os filhos lutavam no ventre dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi consultar ao Senhor.
23 - Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas estranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais moço.
24 - Cumpridos que foram os dias para ela dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre.
25 - Saiu o primeiro, ruivo, todo ele como um vestido de pelo; e chamaram-lhe Esaú.
26 - Depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; pelo que foi chamado Jacó. E Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca os deu à luz.
27 - Cresceram os meninos; e Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; mas Jacó, homem sossegado, que habitava em tendas.
28 - Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó.
29 - Jacó havia feito um guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado;
30 - e disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou muito cansado. Por isso se chamou Edom.
31 - Respondeu Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura.
32 - Então replicou Esaú: Eis que estou a ponto e morrer; logo, para que me servirá o direito de primogenitura?
33 - Ao que disse Jacó: Jura-me primeiro. Jurou-lhe, pois; e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.
34 - Jacó deu a Esaú pão e o guisado e lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu caminho. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.
Capítulo - 26
1 - Sobreveio à terra uma fome, além da primeira, que ocorreu nos dias de Abraão. Por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.
2 - E apareceu-lhe o Senhor e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser;
3 - peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai;
4 - e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;
5 - porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.
6 - Assim habitou Isaque em Gerar.
7 - Então os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista.
8 - Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher.
9 - Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por sua causa.
10 - Replicou Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós.
11 - E Abimeleque ordenou a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher, certamente morrerá.
12 - Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou.
13 - E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso;
14 - e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam.
15 - Ora, todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra.
16 - E Abimeleque disse a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.
17 - Então Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou.
18 - E Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera.
19 - Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
20 - E os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele.
21 - Então cavaram outro poço, pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna.
22 - E partiu dali, e cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote, dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra.
23 - Depois subiu dali a Beer-Seba.
24 - E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão.
25 - Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um poço.
26 - Então Abimeleque veio a ele de Gerar, com Aüzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército.
27 - E perguntou-lhes Isaque: Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós?
28 - Responderam eles: Temos visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo,
29 - que não nos farás mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor.
30 - Então Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam.
31 - E levantaram-se de manhã cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se despediram dele em paz.
32 - Nesse mesmo dia vieram os servos de Isaque e deram-lhe notícias acerca do poço que haviam cavado, dizendo-lhe: Temos achado água.
33 - E ele chamou o poço Seba; por isso é o nome da cidade Beer-Seba até o dia de hoje.
34 - Ora, quando Esaú tinha quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, o heteu e a Basemate, filha de Elom, o heteu.
35 - E estas foram para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.
Capítulo - 27
1 - Quando Isaque já estava velho, e se lhe enfraqueciam os olhos, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho! Ele lhe respondeu: Eis-me aqui!
2 - Disse-lhe o pai: Eis que agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;
3 - toma, pois, as tuas armas, a tua aljava e o teu arco; e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça;
4 - e faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; a fim de que a minha alma te abençoe, antes que morra.
5 - Ora, Rebeca estava escutando quando Isaque falou a Esaú, seu filho. Saiu, pois, Esaú ao campo para apanhar caça e trazê-la.
6 - Disse então Rebeca a Jacó, seu filho: Eis que ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão, dizendo:
7 - Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante do Senhor, antes da minha morte.
8 - Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te ordeno:
9 - Vai ao rebanho, e traze-me de lá das cabras dois bons cabritos; e eu farei um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta;
10 - e levá-lo-ás a teu pai, para que o coma, a fim de te abençoar antes da sua morte.
11 - Respondeu, porém, Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é peludo, e eu sou liso.
12 - Porventura meu pai me apalpará e serei a seus olhos como enganador; assim trarei sobre mim uma maldição, e não uma bênção.
13 - Respondeu-lhe sua mãe: Meu filho, sobre mim caia essa maldição; somente obedece à minha voz, e vai trazer-mos.
14 - Então ele foi, tomou-os e os trouxe a sua mãe, que fez um guisado saboroso como seu pai gostava.
15 - Depois Rebeca tomou as melhores vestes de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho mais moço;
16 - com as peles dos cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço;
17 - e pôs o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó, seu filho.
18 - E veio Jacó a seu pai, e chamou: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?
19 - Respondeu Jacó a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te, pois, senta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.
20 - Perguntou Isaque a seu filho: Como é que tão depressa a achaste, filho meu? Respondeu ele: Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro.
21 - Então disse Isaque a Jacó: Chega-te, pois, para que eu te apalpe e veja se és meu filho Esaú mesmo, ou não.
22 - chegou-se Jacó a Isaque, seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.
23 - E não o reconheceu, porquanto as suas mãos estavam peludas, como as de Esaú seu irmão; e abençoou-o.
24 - No entanto perguntou: Tu és mesmo meu filho Esaú? E ele declarou: Eu o sou.
25 - Disse-lhe então seu pai: Traze-mo, e comerei da caça de meu filho, para que a minha alma te abençoe: E Jacó lho trouxe, e ele comeu; trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu.
26 - Disse-lhe mais Isaque, seu pai: Aproxima-te agora, e beija-me, meu filho.
27 - E ele se aproximou e o beijou; e seu pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse: Eis que o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou.
28 - Que Deus te dê do orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de mosto;
29 - sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem.
30 - Tão logo Isaque acabara de abençoar a Jacó, e este saíra da presença de seu pai, chegou da caça Esaú, seu irmão;
31 - e fez também ele um guisado saboroso e, trazendo-o a seu pai, disse-lhe: Levanta-te, meu pai, e come da caça de teu filho, para que a tua alma me abençoe.
32 - Perguntou-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? Respondeu ele: Eu sou teu filho, o teu primogênito, Esaú.
33 - Então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou caça e ma trouxe? Eu comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será bendito.
34 - Esaú, ao ouvir as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai!
35 - Respondeu Isaque: Veio teu irmão e com sutileza tomou a tua bênção.
36 - Disse Esaú: Não se chama ele com razão Jacó, visto que já por duas vezes me enganou? tirou-me o direito de primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção. E perguntou: Não reservaste uma bênção para mim?
37 - Respondeu Isaque a Esaú: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido. Que, pois, poderei eu fazer por ti, meu filho?
38 - Disse Esaú a seu pai: Porventura tens uma única bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a voz, e chorou.
39 - Respondeu-lhe Isaque, seu pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, longe do orvalho do alto céu;
40 - pela tua espada viverás, e a teu irmão, serviras; mas quando te tornares impaciente, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço.
41 - Esaú, pois, odiava a Jacó por causa da bênção com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo: Vêm chegando os dias de luto por meu pai; então hei de matar Jacó, meu irmão.
42 - Ora, foram denunciadas a Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; pelo que ela mandou chamar Jacó, seu filho mais moço, e lhe disse: Eis que Esaú teu irmão se consola a teu respeito, propondo matar-te.
43 - Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de Labão, meu irmão, em Harã,
44 - e demora-te com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;
45 - até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada de vós ambos num só dia?
46 - E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas desta terra, para que viverei?
Capítulo - 28
1 - Isaque, pois, chamou Jacó, e o abençoou, e ordenou-lhe, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã.
2 - Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher dentre as filhas de Labão, irmão de tua mãe.
3 - Deus Todo-Poderoso te abençoe, te faça frutificar e te multiplique, para que venhas a ser uma multidão de povos; seu
4 - e te dê a bênção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que herdes a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.
5 - Assim despediu Isaque a Jacó, o qual foi a Padã-Arã, a Labão, filho de Betuel, arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.
6 - Ora, viu Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar de lá mulher para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã,
7 - e que Jacó, obedecendo a seu pai e a sua mãe, fora a Padã-Arã;
8 - vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai,
9 - foi-se Esaú a Ismael e, além das mulheres que já tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote.
10 - Partiu, pois, Jacó de Beer-Seba e se foi em direção a Harã;
11 - e chegou a um lugar onde passou a noite, porque o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo da cabeça, deitou-se ali para dormir.
12 - Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;
13 - por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;
14 - e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te-ás para o ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.
15 - Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado.
16 - Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.
17 - E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus.
18 - Jacó levantou-se de manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e derramou-lhe azeite em cima.
19 - E chamou aquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz.
20 - Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir,
21 - de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus,
22 - então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Capítulo - 29
1 - Então pôs-se Jacó a caminho e chegou à terra dos filhos do Oriente.
2 - E olhando, viu ali um poço no campo, e três rebanhos de ovelhas deitadas junto dele; pois desse poço se dava de beber aos rebanhos; e havia uma grande pedra sobre a boca do poço.
3 - Ajuntavam-se ali todos os rebanhos; os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a pôr a pedra no seu lugar sobre a boca do poço.
4 - Perguntou-lhes Jacó: Meus irmãos, donde sois? Responderam eles: Somos de Harã.
5 - Perguntou-lhes mais: Conheceis a Labão, filho de Naor; Responderam: Conhecemos.
6 - Perguntou-lhes ainda: vai ele bem? Responderam: Vai bem; e eis ali Raquel, sua filha, que vem chegando com as ovelhas.
7 - Disse ele: Eis que ainda vai alto o dia; não é hora de se ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide apascentá-las.
8 - Responderam: Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e seja removida a pedra da boca do poço; assim é que damos de beber às ovelhas.
9 - Enquanto Jacó ainda lhes falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porquanto era ela quem as apascentava.
10 - Quando Jacó viu a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou-se, revolveu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.
11 - Então Jacó beijou a Raquel e, levantando a voz, chorou.
12 - E Jacó anunciou a Raquel que ele era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca. Raquel, pois foi correndo para anunciá-lo a, seu pai.
13 - Quando Labão ouviu essas novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o, beijou-o e o levou à sua casa. E Jacó relatou a Labão todas essas, coisas.
14 - Disse-lhe Labão: Verdadeiramente tu és meu osso e minha carne. E Jacó ficou com ele um mês inteiro.
15 - Depois perguntou Labão a Jacó: Por seres meu irmão hás de servir-me de graça? Declara-me, qual será o teu salário?
16 - Ora, Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Léia, e o da mais moça Raquel.
17 - Léia tinha os olhos enfermos, enquanto que Raquel era formosa de porte e de semblante.
18 - Jacó, porquanto amava a Raquel, disse: Sete anos te servirei para ter a Raquel, tua filha mais moça.
19 - Respondeu Labão: Melhor é que eu a dê a ti do que a outro; fica comigo.
20 - Assim serviu Jacó sete anos por causa de Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo muito que a amava.
21 - Então Jacó disse a Labão: Dá-me minha mulher, porque o tempo já está cumprido; para que eu a tome por mulher.
22 - Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar, e fez um banquete.
23 - À tarde tomou a Léia, sua filha e a trouxe a Jacó, que esteve com ela.
24 - E Labão deu sua serva Zilpa por serva a Léia, sua filha.
25 - Quando amanheceu, eis que era Léia; pelo que perguntou Jacó a Labão: Que é isto que me fizeste? Porventura não te servi em troca de Raquel? Por que, então, me enganaste?
26 - Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra; não se dá a menor antes da primogênita.
27 - Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo trabalho de outros sete anos que ainda me servirás.
28 - Assim fez Jacó, e cumpriu a semana de Léia; depois Labão lhe deu por mulher sua filha Raquel.
29 - E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha.
30 - Então Jacó esteve também com Raquel; e amou a Raquel muito mais do que a Léia; e serviu com Labão ainda outros sete anos.
31 - Viu, pois, o Senhor que Léia era desprezada e tornou-lhe fecunda a madre; Raquel, porém, era estéril.
32 - E Léia concebeu e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição; agora me amará meu marido.
33 - Concebeu outra vez, e deu à luz um filho; e disse: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, deu-me também este. E lhe chamou Simeão.
34 - Concebeu ainda outra vez e deu à luz um filho e disse: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Portanto lhe chamou Levi.
35 - De novo concebeu e deu à luz um filho; e disse: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso lhe chamou Judá. E cessou de ter filhos.
Capítulo - 30
1 - Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão eu morro.
2 - Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel; e disse: Porventura estou eu no lugar de Deus que te impediu o fruto do ventre?
3 - Respondeu ela: Eis aqui minha serva Bila; recebe-a por mulher, para que ela dê à luz sobre os meus joelhos, e eu deste modo tenha filhos por ela.
4 - Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó a conheceu.
5 - Bila concebeu e deu à luz um filho a Jacó.
6 - Então disse Raquel: Julgou-me Deus; ouviu a minha voz e me deu um filho; pelo que lhe chamou Dã.
7 - E Bila, serva de Raquel, concebeu outra vez e deu à luz um segundo filho a Jacó.
8 - Então disse Raquel: Com grandes lutas tenho lutado com minha irmã, e tenho vencido; e chamou-lhe Naftali.
9 - Também Léia, vendo que cessara de ter filhos, tomou a Zilpa, sua serva, e a deu a Jacó por mulher.
10 - E Zilpa, serva de Léia, deu à luz um filho a Jacó.
11 - Então disse Léia: Afortunada! e chamou-lhe Gade.
12 - Depois Zilpa, serva de Léia, deu à luz um segundo filho a Jacó.
13 - Então disse Léia: Feliz sou eu! porque as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser.
14 - Ora, saiu Rúben nos dias da ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e as trouxe a Léia, sua mãe. Então disse Raquel a Léia: Dá-me, peço, das mandrágoras de teu filho.
15 - Ao que lhe respondeu Léia: É já pouco que me hajas tirado meu marido? queres tirar também as mandrágoras de meu filho? Prosseguiu Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.
16 - Quando, pois, Jacó veio à tarde do campo, saiu-lhe Léia ao encontro e disse: Hás de estar comigo, porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela deitou-se Jacó aquela noite.
17 - E ouviu Deus a Léia, e ela concebeu e deu a Jacó um quinto filho.
18 - Então disse Léia: Deus me tem dado o meu galardão, porquanto dei minha serva a meu marido. E chamou ao filho Issacar.
19 - Concebendo Léia outra vez, deu a Jacó um sexto filho;
20 - e disse: Deus me deu um excelente dote; agora morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom.
21 - Depois. disto deu à luz uma filha, e chamou-lhe Diná.
22 - Também lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a tornou fecunda.
23 - De modo que ela concebeu e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus o opróbrio.
24 - E chamou-lhe José, dizendo: Acrescente-me o Senhor ainda outro filho.
25 - Depois que Raquel deu à luz a José, disse Jacó a Labão: Despede-me a fim de que eu vá para meu lugar e para minha terra.
26 - Dá-me as minhas mulheres, e os meus filhos, pelas quais te tenho servido, e deixa-me ir; pois tu sabes o serviço que te prestei.
27 - Labão lhe respondeu: Se tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho percebido que o Senhor me abençoou por amor de ti.
28 - E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei.
29 - Ao que lhe respondeu Jacó: Tu sabes como te hei servido, e como tem passado o teu gado comigo.
30 - Porque o pouco que tinhas antes da minha vinda tem se multiplicado abundantemente; e o Senhor te tem abençoado por onde quer que eu fui. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa?
31 - Insistiu Labão: Que te darei? Então respondeu Jacó: Não me darás nada; tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho se me fizeres isto:
32 - Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os escuros entre as ovelhas, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isto será o meu salário.
33 - De modo que responderá por mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres ver o meu salário assim exposto diante de ti: tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e escuro entre as ovelhas, esse, se for achado comigo, será tido por furtado.
34 - Concordou Labão, dizendo: Seja conforme a tua palavra.
35 - E separou naquele mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, tudo em que havia algum branco, e todos os escuros entre os cordeiros e os deu nas mãos de seus filhos;
36 - e pôs três dias de caminho entre si e Jacó; e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.
37 - Então tomou Jacó varas verdes de estoraque, de amendoeira e de plátano e, descascando nelas riscas brancas, descobriu o branco que nelas havia;
38 - e as varas que descascara pôs em frente dos rebanhos, nos cochos, isto é, nos bebedouros, onde os rebanhos bebiam; e conceberam quando vinham beber.
39 - Os rebanhos concebiam diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas.
40 - Então separou Jacó os cordeiros, e fez os rebanhos olhar para os listrados e para todos os escuros no rebanho de Labão; e pôs seu rebanho à parte, e não pôs com o rebanho de Labão.
41 - e todas as vezes que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos bebedouros, diante dos olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas;
42 - mas quando era fraco o rebanho, ele não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó.
43 - E o homem se enriqueceu sobremaneira, e teve grandes rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos.
Capítulo - 31
1 - Jacó, entretanto, ouviu as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tem levado tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai adquiriu ele todas estas, riquezas.
2 - Viu também Jacó o rosto de Labão, e eis que não era para com ele como dantes.
3 - Disse o Senhor, então, a Jacó: Volta para a terra de teus pais e para a tua parentela; e eu serei contigo.
4 - Pelo que Jacó mandou chamar a Raquel e a Léia ao campo, onde estava o seu rebanho,
5 - e lhes disse: vejo que o rosto de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo.
6 - Ora, vós mesmas sabeis que com todas as minhas forças tenho servido a vosso pai.
7 - Mas vosso pai me tem enganado, e dez vezes mudou o meu salário; Deus, porém, não lhe permitiu que me fizesse mal.
8 - Quando ele dizia assim: Os salpicados serão o teu salário; então todo o rebanho dava salpicados. E quando ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então todo o rebanho dava listrados.
9 - De modo que Deus tem tirado o gado de vosso pai, e mo tem dado a mim.
10 - Pois sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, levantei os olhos e num sonho vi que os bodes que cobriam o rebanho eram listrados, salpicados e malhados.
11 - Disse-me o anjo de Deus no sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui.
12 - Prosseguiu o anjo: Levanta os teus olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te vem fazendo.
13 - Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te, pois, sai-te desta terra e volta para a terra da tua parentela.
14 - Então lhe responderam Raquel e Léia: Temos nós ainda parte ou herança na casa de nosso pai?
15 - Não somos tidas por ele como estrangeiras? pois nos vendeu, e consumiu todo o nosso preço.
16 - Toda a riqueza que Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos; portanto, faze tudo o que Deus te mandou.
17 - Levantou-se, pois, Jacó e fez montar seus filhos e suas mulheres sobre os camelos;
18 - e levou todo o seu gado, e toda a sua fazenda, que havia adquirido, o gado que possuía, que havia adquirido em Padã-Arã, a fim de ir ter com Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
19 - Ora, tendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, Raquel furtou os ídolos que pertenciam a seu pai.
20 - Jacó iludiu a Labão, o arameu, não lhe fazendo saber que fugia;
21 - e fugiu com tudo o que era seu; e, levantando-se, passou o Rio, e foi em direção à montanha de Gileade.
22 - Ao terceiro dia foi Labão avisado de que Jacó havia fugido.
23 - Então, tomando consigo seus irmãos, seguiu atrás de Jacó jornada de sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade.
24 - Mas Deus apareceu de noite em sonho a Labão, o arameu, e disse-lhe: Guardate, que não fales a Jacó nem bem nem mal.
25 - Alcançou, pois, Labão a Jacó. Ora, Jacó tinha armado a sua tenda na montanha; armou também Labão com os seus irmãos a sua tenda na montanha de Gileade.
26 - Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que me iludiste e levaste minhas filhas como cativas da espada?
27 - Por que fizeste ocultamente, e me iludiste e não mo fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria e com cânticos, ao som de tambores e de harpas;
28 - Por que não me permitiste beijar meus filhos e minhas filhas? Ora, assim procedeste nesciamente.
29 - Está no poder da minha mão fazer-vos o mal, mas o Deus de vosso pai falou-me ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal.
30 - Mas ainda que quiseste ir embora, porquanto tinhas saudades da casa de teu pai, por que furtaste os meus deuses?
31 - Respondeu-lhe Jacó: Porque tive medo; pois dizia comigo que tu me arrebatarias as tuas filhas.
32 - Com quem achares os teus deuses, porém, esse não viverá; diante de nossos irmãos descobre o que é teu do que está comigo, e leva-o contigo. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.
33 - Entrou, pois, Labão na tenda de Jacó, na tenda de Léia e na tenda das duas servas, e não os achou; e, saindo da tenda de Léia, entrou na tenda de Raquel.
34 - Ora, Raquel havia tomado os ídolos e os havia metido na albarda do camelo, e se assentara em cima deles. Labão apalpou toda a tenda, mas não os achou.
35 - E ela disse a seu pai: Não se acenda a ira nos olhos de meu senhor, por eu não me poder levantar na tua presença, pois estou com o incômodo das mulheres. Assim ele procurou, mas não achou os ídolos.
36 - Então irou-se Jacó e contendeu com Labão, dizendo: Qual é a minha transgressão? qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?
37 - Depois de teres apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis da tua casar. Põe-no aqui diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que eles julguem entre nós ambos.
38 - Estes vinte anos estive eu contigo; as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi os carneiros do teu rebanho.
39 - Não te trouxe eu o despedaçado; eu sofri o dano; da minha mão requerias tanto o furtado de dia como o furtado de noite.
40 - Assim andava eu; de dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o sono me fugia dos olhos.
41 - Estive vinte anos em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; dez vezes mudaste o meu salário.
42 - Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque não fora por mim, certamente hoje me mandarias embora vazio. Mas Deus tem visto a minha aflição e o trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.
43 - Respondeu-lhe Labão: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é meu rebanho, e tudo o que vês é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou aos filhos que elas tiveram?
44 - Agora pois vem, e façamos um pacto, eu e tu; e sirva ele de testemunha entre mim e ti.
45 - Então tomou Jacó uma pedra, e a erigiu como coluna.
46 - E disse a seus irmãos: Ajuntai pedras. Tomaram, pois, pedras e fizeram um montão, e ali junto ao montão comeram.
47 - Labão lhe chamou Jegar-Saaduta, e Jacó chamou-lhe Galeede.
48 - Disse, pois, Labão: Este montão é hoje testemunha entre mim e ti. Por isso foi chamado Galeede;
49 - e também Mizpá, porquanto disse: Vigie o Senhor entre mim e ti, quando estivermos apartados um do outro.
50 - Se afligires as minhas filhas, e se tomares outras mulheres além das minhas filhas, embora ninguém esteja conosco, lembra-te de que Deus é testemunha entre mim e ti.
51 - Disse ainda Labão a Jacó: Eis aqui este montão, e eis aqui a coluna que levantei entre mim e ti.
52 - Seja este montão testemunha, e seja esta coluna testemunha de que, para mal, nem passarei eu deste montão a ti, nem passarás tu deste montão e desta coluna a mim.
53 - O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo Temor de seu pai Isaque.
54 - Então Jacó ofereceu um sacrifício na montanha, e convidou seus irmãos para comerem pão; e, tendo comido, passaram a noite na montanha.
55 - Levantou-se Labão de manhã cedo, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo, voltou para o seu lugar.
Capítulo - 32
1 - Jacó também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os anjos de Deus.
2 - Quando Jacó os viu, disse: Este é o exército de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim.
3 - Então enviou Jacó mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de Edom,
4 - tendo-lhes ordenado: Deste modo falareis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como peregrino morei com Labão, e com ele fiquei até agora;
5 - e tenho bois e jumentos, rebanhos, servos e servas; e mando comunicar isso a meu senhor, para achar graça aos teus olhos.
6 - Depois os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos ter com teu irmão Esaú; e, em verdade, vem ele para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.
7 - Jacó teve muito medo e ficou aflito; dividiu em dois bandos o povo que estava com ele, bem como os rebanhos, os bois e os camelos;
8 - pois dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará.
9 - Disse mais Jacó: o Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me disseste: Volta para a tua terra, e para a tua parentela, e eu te farei bem!
10 - Não sou digno da menor de todas as tuas beneficências e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo; porque com o meu cajado passei este Jordão, e agora volto em dois bandos.
11 - Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque eu o temo; acaso não venha ele matar-me, e a mãe com os filhos.
12 - Pois tu mesmo disseste: Certamente te farei bem, e farei a tua descendência como a areia do mar, que pela multidão não se pode contar.
13 - Passou ali aquela noite; e do que tinha tomou um presente para seu irmão Esaú:
14 - duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros,
15 - trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos.
16 - Então os entregou nas mãos dos seus servos, cada manada em separado; e disse a seus servos: Passai adiante de mim e ponde espaço entre manada e manada.
17 - E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem és, e para onde vais, e de quem são estes diante de ti?
18 - Então responderás: São de teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú, e eis que ele vem também atrás de nos.
19 - Ordenou igualmente ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás das manadas, dizendo: Desta maneira falareis a Esaú quando o achardes.
20 - E direis também: Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Aplacá-lo-ei com o presente, que vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura ele me aceitará.
21 - Foi, pois, o presente adiante dele; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
22 - Naquela mesma noite levantou-se e, tomando suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos, passou o vau de Jaboque.
23 - Tomou-os, e fê-los passar o ribeiro, e fez passar tudo o que tinha.
24 - Jacó, porém, ficou só; e lutava com ele um homem até o romper do dia.
25 - Quando este viu que não prevalecia contra ele, tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, enquanto lutava com ele.
26 - Disse o homem: Deixa-me ir, porque já vem rompendo o dia. Jacó, porém, respondeu: Não te deixarei ir, se me não abençoares.
27 - Perguntou-lhe, pois: Qual é o teu nome? E ele respondeu: Jacó.
28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido.
29 - Perguntou-lhe Jacó: Dize-me, peço-te, o teu nome. Respondeu o homem: Por que perguntas pelo meu nome? E ali o abençoou.
30 - Pelo que Jacó chamou ao lugar Peniel, dizendo: Porque tenho visto Deus face a face, e a minha vida foi preservada.
31 - E nascia o sol, quando ele passou de Peniel; e coxeava de uma perna.
32 - Por isso os filhos de Israel não comem até o dia de hoje o nervo do quadril, que está sobre a juntura da coxa, porquanto o homem tocou a juntura da coxa de Jacó no nervo do quadril.
Capítulo - 33
1 - Levantou Jacó os olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então repartiu os filhos entre Léia, e Raquel, e as duas servas.
2 - Pôs as servas e seus filhos na frente, Léia e seus filhos atrás destes, e Raquel e José por últimos.
3 - Mas ele mesmo passou adiante deles, e inclinou-se em terra sete vezes, até chegar perto de seu irmão.
4 - Então Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles choraram.
5 - E levantando Esaú os olhos, viu as mulheres e os meninos, e perguntou: Quem são estes contigo? Respondeu-lhe Jacó: Os filhos que Deus bondosamente tem dado a teu servo.
6 - Então chegaram-se as servas, elas e seus filhos, e inclinaram-se.
7 - Chegaram-se também Léia e seus filhos, e inclinaram-se; depois chegaram-se José e Raquel e se inclinaram.
8 - Perguntou Esaú: Que queres dizer com todo este bando que tenho encontrado? Respondeu Jacó: Para achar graça aos olhos de meu senhor.
9 - Mas Esaú disse: Tenho bastante, meu irmão; seja teu o que tens.
10 - Replicou-lhe Jacó: Não, mas se agora tenho achado graça aos teus olhos, aceita o presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tu te agradaste de mim.
11 - Aceita, peço-te, o meu presente, que eu te trouxe; porque Deus tem sido bondoso para comigo, e porque tenho de tudo. E insistiu com ele, e ele o aceitou.
12 - Então Esaú disse: Ponhamo-nos a caminho e vamos; eu irei adiante de ti.
13 - Respondeu-lhe Jacó: Meu senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas de leite; se forem obrigadas a caminhar demais por um só dia, todo o rebanho morrerá.
14 - Passe o meu senhor adiante de seu servo; e eu seguirei, conduzindo-os calmamente, conforme o passo do gado que está diante de mim, e conforme o passo dos meninos, até que chegue a meu senhor em Seir.
15 - Ao que disse Esaú: Permite ao menos que eu deixe contigo alguns da minha gente. Replicou Jacó: Para que? Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor.
16 - Assim tornou Esaú aquele dia pelo seu caminho em direção a Seir.
17 - Jacó, porém, partiu para Sucote, e edificou para si uma casa, e fez barracas para o seu gado; por isso o lugar se chama Sucote.
18 - Depois chegou Jacó em paz à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando veio de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade.
19 - E comprou a parte do campo, em que estendera a sua tenda, dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro.
20 - Então levantou ali um altar, e chamou-lhe o El-Eloé-Israel.
Capítulo - 34
1 - Diná, filha de Léia, que esta tivera de Jacó, saiu para ver as filhas da terra.
2 - Viu-a Siquém, filho de Hamor o heveu, príncipe da terra; e, tomando-a, deitou-se com ela e humilhou-a.
3 - Assim se apegou a sua alma a Diná, filha de Jacó, e, amando a donzela, falou-lhe afetuosamente.
4 - Então disse Siquém a Hamor seu pai: Consegue-me esta donzela por mulher.
5 - Ora, Jacó ouviu que Siquém havia contaminado a Diná sua filha. Entretanto, estando seus filhos no campo com o gado, calou-se Jacó até que viessem.
6 - Hamor, pai de Siquém, saiu a fim de falar com Jacó.
7 - Os filhos de Jacó, pois, vieram do campo logo que souberam do caso; e entristeceram-se e iraram-se muito, porque Siquém havia cometido uma insensatez em Israel, deitando-se com a filha de Jacó, coisa que não se devia fazer.
8 - Então falou Hamor com eles, dizendo: A alma de meu filho Siquém afeiçoou-se fortemente a vossa filha; dai-lha, peço-vos, por mulher.
9 - Também aparentai-vos conosco; dai-nos as vossas filhas e recebei as nossas.
10 - Assim habitareis conosco; a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e nela adquiri propriedades.
11 - Depois disse Siquém ao pai e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos, e darei o que me disserdes;
12 - exigi de mim o que quiserdes em dote e presentes, e darei o que me pedirdes; somente dai-me a donzela por mulher.
13 - Então os filhos de Jacó, respondendo, falaram enganosamente a Siquém e a Hamor, seu pai, porque Siquém havia contaminado a Diná, sua irmã,
14 - e lhes disseram: Não podemos fazer p isto, dar a nossa irmã a um homem incircunciso; porque isso seria uma vergonha para nós.
15 - Sob esta única condição consentiremos; se vos tornardes como nós, circuncidando-se todo varão entre vós;
16 - então vos daremos nossas filhas a vós, e receberemos vossas filhas para nós; assim habitaremos convosco e nos tornaremos um só povo.
17 - Mas se não nos ouvirdes, e não vos circuncidardes, levaremos nossa filha e nos iremos embora.
18 - E suas palavras agradaram a Hamor e a Siquém, seu filho.
19 - Não tardou, pois, o mancebo em fazer isso, porque se agradava da filha de Jacó. Era ele o mais honrado de toda a casa de seu pai.
20 - Vieram, pois, Hamor e Siquém, seu filho, à porta da sua cidade, e falaram aos homens da cidade, dizendo:
21 - Estes homens são pacíficos para conosco; portanto habitem na terra e negociem nela, pois é bastante espaçosa para eles. Recebamos por mulheres as suas filhas, e lhes demos as nossas.
22 - Mas sob uma única condição é que consentirão aqueles homens em habitar conosco para nos tornarmos um só povo: se todo varão entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.
23 - O seu gado, as suas aquisições, e todos os seus animais, não serão nossos? consintamos somente com eles, e habitarão conosco.
24 - E deram ouvidos a Hamor e a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e foi circuncidado todo varão, todos os que saíam pela porta da sua cidade.
25 - Ao terceiro dia, quando os homens estavam doridos, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, entraram na cidade com toda a segurança e mataram todo varão.
26 - Mataram também ao fio da espada a Hamor e a Siquém, seu filho; e, tirando Diná da casa de Siquém, saíram.
27 - Vieram os filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade; porquanto haviam contaminado a sua irmã.
28 - Tomaram-lhes os rebanhos, os bois, os jumentos, e o que havia tanto na cidade como no campo;
29 - e todos os seus bens, e todos os seus pequeninos, e as suas mulheres, levaram por presa; e despojando as casas, levaram tudo o que havia nelas.
30 - Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me perturbado, fazendo-me odioso aos habitantes da terra, aos cananeus e perizeus. Tendo eu pouca gente, eles se ajuntarão e me ferirão; e serei destruído, eu com minha casa.
31 - Ao que responderam: Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?
Capítulo - 35
1 - Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da face de Esaú, teu irmão.
2 - Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos e mudai as vossas vestes.
3 - Levantemo-nos, e subamos a Betel; ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho por onde andei.
4 - Entregaram, pois, a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham nas mãos, e as arrecadas que pendiam das suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
5 - Então partiram; e o terror de Deus sobreveio às cidades que lhes estavam ao redor, de modo que não perseguiram os filhos de Jacó.
6 - Assim chegou Jacó à Luz, que está na terra de Canaã {esta é Betel}, ele e todo o povo que estava com ele.
7 - Edificou ali um altar, e chamou ao lugar El-Betel; porque ali Deus se lhe tinha manifestado quando fugia da face de seu irmão.
8 - Morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho, ao qual se chamou Alom-Bacute.
9 - Apareceu Deus outra vez a Jacó, quando ele voltou de Padã-Arã, e o abençoou.
10 - E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. Chamou-lhe Israel.
11 - Disse-lhe mais: Eu sou Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos;
12 - a terra que dei a Abraão e a Isaque, a ti a darei; também à tua descendência depois de ti a darei.
13 - E Deus subiu dele, do lugar onde lhe falara.
14 - Então Jacó erigiu uma coluna no lugar onde Deus lhe falara, uma coluna de pedra; e sobre ela derramou uma libação e deitou-lhe também azeite;
15 - e Jacó chamou Betel ao lugar onde Deus lhe falara.
16 - Depois partiram de Betel; e, faltando ainda um trecho pequeno para chegar a Efrata, Raquel começou a sentir dores de parto, e custou-lhe o dar à luz.
17 - Quando ela estava nas dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas, pois ainda terás este filho.
18 - Então Raquel, ao sair-lhe a alma {porque morreu}, chamou ao filho Benôni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim.
19 - Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata {esta é Bete-Leém}.
20 - E Jacó erigiu uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje.
21 - Então partiu Israel, e armou a sua tenda além de Migdal-Eder.
22 - Quando Israel habitava naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube. Eram doze os filhos de Jacó:
23 - Os filhos de Léia: Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom;
24 - os filhos de Raquel: José e Benjamim;
25 - os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali;
26 - os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.
27 - Jacó veio a seu pai Isaque, a Manre, a Quiriate-Arba {esta é Hebrom}, onde peregrinaram Abraão e Isaque.
28 - Foram os dias de Isaque cento e oitenta anos;
29 - e, exalando o espírito, morreu e foi congregado ao seu povo, velho e cheio de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram.
Capítulo - 36
1 - Estas são as gerações de Esaú {este é Edom}:
2 - Esaú tomou dentre as filhas de Canaã suas mulheres: Ada, filha de Elom o heteu, e Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão o heveu,
3 - e Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.
4 - Ada teve de Esaú a Elifaz, e Basemate teve a Reuel;
5 - e Aolíbama teve a Jeús, Jalão e Corá; estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
6 - Depois Esaú tomou suas mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as almas de sua casa, seu gado, todos os seus animais e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de Canaã, e foi-se para outra terra, apartando-se de seu irmão Jacó.
7 - Porque os seus bens eram abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.
8 - Portanto Esaú habitou no monte de Seir; Esaú é Edom.
9 - Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:
10 - Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.
11 - E os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gatã e Quenaz.
12 - Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque. São esses os filhos de Ada, mulher de Esaú.
13 - Foram estes os filhos de Reuel: Naate e Zerá, Sama e Mizá. Foram esses os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
14 - Estes foram os filhos de Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão, mulher de Esaú: ela teve de Esaú Jeús, Jalão e Corá.
15 - São estes os chefes dos filhos de Esaú: dos filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, os chefes Temã, Omar, Zefô, Quenaz,
16 - Corá, Gatã e Amaleque. São esses os chefes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; esses são os filhos de Ada.
17 - Estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: os chefes Naate, Zerá, Sama e Mizá; esses são os chefes que nasceram a Reuel na terra de Edom; esses são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
18 - Estes são os filhos de Aolíbama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e Corá; esses são os chefes que nasceram a líbama, filha de Ana, mulher de Esaú.
19 - Esses são os filhos de Esaú, e esses seus príncipes: ele é Edom.
20 - São estes os filhos de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
21 - Disom, Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.
22 - Os filhos de Lotã foram: Hori e Hemã; e a irmã de Lotã era Timna.
23 - Estes são os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onão.
24 - Estes são os filhos de Zibeão: Aías e Anás; este é o Anás que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
25 - São estes os filhos de Ana: Disom e Aolíbama, filha de Ana.
26 - São estes os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27 - Estes são os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.
28 - Estes são os filhos de Disã: Uz e Arã.
29 - Estes são os chefes dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
30 - Disom, Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus que governaram na terra de Seir.
31 - São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.
32 - Reinou, pois, em Edom Belá, filho de Beor; e o nome da sua cidade era Dinabá.
33 - Morreu Belá; e Jobabe, filho de Zerá de Bozra, reinou em seu lugar.
34 - Morreu Jobabe; e Husão, da terra dos temanitas, reinou em seu lugar.
35 - Morreu Husão; e em seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe; e o nome da sua cidade era Avite.
36 - Morreu Hadade; e Sâmela de Masreca reinou em seu lugar.
37 - Morreu Sâmela; e Saul de Reobote junto ao rio reinou em seu lugar.
38 - Morreu Saul; e Baal-Hanã, filho de Acbor, reinou em seu lugar.
39 - Morreu Baal-Hanã, filho de Acbor; e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade era Paú; e o nome de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 - Estes são os nomes dos chefes dos filhos de Esaú, segundo as suas famílias, segundo os seus lugares, pelos seus nomes: os chefes Timna, Alva, Jetete,
41 - Aolíbama, Elá, Pinom,
42 - Quenaz, Temã, Mibzar,
43 - Magdiel e Irão; esses são os chefes de Edom, segundo as suas habitações, na terra ,da sua possessão. Este é Esaú, pai dos edomeus.
Capítulo - 37
1 - Jacó habitava na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 - Estas são as gerações de Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a respeito deles.
3 - Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.
4 - Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam falar pacificamente.
5 - José teve um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.
6 - Pois ele lhes disse: Ouvi, peço-vos, este sonho que tive:
7 - Estávamos nós atando molhos no campo, e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.
8 - Responderam-lhe seus irmãos: Tu pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas palavras.
9 - Teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim.
10 - Quando o contou a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é esse que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos com o rosto em terra diante de ti?
11 - Seus irmãos, pois, o invejavam; mas seu pai guardava o caso no seu coração.
12 - Ora, foram seus irmãos apascentar o rebanho de seu pai, em Siquém.
13 - Disse, pois, Israel a José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui.
14 - Disse-lhe Israel: Vai, vê se vão bem teus irmãos, e o rebanho; e traze-me resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom; e José foi a Siquém.
15 - E um homem encontrou a José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que procuras?
16 - Respondeu ele: Estou procurando meus irmãos; dize-me, peço-te, onde apascentam eles o rebanho.
17 - Disse o homem: Foram-se daqui; pois ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu seus irmãos, e os achou em Dotã.
18 - Eles o viram de longe e, antes que chegasse aonde estavam, conspiraram contra ele, para o matarem,
19 - dizendo uns aos outros: Eis que lá vem o sonhador!
20 - Vinde pois agora, matemo-lo e lancemo-lo numa das covas; e diremos: uma besta-fera o devorou. Veremos, então, o que será dos seus sonhos.
21 - Mas Rúben, ouvindo isso, livrou-o das mãos deles, dizendo: Não lhe tiremos a vida.
22 - Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mão nele. Disse isto para livrá-lo das mãos deles, a fim de restituí-lo a seu pai.
23 - Logo que José chegou a seus irmãos, estes o despiram da sua túnica, a túnica de várias cores, que ele trazia;
24 - e tomando-o, lançaram-no na cova; mas a cova estava vazia, não havia água nela.
25 - Depois sentaram-se para comer; e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade; nos seus camelos traziam tragacanto, bálsamo e mirra, que iam levar ao Egito.
26 - Disse Judá a seus irmãos: De que nos aproveita matar nosso irmão e encobrir o seu sangue?
27 - Vinde, vendamo-lo a esses ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, nossa carne. E escutaram-no seus irmãos.
28 - Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.
29 - Ora, Rúben voltou à cova, e eis que José não estava na cova; pelo que rasgou as suas vestes
30 - e, tornando a seus irmãos, disse: O menino não aparece; e eu, aonde irei?
31 - Tomaram, então, a túnica de José, mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.
32 - Enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai e dizer-lhe: Achamos esta túnica; vê se é a túnica de teu filho, ou não.
33 - Ele a reconheceu e exclamou: A túnica de meu filho! uma besta-fera o devorou; certamente José foi despedaçado.
34 - Então Jacó rasgou as suas vestes, e pôs saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho por muitos dias.
35 - E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o Seol. Assim o chorou seu pai.
36 - Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.
Capítulo - 38
1 - Nesse tempo Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa dum adulamita, que se chamava Hira,
2 - e viu Judá ali a filha de um cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela.
3 - Ela concebeu e teve um filho, e o pai chamou-lhe Er.
4 - Tornou ela a conceber e teve um filho, a quem ela chamou Onã.
5 - Teve ainda mais um filho, e chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o teve.
6 - Depois Judá tomou para Er, o seu primogênito, uma mulher, por nome Tamar.
7 - Ora, Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.
8 - Então disse Judá a Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita descendência a teu irmão.
9 - Onã, porém, sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência a seu irmão.
10 - E o que ele fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.
11 - Então disse Judá a Tamar sua nora: Conserva-te viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho, venha a ser homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai.
12 - Com o correr do tempo, morreu a filha de Suá, mulher de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a Timnate para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo, o adulamita.
13 - E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timnate para tosquiar as suas ovelhas.
14 - Então ela se despiu dos vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e assim envolvida, assentou-se à porta de Enaim que está no caminho de Timnate; porque via que Selá já era homem, e ela lhe não fora dada por mulher.
15 - Ao vê-la, Judá julgou que era uma prostituta, porque ela havia coberto o rosto.
16 - E dirigiu-se para ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo; porquanto não sabia que era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo?
17 - Respondeu ele: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda: Dar-me-ás um penhor até que o envies?
18 - Então ele respondeu: Que penhor é o que te darei? Disse ela: O teu selo com a corda, e o cajado que está em tua mão. Ele, pois, lhos deu, e esteve com ela, e ela concebeu dele.
19 - E ela se levantou e se foi; tirou de si o véu e vestiu os vestidos da sua viuvez.
20 - Depois Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o penhor da mão da mulher; porém ele não a encontrou.
21 - Pelo que perguntou aos homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao caminho? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
22 - Voltou, pois, a Judá e disse: Não a achei; e também os homens daquele lugar disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
23 - Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor, para que não caiamos em desprezo; eis que enviei este cabrito, mas tu não a achaste.
24 - Passados quase três meses, disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida da sua prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.
25 - Quando ela estava sendo tirada para fora, mandou dizer a seu sogro: Do homem a quem pertencem estas coisas eu concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são estes, o selo com o cordão, e o cajado.
26 - Reconheceu-os, pois, Judá, e disse: Ela é mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá. E nunca mais a conheceu.
27 - Sucedeu que, ao tempo de ela dar à luz, havia gêmeos em seu ventre;
28 - e dando ela à luz, um pôs fora a mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão, dizendo: Este saiu primeiro.
29 - Mas recolheu ele a mão, e eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse: Como tens tu rompido! Portanto foi chamado Pérez.
30 - Depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio encamado; e foi chamado Zerá.
Capítulo - 39
1 - José foi levado ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá.
2 - Mas o Senhor era com José, e ele tornou-se próspero; e estava na casa do seu senhor, o egípcio.
3 - E viu o seu senhor que Deus era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia.
4 - Assim José achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.
5 - Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo.
6 - Potifar deixou tudo na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. Ora, José era formoso de porte e de semblante.
7 - E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse: Deita-te comigo.
8 - Mas ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe o que está comigo na sua casa, e entregou em minha mão tudo o que tem;
9 - ele não é maior do que eu nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua mulher. Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra Deus?
10 - Entretanto, ela instava com José dia após dia; ele, porém, não lhe dava ouvidos, para se deitar com ela, ou estar com ela.
11 - Mas sucedeu, certo dia, que entrou na casa para fazer o seu serviço; e nenhum dos homens da casa estava lá dentro.
12 - Então ela, pegando-o pela capa, lhe disse: Deita-te comigo! Mas ele, deixando a capa na mão dela, fugiu, escapando para fora.
13 - Quando ela viu que ele deixara a capa na mão dela e fugira para fora,
14 - chamou pelos homens de sua casa, e disse-lhes: Vede! meu marido trouxe-nos um hebreu para nos insultar; veio a mim para se deitar comigo, e eu gritei em alta voz;
15 - e ouvigiu-se para ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me deixou, aqui a sua capa e fugiu, escapando para fora.
16 - Ela guardou a capa consigo, até que o senhor dele voltou a casa.
17 - Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio a mim para me insultar;
18 - mas, levantando eu a voz e gritando, ele deixou comigo a capa e fugiu para fora.
19 - Tendo o seu senhor ouvido as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Desta maneira me fez teu servo, a sua ira se acendeu.
20 - Então o senhor de José o tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os presos do rei estavam encarcerados; e ele ficou ali no cárcere.
21 - O Senhor, porém, era com José, estendendo sobre ele a sua benignidade e dando-lhe graça aos olhos do carcereiro,
22 - o qual entregou na mão de José todos os presos que estavam no cárcere; e era José quem ordenava tudo o que se fazia ali.
23 - E o carcereiro não tinha cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porquanto o Senhor era com ele, fazendo prosperar tudo quanto ele empreendia.
Capítulo - 40
1 - Depois destas coisas o copeiro do rei do Egito e o seu padeiro ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.
2 - Pelo que se indignou Faraó contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor;
3 - e mandou detê-los na casa do capitão da guarda, no cárcere onde José estava preso;
4 - e o capitão da guarda pô-los a cargo de José, que os servia. Assim estiveram por algum tempo em detenção.
5 - Ora, tiveram ambos um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam presos no cárcere:
6 - Quando José veio a eles pela manhã, viu que estavam perturbados:
7 - Perguntou, pois, a esses oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão os vossos semblantes tão tristes hoje?
8 - Responderam-lhe: Tivemos um sonho e ninguém há que o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura não pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 - Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, dizendo-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante de mim,
10 - e na vide três sarmentos; e, tendo a vide brotado, saíam as suas flores, e os seus cachos produziam uvas maduras.
11 - O copo de Faraó estava na minha mão; e, tomando as uvas, eu as espremia no copo de Faraó e entregava o copo na mão de Faraó.
12 - Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: Os três sarmentos são três dias;
13 - dentro de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo; e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 - Mas lembra-te de mim, quando te for bem; usa, peço-te, de compaixão para comigo e faze menção de mim a Faraó e tira-me desta casa;
15 - porque, na verdade, fui roubado da terra dos hebreus; e aqui também nada tenho feito para que me pusessem na masmorra.
16 - Quando o padeiro-mor viu que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos de pão branco estavam sobre a minha cabeça.
17 - E no cesto mais alto havia para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os padeiros; e as aves os comiam do cesto que estava sobre a minha cabeça.
18 - Então respondeu José: Esta é a interpretação do sonho: Os três cestos são três dias;
19 - dentro de três dias tirará Faraó a tua cabeça, e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.
20 - E aconteceu ao terceiro dia, o dia natalício de Faraó, que este deu um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no meio dos seus servos;
21 - e restaurou o copeiro-mor ao seu cargo de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó;
22 - mas ao padeiro-mor enforcou, como José lhes havia interpretado.
23 - O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.
Capítulo - 41
1 - Passados dois anos inteiros, Faraó sonhou que estava em pé junto ao rio Nilo;
2 - e eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no carriçal.
3 - Após elas subiam do rio outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas à beira do Nilo.
4 - E as vacas feias à vista e magras de carne devoravam as sete formosas à vista e gordas. Então Faraó acordou.
5 - Depois dormiu e tornou a sonhar; e eis que brotavam dum mesmo pé sete espigas cheias e boas.
6 - Após elas brotavam sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental;
7 - e as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou, e eis que era um sonho.
8 - Pela manhã o seu espírito estava perturbado; pelo que mandou chamar todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios. Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas não havia quem lhos interpretasse. Estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo vossos semblantes tão tristes hoje?
9 - Então disse o copeiro-mor a Faraó: Das minhas faltas me lembro hoje:
10 - Faraó estava muito indignado contra os seus servos, e entregou-me à prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro chefe.
11 - Então tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele, e cada sonho com sua própria interpretação.
12 - Estava ali conosco um moço hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhe os sonhos, e ele interpretou os nossos sonhos, a cada um interpretou conforme o seu sonho.
13 - E conforme a sua interpretação, assim mesmo aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e ele foi enforcado.
14 - Então Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair apressadamente da masmorra. Ele se barbeou, mudou de roupa e apresentou-se a Faraó.
15 - Disse Faraó a José: Eu tive um sonho e não há quem o interprete. Mas de ti ouvi dizer que, ouvindo contar um sonho, podes interpretá-lo.
16 - Respondeu José a Faraó: Isso não está em mim, mas Deus é que dará uma resposta de paz a Faraó.
17 - Então disse Faraó a José: Em meu sonho eu estava em pé à beira do rio Nilo,
18 - e subiam do rio sete vacas gordas e formosas à vista, e pastavam entre os juncos.
19 - Após elas subiam outras sete vacas, fracas, muito feias à vista e magras de carne, tão feias quais nunca vi em toda terra do Egito.
20 - As vacas magras e feias devoravam as primeiras sete vacas gordas.
21 - Mas depois de as terem consumido, não se podia reconhecer que as houvessem consumido; a sua aparência era tão feia como no princípio. Então acordei.
22 - Depois vi, em meu sonho, que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas.
23 - Após elas brotavam sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental.
24 - As sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, mas não houve quem o interpretasse.
25 - Então disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só. O que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.
26 - As sete vacas boas são sete anos, e as sete espigas boas também são sete anos; o sonho é um só.
27 - As sete vacas magras e feias que subiam após as primeiras, são sete anos, como as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental: são sete anos de fome.
28 - Esta é a palavra que eu disse a Faraó: o que Deus há de fazer mostro-o a Faraó.
29 - Vêm sete anos de grande fartura em toda terra do Egito.
30 - Depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra.
31 - Não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que seguirá; porquanto será gravíssima.
32 - Ora, se o sonho foi duplicado a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e ele brevemente a fará.
33 - Portanto, proveja-se agora Faraó de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.
34 - Faça isto Faraó: nomeie administradores sobre a terra, que tomem a quinta parte dos produtos da terra do Egito nos sete anos de fartura;
35 - e ajuntem eles todo o mantimento destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades e o guardem;
36 - assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 - Esse parecer foi bom aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.
38 - Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus?
39 - Depois disse Faraó a José: Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.
40 - Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu.
41 - Disse mais Faraó a José: Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito.
42 - E Faraó tirou da mão o seu anel-sinete e pô-lo na mão de José, vestiu-o de traje de linho fino, e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro.
43 - Ademais, fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Assim Faraó o constituiu sobre toda a terra do Egito.
44 - Ainda disse Faraó a José: Eu sou Faraó; sem ti, pois, ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do Egito.
45 - Faraó chamou a José Zafnate-Paneã, e deu-lhe por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Depois saiu José por toda a terra do Egito.
46 - Ora, José era da idade de trinta anos, quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
47 - Durante os sete anos de fartura a terra produziu com abundância;
48 - e José ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou nas cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, guardou-o dentro da mesma.
49 - Assim José ajuntou muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se podia mais contá-lo.
50 - Antes que viesse o ano da fome, nasceram a José dois filhos, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
51 - E chamou José ao primogênito Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai.
52 - Ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.
53 - Acabaram-se, então, os sete anos de fartura que houve na terra do Egito;
54 - e começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras; porém, em toda a terra do Egito havia pão.
55 - Depois toda a terra do Egito teve fome, e o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
56 - De modo que, havendo fome sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 - Também de todas as terras vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.
Capítulo - 42
1 - Ora, Jacó soube que havia trigo no Egito, e disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?
2 - Disse mais: Tenho ouvido que há trigo no Egito; descei até lá, e de lá comprai-o para nós, a fim de que vivamos e não morramos.
3 - Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.
4 - Mas a Benjamim, irmão de José, não enviou Jacó com os seus irmãos, pois disse: Para que, porventura, não lhe suceda algum desastre.
5 - Assim entre os que iam lá, foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na terra de Canaã.
6 - José era o governador da terra; era ele quem vendia a todo o povo da terra; e vindo os irmãos de José, prostraram-se diante dele com o rosto em terra.
7 - José, vendo seus irmãos, reconheceu-os; mas portou-se como estranho para com eles, falou-lhes asperamente e perguntou-lhes: Donde vindes? Responderam eles: Da terra de Canaã, para comprarmos mantimento.
8 - José, pois, reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram.
9 - Lembrou-se então José dos sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes: Vós sois espias, e viestes para ver a nudez da terra.
11 - Nós somos todos filhos de um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são espias.
12 - Replicou-lhes: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.
13 - Mas eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem da terra de Canaã; o mais novo está hoje com nosso pai, e outro já não existe.
14 - Respondeu-lhe José: É assim como vos disse; sois espias.
15 - Nisto sereis provados: Pela vida de Faraó, não saireis daqui, a menos que venha para cá vosso irmão mais novo.
16 - Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, a fim de serem provadas as vossas palavras, se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois espias.
17 - E meteu-os juntos na prisão por três dias.
18 - Ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; porque eu temo a Deus.
19 - Se sois homens de retidão, que fique um dos irmãos preso na casa da vossa prisão; mas ide vós, levai trigo para a fome de vossas casas,
20 - e trazei-me o vosso irmão mais novo; assim serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram.
21 - Então disseram uns aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é por isso que vem sobre nós esta angústia.
22 - Respondeu-lhes Rúben: Não vos dizia eu: Não pequeis contra o menino; Mas não quisestes ouvir; por isso agora é requerido de nós o seu sangue.
23 - E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.
24 - Nisto José se retirou deles e chorou. Depois tornou a eles, falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles, e o amarrou perante os seus olhos.
25 - Então ordenou José que lhes enchessem de trigo os sacos, que lhes restituíssem o dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem provisões para o caminho. E assim lhes foi feito.
26 - Eles, pois, carregaram o trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.
27 - Quando um deles abriu o saco, para dar forragem ao seu jumento na estalagem, viu o seu dinheiro, pois estava na boca do saco.
28 - E disse a seus irmãos: Meu dinheiro foi-me devolvido; ei-lo aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração e, tremendo, viravam-se uns para os outros, dizendo: Que é isto que Deus nos tem feito?
29 - Depois vieram para Jacó, seu pai, na terra de Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes acontecera, dizendo:
30 - O homem, o senhor da terra, falou-nos asperamente, e tratou-nos como espias da terra;
31 - mas dissemos-lhe: Somos homens de retidão; não somos espias;
32 - somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um já não existe e o mais novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã.
33 - Respondeu-nos o homem, o senhor da terra: Nisto conhecerei que vós sois homens de retidão: Deixai comigo um de vossos irmãos, levai trigo para a fome de vossas casas, e parti,
34 - e trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de retidão; então vos entregarei o vosso irmão e negociareis na terra.
35 - E aconteceu que, despejando eles os sacos, eis que o pacote de dinheiro de cada um estava no seu saco; quando eles e seu pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo.
36 - Então Jacó, seu pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não existe, e não existe Simeão, e haveis de levar Benjamim! Todas estas coisas vieram sobre mim.
37 - Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu to não tornar a trazer; entrega-o em minha mão, e to tornarei a trazer.
38 - Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza ao Seol.
Capítulo - 43
1 - Ora, a fome era gravíssima na terra.
2 - Tendo eles acabado de comer o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: voltai, comprai-nos um pouco de alimento.
3 - Mas respondeu-lhe Judá: Expressamente nos advertiu o homem, dizendo: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.
4 - Se queres enviar conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento;
5 - mas se não queres enviá-lo, não desceremos, porquanto o homem nos disse: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.
6 - Perguntou Israel: Por que me fizeste este mal, fazendo saber ao homem que tínheis ainda outro irmão?
7 - Responderam eles: O homem perguntou particularmente por nós, e pela nossa parentela, dizendo: vive ainda vosso pai? tendes mais um irmão? e respondemos-lhe segundo o teor destas palavras. Podíamos acaso saber que ele diria: Trazei vosso irmão?
8 - Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos e iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos filhinhos.
9 - Eu serei fiador por ele; da minha mão o requererás. Se eu to não trouxer, e o não puser diante de ti, serei réu de crime para contigo para sempre.
10 - E se não nos tivéssemos demorado, certamente já segunda vez estaríamos de volta.
11 - Então disse-lhes Israel seu pai: Se é sim, fazei isto: tomai os melhores produtos da terra nas vossas vasilhas, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel, tragacanto e mirra, nozes de fístico e amêndoas;
12 - levai em vossas mãos dinheiro em dobro; e o dinheiro que foi devolvido na boca dos vossos sacos, tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que fosse engano.
13 - Levai também vosso irmão; levantai-vos e voltai ao homem;
14 - e Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que ele deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.
15 - Tomaram, pois, os homens aquele presente, e dinheiro em dobro nas mãos, e a Benjamim; e, levantando-se desceram ao Egito e apresentaram-se diante de José.
16 - Quando José viu Benjamim com eles, disse ao despenseiro de sua casa: Leva os homens à casa, mata reses, e apronta tudo; pois eles comerão comigo ao meio-dia.
17 - E o homem fez como José ordenara, e levou-os à casa de José.
18 - Então os homens tiveram medo, por terem sido levados à casa de José; e diziam: por causa do dinheiro que da outra vez foi devolvido nos nossos sacos que somos trazidos aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, tanto a nós como a nossos jumentos.
19 - Por isso eles se chegaram ao despenseiro da casa de José, e falaram com ele à porta da casa,
20 - e disseram: Ai! senhor meu, na verdade descemos dantes a comprar mantimento;
21 - e quando chegamos à estalagem, abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos;
22 - também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o dinheiro em nossos sacos.
23 - Respondeu ele: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, deu-vos um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou-me às mãos. E trouxe-lhes fora Simeão.
24 - Depois levou os homens à casa de José, e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu forragem aos seus jumentos.
25 - Então eles prepararam o presente para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer.
26 - Quando José chegou em casa, trouxeram-lhe ali o presente que guardavam junto de si; e inclinaram-se a ele até a terra.
27 - Então ele lhes perguntou como estavam; e prosseguiu: vosso pai, o ancião de quem falastes, está bem? ainda vive?
28 - Responderam eles: O teu servo, nosso pai, está bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.
29 - Levantando os olhos, José viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e perguntou: É este o vosso irmão mais novo de quem me falastes? E disse: Deus seja benévolo para contigo, meu filho.
30 - E José apressou-se, porque se lhe comoveram as entranhas por causa de seu irmão, e procurou onde chorar; e, entrando na sua câmara, chorou ali.
31 - Depois lavou o rosto, e saiu; e se conteve e disse: Servi a comida.
32 - Serviram-lhe, pois, a ele à parte, e a eles também à parte, e à parte aos egípcios que comiam com ele; porque os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso abominação aos egípcios.
33 - Sentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si.
34 - Então ele lhes apresentou as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que a de qualquer deles. E eles beberam, e se regalaram com ele.
Capítulo - 44
1 - Depois José deu ordem ao despenseiro de sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.
2 - E a minha taça de prata porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. Assim fez ele conforme a palavra que José havia dito.
3 - Logo que veio a luz da manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus jumentos.
4 - Havendo eles saído da cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o mal pelo bem?
5 - Não é esta a taça por que bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que fizestes.
7 - Responderam-lhe eles: Por que falo meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.
8 - Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, to tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
9 - Aquele dos teus servos com quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.
10 - Ao que disse ele: Seja conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada será meu escravo; mas vós sereis inocentes.
11 - Então eles se apressaram cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a abri-lo.
12 - E o despenseiro buscou, começando pelo maior, e acabando pelo mais novo; e achou-se a taça no saco de Benjamim.
13 - Então rasgaram os seus vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.
14 - E veio Judá com seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele.
15 - Logo lhes perguntou José: Que ação é esta que praticastes? não sabeis vós que um homem como eu pode, muito bem, adivinhar?
16 - Respondeu Judá: Que diremos a meu senhor? que falaremos? e como nos justificaremos? Descobriu Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achada a taça.
17 - Disse José: Longe esteja eu de fazer isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu servo; porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.
18 - Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.
19 - Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 - E respondemos a meu senhor: Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino pequeno; o irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e seu pai o ama.
21 - Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.
22 - E quando respondemos a meu senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele deixasse o seu pai, este morreria;
23 - replicaste a teus servos: A menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a minha face.
24 - Então subimos a teu servo, meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor.
25 - Depois disse nosso pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento;
26 - e lhe respondemos: Não podemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.
27 - Então nos disse teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;
28 - um saiu de minha casa e eu disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho visto mais;
29 - se também me tirardes a este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com tristeza ao Seol.
30 - Agora, pois, se eu for ter com o teu servo, meu pai, e o menino não estiver conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele,
31 - acontecerá que, vendo ele que o menino ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai com tristeza ao Seol.
32 - Porque teu servo se deu como fiador pelo menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de volta, serei culpado, para com meu pai para sempre.
33 - Agora, pois, fique teu servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o menino com seus irmãos.
34 - Porque, como subirei eu a meu pai, se o menino não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.
Capítulo - 45
1 - Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei a todos sair da minha presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a seus irmãos.
2 - E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó.
3 - Disse, então, José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, pois estavam pasmados diante dele.
4 - José disse mais a seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 - Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós.
6 - Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
7 - Deus enviou-me adiante de vós, para conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
8 - Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito.
9 - Apressai-vos, subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim disse teu filho José: Deus me tem posto por senhor de toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;
10 - habitarás na terra de Gósem e estarás perto de mim, tu e os teus filhos e os filhos de teus filhos, e os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens;
11 - ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não sejas reduzido à pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.
12 - Eis que os vossos olhos, e os de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.
13 - Fareis, pois, saber a meu pai toda a minha glória no Egito; e tudo o que tendes visto; e apressar-vos-eis a fazer descer meu pai para cá.
14 - Então se lançou ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao pescoço dele.
15 - E José beijou a todos os seus irmãos, chorando sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele.
16 - Esta nova se fez ouvir na casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; o que agradou a Faraó e a seus servos.
17 - Ordenou Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã;
18 - tomai o vosso pai e as vossas famílias e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra.
19 - A ti, pois, é ordenado dizer-lhes: Fazei isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos meninos e para vossas mulheres; trazei vosso pai, e vinde.
20 - E não vos pese coisa alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.
21 - Assim fizeram os filhos de Israel. José lhes deu carros, conforme o mandado de Faraó, e deu-lhes também provisão para o caminho.
22 - A todos eles deu, a cada um, mudas de roupa; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupa.
23 - E a seu pai enviou o seguinte: dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas carregadas de trigo, pão e provisão para seu pai, para o caminho.
24 - Assim despediu seus irmãos e, ao partirem eles, disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 - Então subiram do Egito, vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai,
26 - e lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.
27 - Quando, porém, eles lhe contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo Jacó, seu pai, os carros que José enviara para levá-lo, reanimou-se-lhe o espírito;
28 - e disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.
Capítulo - 46
1 - Partiu, pois, Israel com tudo quanto tinha e veio a Beer-Seba, onde ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.
2 - Falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.
3 - E Deus disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali uma grande nação.
4 - Eu descerei contigo para o Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.
5 - Então Jacó se levantou de Beer-Seba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.
6 - Também tomaram o seu gado e os seus bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram para o Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele.
7 - Os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos, e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito.
8 - São estes os nomes dos filhos de Israel, que vieram para o Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó.
9 - E os filhos de Rúben: Hanoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10 - E os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher cananéia.
11 - E os filhos de Levi: Gérsom, Coate e Merári.
12 - E os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Pérez e Zerá. Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. E os filhos de Pérez foram Hezrom e Hamul,
13 - E os filhos de Issacar: Tola, Puva, Iobe e Sinrom.
14 - E os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.
15 - Estes são os filhos de Léia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha; todas as almas de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.
16 - E os filhos de Gade: Zifiom, Hagui, Suni, Ezbom, Eri, Arodi e Areli.
17 - E os filhos de Aser: Imná, Isvá, Isvi e Beria, e Sera, a irmã deles; e os filhos de Beria: Heber e Malquiel.
18 - Estes são os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Léia; e estes ela deu a Jacó, ao todo dezesseis almas.
19 - Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.
20 - E nasceram a José na terra do Egito Manassés e Efraim, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
21 - E os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gêra, Naamã, Eí, Ros, Mupim, Hupim e Arde.
22 - Estes são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas.
23 - E os filhos de Dã: Husim.
24 - E os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
25 - Estes são os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes deu ela a Jacó, ao todo sete almas.
26 - Todas as almas que vieram com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa, fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram todas sessenta e seis almas;
27 - e os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta.
28 - Ora, Jacó enviou Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.
29 - Então José aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen; e tendo-se-lhe apresentado, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.
30 - E Israel disse a José: Morra eu agora, já que tenho visto o teu rosto, pois que ainda vives.
31 - Depois disse José a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e informarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para mim.
32 - Os homens são pastores, que se ocupam em apascentar gado; e trouxeram os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que têm.
33 - Quando, pois, Faraó vos chamar e vos perguntar: Que ocupação é a vossa?
34 - respondereis: Nós, teus servos, temos sido pastores de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como nossos pais. Isso direis para que habiteis na terra de Gósen; porque todo pastor de ovelhas é abominação para os egípcios.
Capítulo - 47
1 - Então veio José, e informou a Faraó, dizendo: Meu pai e meus irmãos, com seus rebanhos e seu gado, e tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã e estão na terra de Gósen.
2 - E tomou dentre seus irmãos cinco homens e os apresentou a Faraó.
3 - Então perguntou Faraó a esses irmãos de José: Que ocupação é a vossa; Responderam-lhe: Nós, teus servos, somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
4 - Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para os rebanhos de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te permitas que teus servos habitem na terra de Gósen.
5 - Então falou Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;
6 - a terra do Egito está diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na terra de Gósen. E se sabes que entre eles há homens capazes, põe-nos sobre os pastores do meu gado.
7 - Também José introduziu a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
8 - Então perguntou Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
9 - Respondeu-lhe Jacó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus têm sido os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.
10 - E Jacó abençoou a Faraó, e saiu da sua presença.
11 - José, pois, estabeleceu a seu pai e seus irmãos, dando-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.
12 - E José sustentou de pão seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos.
13 - Ora, não havia pão em toda a terra, porque a fome era mui grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.
14 - Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.
15 - Quando se acabou o dinheiro na terra do Egito, e na terra de Canaã, vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos na tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.
16 - Respondeu José: Trazei o vosso gado, e vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.
17 - Então trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca dos cavalos, e das ovelhas, e dos bois, e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano em troca de todo o seu gado.
18 - Findo aquele ano, vieram a José no ano seguinte e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o nosso dinheiro está todo gasto; as manadas de gado já pertencem a meu senhor; e nada resta diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;
19 - por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra em troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; dá-nos também semente, para que vivamos e não morramos, e para que a terra não fique desolada.
20 - Assim José comprou toda a terra do Egito para Faraó; porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome lhes era grave em extremo; e a terra ficou sendo de Faraó.
21 - Quanto ao povo, José fê-lo passar às cidades, desde uma até a outra extremidade dos confins do Egito.
22 - Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham rações de Faraó, e eles comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado; por isso não venderam a sua terra.
23 - Então disse José ao povo: Hoje vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra.
24 - Há de ser, porém, que no tempo as colheitas dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento e dos que estão nas vossas casas, e para o mantimento de vossos filhinho.
25 - Responderam eles: Tu nos tens conservado a vida! achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.
26 - José, pois, estabeleceu isto por estatuto quanto ao solo do Egito, até o dia de hoje, que a Faraó coubesse o quinto a produção; somente a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.
27 - Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen; e nela adquiriram propriedades, e frutificaram e multiplicaram-se muito.
28 - E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; de modo que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
29 - Quando se aproximava o tempo da morte de Israel, chamou ele a José, seu filho, e disse-lhe: Se tenho achado graça aos teus olhos, põe a mão debaixo da minha coxa, e usa para comigo de benevolência e de verdade: rogo-te que não me enterres no Egito;
30 - mas quando eu dormir com os meus pais, levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás junto à sepultura deles. Respondeu José: Farei conforme a tua palavra.
31 - E Jacó disse: Jura-me; e ele lhe jurou. Então Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.
Capítulo - 48
1 - Depois destas coisas disseram a José: Eis que teu pai está enfermo. Então José tomou consigo os seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2 - Disse alguém a Jacó: Eis que José, teu olho, vem ter contigo. E esforçando-se Israel, sentou-se sobre a cama.
3 - E disse Jacó a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,
4 - e me disse: Eis que te farei frutificar e te multiplicarei; tornar-te-ei uma multidão de povos e darei esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua.
5 - Agora, pois, os teus dois filhos, que nasceram na terra do Egito antes que eu viesse a ti no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;
6 - mas a prole que tiveres depois deles será tua; segundo o nome de seus irmãos serão eles chamados na sua herança.
7 - Quando eu vinha de Padã, morreu-me Raquel no caminho, na terra de Canaã, quando ainda faltava alguma distância para chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a Efrata, isto é, Belém.
8 - Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: Quem são estes?
9 - Respondeu José a seu pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. Continuou Israel: Traze-mos aqui, e eu os abençoarei.
10 - Os olhos de Israel, porém, se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver. José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou.
11 - E Israel disse a José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua descendência.
12 - Então José os tirou dos joelhos de seu pai; e inclinou-se à terra diante da sua face.
13 - E José tomou os dois, a Efraim com a sua mão direita, à esquerda de Israel, e a Manassés com a sua mão esquerda, à direita de Israel, e assim os fez chegar a ele.
14 - Mas Israel, estendendo a mão direita, colocou-a sobre a cabeça de Efraim, que era o menor, e a esquerda sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as mãos assim propositadamente, sendo embora este o primogênito.
15 - E abençoou a José, dizendo: O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia,
16 - o anjo que me tem livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pois Abraão e Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio da terra.
17 - Vendo José que seu pai colocava a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isso desagradável; levantou, pois, a mão de seu pai, para a transpor da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés.
18 - E José disse a seu pai: Nãa assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a sua cabeça.
19 - Mas seu pai, recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele também será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência se tornará uma multidão de nações.
20 - Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Por ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim e como Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.
21 - Depois disse Israel a José: Eis que eu morro; mas Deus será convosco, e vos fará tornar para a terra de vossos pais.
22 - E eu te dou um pedaço de terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorreus.
Capítulo - 49
1 - Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos para que eu vos anuncie o que vos há de acontecer nos dias vindouros.
2 - Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; ouvi a Israel vosso pai:
3 - Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, preeminente em dignidade e preeminente em poder.
4 - Descomedido como a água, não reterás a preeminência; porquanto subiste ao leito de teu pai; então o contaminaste. Sim, ele subiu à minha cama.
5 - Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.
6 - No seu concílio não entres, ó minha alma! com a sua assembléia não te ajuntes, ó minha glória! porque no seu furor mataram homens, e na sua teima jarretaram bois.
7 - Maldito o seu furor, porque era forte! maldita a sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e os espalharei em Israel.
8 - Judá, a ti te louvarão teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos: diante de ti se prostrarão os filhos de teu pai.
9 - Judá é um leãozinho. Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e se deita como um leão, e como uma leoa; quem o despertará?
10 - O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence; e a ele obedecerão os povos.
11 - Atando ele o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira seleta, lava as suas roupas em vinho e a sua vestidura em sangue de uvas.
12 - Os olhos serão escurecidos pelo vinho, e os dentes brancos de leite.
13 - Zebulom habitará no litoral; será ele ancoradouro de navios; e o seu termo estender-se-á até Sidom.
14 - Issacar é jumento forte, deitado entre dois fardos.
15 - Viu ele que o descanso era bom, e que a terra era agradável. Sujeitou os seus ombros à carga e entregou-se ao serviço forçado de um escravo.
16 - Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.
17 - Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, de modo que caia o seu cavaleiro para trás.
18 - A tua salvação tenho esperado, ó Senhor!
19 - Quanto a Gade, guerrilheiros o acometerão; mas ele, por sua vez, os acometerá.
20 - De Aser, o seu pão será gordo; ele produzirá delícias reais.
21 - Naftali é uma gazela solta; ele profere palavras formosas.
22 - José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se estendem sobre o muro.
23 - Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e perseguiram,
24 - mas o seu arco permaneceu firme, e os seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o Pastor, o Rochedo de Israel,
25 - pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos dos céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos seios e da madre.
26 - As bênçãos de teu pai excedem as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros; sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos.
27 - Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá o despojo.
28 - Todas estas são as doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção.
29 - Depois lhes deu ordem, dizendo-lhes: Eu estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,
30 - na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, cova esta que Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o respectivo campo, como propriedade de sepultura.
31 - Ali sepultaram a Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e ali eu sepultei a Léia.
32 - O campo e a cova que está nele foram comprados aos filhos de Hete.
33 - Acabando Jacó de dar estas instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, expirou e foi congregado ao seu povo.
Capítulo - 50
1 - Então José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.
2 - E José ordenou a seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel.
3 - Cumpriram-se-lhe quarenta dias, porque assim se cumprem os dias de embalsamação; e os egípcios o choraram setenta dias.
4 - Passados, pois, os dias de seu choro, disse José à casa de Faraó: Se agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:
5 - Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar meu pai; então voltarei.
6 - Respondeu Faraó: Sobe, e sepulta teu pai, como ele te fez jurar.
7 - Subiu, pois, José para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,
8 - como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, os seus rebanhos e o seu gado.
9 - E subiram com ele tanto carros como gente a cavalo; de modo que o concurso foi mui grande.
10 - Chegando eles à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e forte pranto; assim fez José por seu pai um grande pranto por sete dias.
11 - Os moradores da terra, os cananeus, vendo o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim, o qual está além do Jordão.
12 - Assim os filhos de Jacó lhe fizeram como ele lhes ordenara;
13 - pois o levaram para a terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o heteu, em frente de Manre.
14 - Depois de haver sepultado seu pai, José voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que com ele haviam subido para sepultar seu pai.
15 - Vendo os irmãos de José que seu pai estava morto, disseram: Porventura José nos odiará e nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.
16 - Então mandaram dizer a José: Teu pai, antes da sua morte, nos ordenou:
17 - Assim direis a José: Perdoa a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal. Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.
18 - Depois vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis que nós somos teus servos.
19 - Respondeu-lhes José: Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?
20 - Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida.
21 - Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos. Assim ele os consolou, e lhes falou ao coração.
22 - José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.
23 - E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
24 - Depois disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
25 - E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os meus ossos.
26 - Assim morreu José, tendo cento e dez anos de idade; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.